Page 23 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990
P. 23
Rocha:
Empresários, os grandes
vilões da história
0 eng. Carlos Rocha, do grupo TDA e da Trop- dos do m ercado de Inform ática do País: cresceu ceiro. A indústria de inform ática é favorável a
pus, com cerca de 5 0 0 funcionários, fez uma seis vezes nos últimos 10 anos, atingindo um fa abertura da economia mas desde que pautada
análise do com plexo eletrônico com ênfase na turam ento de cerca de 5,1 bilhões de dólares por claras regras de estím ulo. Para ele,nosso
área de inform ática. Segundo o executivo, as li em 1 9 8 9 . Comparando a força de trabalho na in Complexo Eletrónico foi regido por uma política
nhas gerais do novo discurso do Governo Collor dústria de inform ática com o da indústria de trans convencional de portarias e acesso a insumos
sáo boas, houve grandes teses, mas não houve form ação em geral, disse o palestrante que a in estratégicos e. no caso da inform ática, por uma
ainda índices objetivos de sua aplicação. “ Hoje dústria de inform ática em prega mão-de-obra alta política não-convencional: a Lei de Reserva de
se acha que tudo que havia sido feito antes era m ente especializada: 2 4 ,8 % de nível superior e Mercado.
ruim e os empresários estão sendo vistos pelo 5 2 ,3 % de nível secundário. Carlos Rocha disse, ainda, que o problema
Governo com os grandes vilões da história, mas Segundo Carlos Rocha, o capital estrangeiro das TCs é equipar a planta, enquanto a Zona Fran
a verdade é que m uitas em presas estão entran não deve ser visto como Inimigo e sim como par- ca de Manaus, se ela tiver de com petir com a “ Zo
do em concordata", enfatizou o palestrante. na Franca de São Paulo", não lhe será m uito fá
Carlos Rocha falou dos três m odelos da ele cil. Para ele, acordos internacionais como os da
trônica de consumo, das telecom unicações e da Aladi e do G att precisam ser revistos.
informática. Em relação ao m odelo da eletrôni Carlos Rocha traçou, a seguir, seus conceitos
ca de consumo, ele com entou que a Zona Fran para uma nova política nacional de inform ática:
ca de Manaus criou um parque industrial, canais preservar a com petência brasileira: fortalecer a
de distribuição adequados e teve um balanço po empresa nacional (a que está aqui); e haver re
sitivo. Quanto às TCs, o m odelo foi im posto de gras claras e duradouras para a área de inform á
cima para baixo, atraindo o capital estrangeiro tica. Quanto a m icroeletrònlca, “ o Governo tem
para as indústrias e depois gerando sua própria de fazer como todo o resto do mundo: investir
tecnologia (CPqD). Em TCs, o Governo coordenou dinheiro grosso no setor, para ter acesso à tecno
seu poder de compra dentro de um m ercado mo- logia", fulminou o palestrante.
nopsônico. Por fim , Carlos Rocha sugeriu que deve ha
Prosseguindo, Carlos Rocha estendeu sua ver m aior flexibilidade na contratação de tecnolo
análise em relação ao m odelo de inform ática, ob gia para estím ulo ao desenvolvim ento local,além
jetivo principal de sua palestra. Ele m ostrou que de tarifas e tributos realistas, e coerentes, para
a inform ática, no Brasil, nasceu na década de cada segm ento do com plexo eletrónico. “ A infor
70, ao se perceber que o com putador era um m ática é a principal indústria deste final de sécu
dos três maiores Itens da pauta de Im portações. C a rlo s R o cn a : “ m u lta s e m p re s a s e m c o n lo e dentro de cinco anos ela poderá representar
0 orador apresentou, numa transparência, os da c o rd a ta " 3% do nosso PIB", concluiu o palestrante.
Bastos:
Um Brasil novo, num mundo novo
"A Integração do Complexo Eletrônico sob o ponto considerou como "falácias do caso brasileiro" os jargões do ao empresariado nacional. E exemplificou: "No caso
de vista da área de Telecomunicações" foi o tema esco apregoados de "Brasil diferente, mercado atraente e Bra da telefonia celular, que a Vlllares Control está Interessa
lhido pelo presidente da Vlllares Control S.A. — empre sil como oportunidade de novos lnv*tlmentos" e de que da, a alíquota de importação de produtos acabados é
sa em parceria com a Motorola norte-americana — Nel ele não seria afetado pelas crises internacionais. de 30%, ao passo que para a Importação de componen
son S. Bastos, que destacou na ocasião as mudanças Olhando para o futuro, o orador disse que os novos tes do mesmo produto paga-se muito mais".
que estão ocorrendo na América Latina, na Europa Oci Investimentos de fora para o Brasil deverão ser poucos. Ele acha que o empresariado brasileiro ainda mantém
dental, e previu o fim do chamado "Terceiro Mundo", já Ele argutnenta que quem deveria ou poderia vir — as gran o artificialismo dos anos 70. 0 papel do empresário de
que o "Segundo Mundo", constituído de países do Les des empresas — já vieram. As empresas de médio por ve ser pautado pela idéia de que as mudanças sáo Inevi
te Europeu, tudo indica que passará a fazer parte do "Pri te, com alta tecnologia, não virão se Instalar no País, prog táveis e que seu comportamento deve ser de um agen
meiro Mundo", após a liberalização da economia propos nosticou o palestrante. Mas tudo está confuso: a liberali te independente da ação do Governo, tendo como desa
ta por Mlkhall Gorbatchev desde o início de sua Perlstrolka. zação das importações permite comprar equipamentos, fio a sua própria sobrevivência. "A liberalização de nos
0 palestrante fez uma comparação do Brasil em como é o caso do sistema "trunking", porém o uso do so resíduo cultural também deverá levar em conta a res
duas épocas: AC/DC, explicando, com Ironia, este signifi espectro não está ainda liberado para essa aplicação. ponsabilidade coletiva", concluiu Nelson Bastos.
cado: "Antes e depois do Collor". Para ele, as mesmas Segundo Nelson Bastos, a solução será a da parceria du
coisas estão acontecendo no mundo inteiro. Está haven radoura entre empresas brasileiras e estrangeiras.
do uma queda de barreiras entre mercados, entre fron 0 palestrante disse ainda que o discurso do presiden
teiras e entre tecnologias do complexo eletrônico, incluin te Collor é bastante claro, mas existem dois problemas
do automação. A própria mídia internacional está se in para sua aplicação: a falta de um critério uniforme e as
ternacionalizando, como é o caso da televisão e das re diferenças que ocorrem entre a prática e o discurso. E
vistas de abrangência mundial, enquanto diferentes ser deu como exemplos: a telefonia celular ficou só no dis
viços de TCs e informática, entre outros, estão transce- curso; a transmissão de dados continua com a Embratel;
dendo as fronteiras nacionais. e os satélites domésticos só tèm 60% de sua capacida
Nelson Bastos acrescentou que está havendo Integra de utilizada. "Há uma grande demanda - acrescentou
ção entre tecnologias, bem representadas pelo tema do — mas não se liberaliza o acesso ao satélite".
painel 4C + A. Na área de telefonia, por exemplo, está Por outro lado, Nelson Bastos chamou a atenção pa
havendo aceitação do hardware vindo de fora e que o va ra o privilégio dos governos estaduais e federal poderem N e lso n B a s to s : “ AC /D C é a n te s e d e p o is
lor do software está caindo. Mais adiante, o executivo Importar produtos livres de tarifas, o que não é permiti do C o llo r”