Page 24 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990
P. 24
Blatt:
Microeletrônica é cara, complicada e indispensável
“ O domínio da m icroeletrônica é indispensá por exem plo o televisor japonês integrado no chip. são baixos, mas os encargos altos; a infra-estru
vel para alavancar o Complexo Eletrônico brasi Victor B latt disse que estam os passando por tura é deficiente; há dicotomia entre Universida
leiro e dar-lhe estatura internacional para com pe um período de m udança e de esperança, em que de e o m eio industrial; os pacotes econômicos
tir nos nichos que lhe aprouver” , form ulou Victor há desejo de inserção no m ercado m undial, a tra perturbam ; não temos alguns insumos e a indús
B latt, diretor da Sid M icroeletrônica, para quem vés da abertura do m ercado, mas que, no seu tria de m icroeletrônica precisa saber o que que
isto só será alcançado com forte vontade políti entender esta deve ser gradual e não p recip ita rem as de inform ática e telecomunicações A-
ca e m uito investim ento tal com o fizeram países da para não criar desem prego industrial. Como brir desabridam ente seria verdadeiro suicídio
desenvolvidos. Ele citou a Europa como exem plo nosso m ercado interno não tem escala, apresen avisou Victor Blatt, lembrando que a Comunida
de projetos (Eureka, Esprit, Jessi), esforço de pa ta problem as distribultivos na renda e tem os re de Com um Européia levou 35 anos para se tor
dronização e incentivos para criar sua m icroele cursos lim itados para im portar insumos, a ab ertu nar realidade.
trônica. No Brasil, chegou-se a duas em presas ra para o exterior terá que ser cuidadosa para Referindo-se ao segmento da mícroeletróni-
(grupos Sid e Itaú), em pregando cerca de 1.5 não cair na "argentinização” do Brasil — isto é, ca, m ostrou o conferencista que ele movimenta
m il engenheiros cada, m as cuja produção está abertura sem exportação. m undialm ente 6 0 bilhões de dólares anuais e
m ulto aquém das necessidades de um com ple Exam inando as dificuldades com parativas que sua tecnologia continua em progresso. A ca
xo eletrónico brasileiro, autónom o e exportador. do Brasil, expôs o conferencista: nossos salários da nova geração de memórias (tomadas com
Victor B latt propôs para a criação efetiva de base), que ocorre a cada 3, 4 anos. quadruplica
uma m icroeletrônica no País: concentração do a sua capacidade, hoje em torno de 16 Mbit e ru
esforço tecnológico governam ental (CPqD e CTI), mo a 1 Gbit, no ano 2000. A cada nova geração
form ação dé recursos humanos, com participa a densidade (transistores por área) cresce de 2.8
ção da Indústria e Incentivos (menores alíquotas vezes, o tam anho da célula de 0,6 e o do cristal
para insumos im portados para m icroeletrônica de 1,4 vezes. Os microprocessadores, sem faiar
e m enor IPI). de Instruções reduzidas, estão, hoje, na faixa
Dentro do m odelo, preconizado pelo executi de 1 m ilhão de transistores e com velocidades
vo, está o de transform ar, graças ao suporte da de dezenas de Mips (milhões de instruções por
m icroeletrônica (o chlp está virando o próprio segundo) e rumam para 100 milhões de transisto
equipam ento), nosso com plexo eletrónico de sim res e centenas de Mips.
ples produtor para o m ercado Interno e im porta M as existem lim ites para o crescimento da
dor de insumos para exportador. Ele citou trés m icroeletrônica: custos saturados em tecnologia
nichos em que o País poderá com petir lá fora de 0 .2 , (vide Telebrasil M/A 83 p. 59); limite óti
com algum a adaptação dos produtos: autom ação co da litografia (0,1 um) e outros mais. Os inves
bancária, com ercial e as centrais digitais Trópi tim entos m ensais são da ordem de 210 milhões
co. Alertou, porém , o conferencista que o dom í de dólares para memórias de 16 Mbit (e crescem
nio da tecnologia terá que ser baseado em chips exponencialm ente com a capacidade) e o merca
dedicados sem os quais "não haverá possibilida do está saturado (serão 16 kbit per-capita no
de do com plexo eletrônico brasileiro com petir, ano 2 0 0 0 ). "País que entra em microeletrônica
Internacionalm ente. É no chlp que reside aquele V ic to r B la tt: “ N u m a m a q u in e ta d e s ta a q u i, — e há que entrar — tem que entrar para valer'
algo m ais da com petição Internacional, como ca b o to d o u m d ic io n á rio " finalizou o palestrante.
Mangeis:
País compete em automação industrial
Mathias Mangels, diretor da Maxltec, mostrou os pro que para ser economicamente viável uma indústria preci Para Mathias Mangels, o BNDES precisará dar maior
gressos feitos pela indústria da automação industrial e sa ter "vantagem competitiva” (economia de escala, de apoio ao segmento da automação Industrial, para mar-
que ela já pode até competir internacionalmente em cer Insumos, de despesas com recursos humanos e Infra-es tê-lo competitivo. Outro problema a ser resolvido é o da
tos "nichos” específicos. Fruto dos segmentos de Instru trutura nacional e fiscal), além de apresentar avanços escassez de recursos humanos treinados, princlpalmeo-
mentação e da petroquímica, dos anos 70. a automação nas fronteiras da tecnologia. O Brasil, porém, faz apenas te no setor de técnicos de nível médio e de engenheiros
Industrial representa hoje, no Brasil, um faturamento de mil comandos numéricos por ano, ao passo que o Japão proficientes em hardware e software. "Mesmo assim, du
400 milhões de dólares anuais, tanto em automação de está na faixa dos 60 mil. 0 forte do mercado doméstico rante os dez anos de relativa proteção da Lei de Informá
processos contínuos, quanto em manufatura (CAD/CAM). para automação Industrial — a Indústria de bens de capi tica, nosso segmento de automação industrial conseguiu
tal — sofreu com a crise econômica. Já o setor de má desenvolver capacitação tecnológica em hardware ^soft
0 perfil da Indústria da automação Industrial é forma
quinas-ferramentas vem se automatizando e a perspecti ware que lhe permitirá ser competitivo, Intemacionalmen-
do de pequenas e médias empresas (PMEs) — 200 a 300
vas de negócios são boas. te em algumas linhas de produtos tais como: Comandos
funcionários - que foram absorvendo tecnologia de hard
Dentre os problemas enfrentados pelo segmento da Numéricos Computadorizados (CNC), Single Loop (para
ware e software de várias fontes, além de formarem
automação Industrial, citou o palestrante: indefinição controle de processos), Data Loggers (aquisição de da
seus próprios recursos humanos. Sobre o dilema — Im
quanto à aplicação da Lei de Informática e quanto ao Pla- dos), Sistemas Digitais de Controle Distribuído (SDCD
portar ou fabricar localmente - Mathias Mangels reco
nln II; perspectivas de uma recessão econômica demora Controladores de Lógica Programável (CLPs), dentre ou
mendou que "devemos nos concentrar no que somos in-
da; Insumos com custos entre duas a três vezes maiores tros”, afirmou o executivo.
ternaclonalmente competitivos”. Queixou-se, porém, o
que os praticados internacionalmente, Inclusive os de
executivo do custo dos Insumos, que aqui são mais ca
microeletrônica,que representam 20% do custo do produ Referindo-se a um aspecto cultural da automação t
ros do que lá fora e que é preciso haver decisão urgen
to acabado; falta escala de produção para justificar pro dustrlal, em nosso melo, mencionou Mathias Mangeis
te para barateá-los, a fim de que segmentos como o da
dutos especiais de microeletrônica; e necessidade de que. por ora. "a automação industrial é ainda utiiizad-3
automação Industrial, possam permanecer Internacional-
manter entre duas a duas vezes e mela mais capital de pelas empresas muito mais como show^oom. do que co
mente competitivos.
giro do que lá fora, devido a Importações lentas e sazo- mo uma ferramenta industrial para melhorar sua produti
Equacionando a situação do setor, Mangeis lembrou nalidade do nosso mercado. vidade".