Page 19 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990
P. 19
XXI Painel Telebrasil
Integração das Políticas do
Complexo Eletrônico
São Paulo-SP (18 e 19.10.90)
O XXI Painel Telebrasil teve como tema a "Integração debater, neste momento crítico da conjuntura nacio
das Políticas do Complexo Eletrônico”. A expressão nal e internacional, para onde caminha "nosso” Com
4C + A define sinteticamente uma mistura de compo plexo Eletrônico. Como pano de fundo, os temas da
nentes — vale dizer microeletrônica — comunicações, abertura para o exterior (afeta a indústria), da desre-
computadores, consumo (segmento da eletrônica gulamentação dos serviços (afeta o monopólio) e da
de...) e mais automação que constituem o complexo crise econômica (afeta a todos nós, usuários). As tele
eletrônico. Durante dois dias, no auditório do Centro comunicações não são mais uma ilha isolada e sim
de Triagem da ECT, em São Paulo, especialistas (ege- parte integrante do Complexo Eletrônico — o que tu
neralistas) estiveram unidos por interesse comum: do modifica.
Piragibe:
Modelo Industrial é da Abertura para o Exterior
A Assessora do Diretor do D epartam ento da bem como a partir da criação da comissão per Brasil é llberallzante, mas que sua im plem enta
Indústria e Comércio do M inistério da Economia, m anente de apoio à capacitação tecnológica da ção deverá ser dosada de acordo, dentre outros,
Clélla Piragibe, expôs em sua palestra no XXI Indústria (MEFP, MEC, SCT). com o problema da dívida externa, mas que não
Painel Telebrasil “as linhas m estras da Política De acordo com Clélla Piragibe, o Governo de há outra alternativa para o País além da abertu
Industrial e de Comércio Exterior do Governo Col- ve sem pre ouvir o que tem a dizer a sociedade ra para o exterior.
lor“ . Ela enfatizou a necessidade da com petitivi e em especial o usuário, que terá “ papel crescen No caso da m icroeletrônica, base do com ple
dade entre as em presas nacionais dentro dos pa te ". Ainda que levando em conta a questão cultu xo eletrónico — juntam ente com o softw are —
râmetros de substituição das Im portações. A es ral brasileira, será necessário redefinir novos pa o enfoque protecionista, adotado por governos
tratégia política será passar de um sistem a de péis para o Governo e para a em presa privada. anteriores, Inibiu sua Im plem entação, que corre
proteção à reserva de m ercado para um siste Adm itindo que “ governar é adm inistrar confli “há mais de quinze anos." Havia rivalidade entre
ma de proteção tarifária. tos" e respondendo à pergunta de Ludgero Patta- capitais estrangeiro e nacional, fator agora supe
Segundo Célia Piragibe, a recom endação do ro, da Plrelll,sobre que m edidas concretas foram rado. Será até mesmo necessário que o Brasil
Governo é dar prioridade à educação, adotando- tom adas para abertura da econom ia, ela ponde utilize de habilidade para adquirir novas tecnolo
se para isso a estratégia de capacitação tecnoló rou que a proposta que está sendo adotada no gias do exterior, cuja disponibilidade é cada vez
gica, além da decisão política do Presidente Col- mais escassa.
lor de aplicar recursos financeiros (1 ,4 % do PIB) A preocupação governam ental tem sido no
em Ciência e Tecnologia até 1 9 9 4 . Hoje, esses sentido da redução das tarifas para im portação
recursos não ultrapassam 0 ,5 % do PIB. Ela con de Insumos e produtos, chegando-se a três ní
firmou o que já havia dito a M inistra da Econo veis: alíquota zero (ausência total de proteção),
mia, Zélla Cardoso de M ello, sobre a existência alíquota de 2 0 % (proteção para a m édia dos pro
de três patam ares nas alíquotas tarifárias de im dutos), alíquota de 4 0 % (para os segm entos
portação, que vão de 5 a 4 0 % , com nível m édio mais carentes de proteção) e alíquotas maiores,
de 20% . A alíquota zero será aplicada para cer só para situações excepcionais. Reuniões como
tos produtos não fabricados no Brasil. Também a do Conin (Conselho Nacional de Inform ática)
será utilizado o poder de com pra do Estado co servirão para balizar Insumos e produtos a serem
mo medida de proteção à indústria nacional. mais ou menos protegidos.
A palestrante m ostrou um a tabela na qual Em suma, o objetivo da política industrial e
se explicava que, no Brasil, a ênfase é dada ao de com ércio exterior do novo Governo é, na defi
setor de ciência, enquanto no estrangeiro o pre nição da palestrante, “ aum entar a eficiência da
domínio é o da tecnologia. Outro ponto e n fa tiza produção e com ercialização de bens e serviços,
do por Clélla Piragibe foi relativo à participação m ediante a m odernização e reestruturação da In
do setor privado brasileiro nas atividades de P&D. dústria, contribuindo para a m elhoria da qualida
No Brasil, apenas 11% corre por conta da inicia de de vida da população brasileira". 0 papel do
tiva privada, ao passo que no exterior este per Estado passará de financiador a artlculador da
centual já atinge entre 3 0 e 7 0 % . A ação do Es Infra-estrutura e as fases de substituição de Im
tado em ciência e tecnologia se fará sentir a tra portações, bem como de im plantação da indús
vés de agências financeiras Integradas (única), tria são agora letra m orta.