Page 47 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984
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DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO
P a i n e l I I — D e b a t e s
Os Debates deste Painel II re mento entra em operação já recebeu a do em logicial Mesmo que se queira contra
velaram as grandes transforma cumentação e o treinamento necessários. tar pessoal de alto nível em logicial, tem-se
Norberto da Silva (Embratel) — Temos al- dificuldade. Não existe curso de 5 anos a
ções que estão ocorrendo na
guma dependência externa de componen nível universitário de engenharia de infor
tecnologia dos equipamentos tes e peças para manutenção dos equipa mática (o ITA está criando alguma coisa).
de telecomunicações e que es mentos? Hoje, quem trabalha na área, são pessoas
M. Hering — Ao adquirir equipamentos, que estudaram algo e depois desvirtua
tão obrigando as empresas sempre o fazemos com sobressalentes su ram. Até para aceitar equipamento fica di
operadoras a modificar métodos ficientes para um certo numero de anos e, fícil. Seria ocaso de estabelecer, a nível de
tradicionais e a reciclar “a to levando em conta sua obsolescência tec grupo Telebrás, centros de logicial?
nológica. já prevemos novos cartões com M. Hering — Concordo que ainda estamos
que de caixa” os recursos hu
pinos e conectores compatíveis. apagando o fogo. Está muito difícil. Há
manos. Não resta dúvida de que S. Kraemer — Operamos uma central CPA cinco anos vinha quase tudo pronto e se
o pe rfil do técnico que fará desde 75 (foi uma PRX) e não tivemos pro discutia 5 a 10% do contrato. Hoje temos
blemas de componentes. Com as centrais que pegar o pessoal da gerência de contra
frente aos novos desafios que já novas, os cartões têm sido remetidos a fá to, levá-los para a fábrica ou a indústria e
chegaram incluirá em sua baga brica (Ericsson) para reparos e não temos na hora da implantação discutir, não mais
gem dois conhecimentos bási tido problemas. Lembramos ainda que te 10% do que recebemos, massim 90%, do
mos antigas centrais “ passo-a-passo” fun porque mudou isto, mudou aquilo.
cos: o da eletrônica digital e o cionando com peças produzidas no Brasil. Temos engenheiros analógicos que não
do logicial. querem mudar para digital. Estamos fa
zendo tudo para dar oportunidade ao pes
soal aprender e mexer com microprocessa
dores, que estão em tudo quanto é lugar.
Gerson Rodrigues (Telerj) — Como a Telerj Mas é insuficiente.
e a Embratel se organizaram frente às no “A situação é crítica pois S. Kraemer — De fato, o logicial nos dá um
vas mudanças tecnológicas? Houve inves não temos massa de “ baile” : é um negócio que leva um tempo
timento prévio no homem, ou as mudanças danado para desenvolver e ao final não dá
ocorreram em decorrência do conflito diá gente com conhecimentos certo, e quando termina normalmente tem
rio com as novas tecnologias (fibras óticas, suficiente nas áreas a fase de debugagem (acertamento) que
comutação temporal)? digital e de logicial. ” dura o resto da vida. É complicado real
Sérgio Kraemer (Telesp) — O ideal seria mente.
(Norberto Coelho da Silva)
estar 100% preparado para absorver novas A Telesp tem-se preocupado em criar o
tecnologias, mas devido a velocidade com Centro de Logicial para formara massa crí
que as coisas acontecem, nem sempre isto tica de pessoas necessárias. Desenvolve
e possível, e essa adaptação acontece de mos também um curso por correspondên
maneira gradual. Desde a fase de especifi cia de técnicas digitais para toda a empre
cações, a empresa principia a aprender. sa e os resultados são aTiimadores.
Não se teve grandes dificuldades em R. Duque Estrada (Telerj) — Quando pas
operar e manter as CPAs, embora não se N. C. Silva Foi dito que as empresas de samos da tecnologia de Centrais Telefôni
tenha ainda o conhecimento total do hard vem ter um corpo m ínim o de pessoas cas "passo-a-passo” para a de barras cru
ware (equipamento) e do software (logi (massa crítica) com conhecimento das no zadas, houve também impacto. À seme
cial). vas tecnologias. O ideal seria que os enge lhança da Telesp reciclamos o pessoal
No caso do videotexto, adquirimos há nheiros das empresas de TCs tivessem tido através de treinamento domiciliar que é
dois anos um pacote fechado e nosso pes um curso universitário em técnica digital, com pletado com provas de aproveita
soal aprendeu do instalar o sistema. Pos o que não é verdade. Hoje fala-se muito em mento e experiência em laboratório. Esta
teriormente mandamos pessoas estagia logicial e eu dividiria a vida das operadoras mos também partindo para a implantação
rem fora, e hoje temos muita gente capaci em três fases: a do equipamento analó de um Centro de Logicial e procuramos de
tada. Resumindo: é preferível ter tudo pre gico, a passagem do analógico para o digi finir qual o perfil do engenheiro que tem o
parado antes, mas não é o que acontece na tal e a fase atual do equipamento digital in “ cacoete” para a área de software. Pro
prática devido a velocidade dos fatos. tegrado ao seu logicial. curamos dividir o pessoal entre instrumen
Manfredo Hering (Embratel) Desde o A formação basica do pessoal é analó tal (hardware) e logicial (software) e não
Transdata, quando fomos mais ou menos gica e treinada a “ toque de caixa” toda mais entre computação e transmissão,
surpreendidos com uma nova tecnologia, uma massa de pessoas em técnicas digi como antigamente, o que levará a uma
nos preparamos para os novos sistemas tais. Houve cursos intensivos em micro nova estrutura da organização.
que entrariam em operação, como o Ren- processadores e pessoas por conta própria G. Rodrigues — Vimos que há grande preo
pac (e outros 205 projetos). Há uma ati também estudaram. A situação hoje é crí cupação quanto ao domínio de novas tec
tude de desenvolvimento de projetos per tica: 90% dos equipamentos são digitais e nologias, inclusive a de logicial, que uma
meando toda a empresa O pessoal ao tra usam logicial. revista da Marconni chama de “ magia ne
balhar nesses projetos adquire nova visão, Por que a situação é crítica? Há uma ne g ra ” . Como d o m in a r essas novas
novos conhecimentos, e quando o equipa cessidade urgente de desenvolver pessoal tecnologias? ?