Page 50 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984

DESENVOLVIMENTO

TECNOLOGICO

em escolher o que deve ser efetuado via lo- telefônicos“ , que não e a capacidade má­
A seguir mostrou o conferencista as
giciat e via circuito físico que recai no capí­ xima real da fibra. Para ele, “ a indústria, o vantagens do tripé, a seu ver extrema­

tulo de “ como gerenciar sistemas comple­ centro de pesquisa e a universidade dão ao

xos” . E o conferencista advertiu: país total capacitação de industrialização mente saudável do modelo brasileiro que é

— O principal para a empresa opera­ e de atualização tecnológica", o que se constituído pela Unicamp (pesquisa bá­
sica e geração de RH), CPqD (Pesquisa

dora é a obtenção de excelência em enge­ deve ao fato do país ter ingressado nessa

nharia de sistemas, ao invés da preocupa­ área quando a tecnologia ainda era recente Aplicada) e ABC-Xtal (Escala Industrial) e
que envolve cerca de 80 especialistas bra­
ção com o logicial da central que, afinal, (a 1 .a fibra em laboratório data de 1970). sileiros altamente treinados que viabili­

constitui a essência a ser dominada pelo — Com o CPqD da Telebrás levando o zam todo o processo a nível de qualidade

fabricante. projeto para a fase de industrialização em internacional.

Projetando uma das transparências que 1983, a fibra óptica começou a ser produ­

o acompanharam durante sua palestra, o zida industrialmente, a partir deste ano, Produção Industrial

diretor de tecnologia da Ericsson exempli­ pela ABC-Xtal, em sua fabrica de Campi­

ficou com o projeto KS Digital (Digivox), o nas, SP, construída em seis meses, ao lado Ao analisar a posição da ABC-Xtal, Leal

que entendia por sinergia: do CPqD, disse o palestrante. disse que a planta fabril tem a capacidade

— No caso do Digivox, utilizou-se a De acordo com Leal, nos últimos nove inicial para 2 mil km/ano de fibra, que e a

concepção mecânica do AXE 10 (tecnolo­ anos o projeto atravessou uma série de eta­ demanda solicitada pela Telebrás, mas

gia transferida), o processador do bilheta- pas, desde o seu início na Universidade de que poderá alcançar 6 mil km/ano no que

dor TTm’ (desenvolvido com a Embratel), Campinas, “ onde só havia vontade e apoio diz respeito à infra-estrutura das instala­

circuitos do KS eletromecánico. logicial do financeiro e político da Telebrás", até o ções.

sistema multiestação, etc... E num levan­ contrato com a ABC-Xtal, “ que já esta ini­ Falando da experiência estrangeira, o

tamento que fizemos (não “ chutamos"
ciando trabalhos de aprimoramento tec­ palestrante citou a larga utilização das fi­
apenas para embelezar a palestra), se o
nológico no que diz respeito à produção in­ bras ópticas no Japão (30 mil km instala­
projeto fosse feito, a partir do zero, teria
dustrial". Segundo o palestrante, existe dos) e nos Estados Unidos (300 mil km).

um valor intrínseco de 15 mil homens/dia
uma série de fatores para otimização da Neste último país, afirmou ter visitado um

ou Cr$ 2,5 bilhões. Já com o emprego de
produção, dentre eles o desenvolvimento sistema de 144 fibras com mil quilômetros

partes desenvolvidas anteriormente, no
da fibra monomodo pelo CPqD, com pro­ de extensão, e disse que o primeiro cabo

valor de 6,6 homens/dia, gastou-se muito dução a ser feita pela ABC-Xtal Componen­

menos. transatlântico óptico, ligando New Jersey
tes e Materiais Eletrônicos S.A. (EUA) à Escócia (RU), já está 80% contra­

— Isso é sinergia e mostra que o grande
tado, já se falando de outro enlace sub­
vilão da história, a transferência de tec­

nologia, pode se transformar em ajuda ao Fibra Óptica Nacional marino para o Pacífico, entre Estados Uni­
dos e Japão.
desenvolvimento local - concluiu Oliveira

Machado. Quase ao término de sua apresentação,
Tendo chefiado todas as partes do pro­ o conferencista, auxiliado pela projeção de

jeto, o pamelista afirmou que “ na verdade, diapositivos, mostrou em primeira mão de­

José Mauro, da ABC-Xtal ninguém compra tecnologia” , ela é alu­ talhes da instação do enlace em fibra óp­

gada caso não se tenha capacidade interna tica feito na CTBC, em Uberláncia, com fi­

— A engenharia de TCs existe há muito para desenvolvê-la, mas que "isso não foi

tempo e continuara sempre à procura de necessário, no caso da fibra óptica” . Com bra da ABC-Xtal, cabo óptico de 12 pares

sistemas cada vez mais eficientes. Há uns um corpo técnico restrito, a ABC-Xtal tem

100 anos, a idéia de utilizar ondas de luz pessoal de altíssimo nível, com treina­

como meio de comunicação, ja havia sido mento específico, onde técnicos e geren­

iniciada e o próprio Graham Bell patenteou tes sabem o que fazer, motivo pelo qual em

o foto-fone logo depois do telefone. seis meses “ saímos de um pasto de gado

Com estas afirmações, o engenheiro para uma fábrica de alta tecnologia de 15

pesquisador J. M. Leal da Costa, Diretor mil metros quadrados” .

Técnico da ABC-Xtal, iniciou a segunda Explicou José Mauro que a tecnologia

palestra do dia 28 sob o tema “ Fibra Óp­ aplicada na ABC-Xtal e feita em duas eta­

tica“ .
pas: a preparação do bastão de vidro (e ad­

Constatando que o Brasil foi um dos pri­ quirido no exterior) e o puxamento da fibra

meiros países a iniciar o trabalho com fibra óptica numa máquina que exigiu 5 mo­

óptica no mundo (em 75 na Unicamp e 78 delos até se chegar a uma fibra de quali­

no CPqD), o conferencista fez breve relato dade internacional, o que o levou a comen­

sobre a comunicação óptica, partindo de tar que “ é preciso botar a mão num proble­

seus três componentes básicos o emissor ma para aprender” .

de luz, a fibra e o detector, ressaltando a Ao analisar o modelo de desenvolvi­

precisão que deve ter uma fibra para trans­ mento tecnológico que foi adotado, desta­

portar uma média de 400 milhões de pul­ cou o conferencista os 5 pontos funda­

sos por segundo, sem deformá-los Expli­ mentais para seu sucesso-, domínio da tec­

cou a seguir o processo de conversão ópti- nologia; pessoal qualificado (fundamen­

co-eletrômco atualmente em uso, mencio­ tal); capacitação para o aprimoramento

nando a com utação puram ente óptica tecnológico; industrialização por grupo

sendo desenvolvida no exterior empresarial forte (para resistir às pressões Engenheiro Luiz de Oliveira Machado, Diretor

Mauro Leal afirmou que a fibra desen de outros grupos) e mercado controlado de Tecnologia da Ericsson do Brasil.

volvida pela Telebrás segue as especifica­ por instituição brasileira envolvida no pro­

ções mundiais e ' transmitirá 480 canais cesso.