Page 42 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984
P. 42

DESENVOLVIMENTO


                                                                                        TECNOLÓGICO













                                                                                                                          P a i n e l   I  —   D e b a t e s
























                             Os  Debates  do  Painel  I  trou­                                                                                   queremos alcançar será  obtido  por  inter­                                                                            T. Pacciti: Sim.  É bom inclusive que o pes


                                                                                                                                                 médio de um processo educativo bem ori­                                                                                soai  universitário se mescle com o desen­
                    xeram  a  visão  dos  Centros  de
                                                                                                                                                 entado,  que nos permitirá queimar as eta­                                                                             volvimento industrial,  tal como ocorre nos

                     Pesquisa  Tecnológicos,  in ­                                                                                               pas de que precisamos.                                                                                                 Estados  Unidos.  Aqui  ainda  há certa rea-




                     cluindo o CPqD,  e também a vi­                                                                                             H.  Santoro (CTEx):  Gostaria de destacar o                                                                            çáo ao processo,  mas seria muito bom que


                                                                                                                                                 papel do lider, capaz de fazer previsões na                                                                            a juventude acadêmica participasse do de­
                     são  do  desenvolvim ento  tec­

                                                                                                                                                 área de tecnologia.  É o caso do Brig. Casi-                                                                           senvolvim ento  de  pequenas empresas,

                     nológico  no  terreno  militar,  do                                                                                         miro  Montenegro,  fundador do  CTA e  do                                                                              que formam  uma  malha de  interesses em



                     qual o  Brasil  vem  ultimamente                                                                                             IME,  que descartou,  na  época,  a  idéia  de                                                                        torno da  Universidade.                                                                                     '


                                                                                                                                                  buscar  engenheiros  para  o  “ Projeto  Foc-                                                                         H.  Santoro:  Mais importantes que os pólos  |
                     participando  com  mais  a tivi­
                                                                                                                                                  ker" e preferiu concentrar esforços na ca­                                                                            industriais  sáo os  pólos de tecnologia. 0  ;

                      dade.  Apesar das  discussões                                                                                               pacitação  de  recursos  hum anos  que                                                                                CTEx,  no Rio de Janeiro, as voltas com 84  |




                      serem  sobre  tecnologia,  ficou                                                                                            seriam dirigidos mais tarde para algo  prá­                                                                           projetos,  vai  gerar  tecnologia que poderá


                                                                                                                                                  tico.                                                                                                                 ser  produzida  em  locais distantes, como
                      patente que a  base de  tudo é a                                                                                                                       a                                                                                          mecânica fina em S  Catarina ou que virão  j

                                                                                                                                                  J.  Marsiaj  (CPqD):  A Telebrás desde o iní­

                      educação  dos  recursos  huma­                                                                                              cio mostrou seu  forte interesse  nos recur­                                                                          ainda a  ser criadas,  como no caso da pro                                                                   j



                      nos  necessários,  sem  o  que                                                                                              sos  humanos e  no  trabalho  universitário,                                                                          dução de propelentes avançados. Todavia,


                                                                                                                                                  datando de seus primórdios o  1 contrato                                                                              a  Universidade  que  náo  perceber que a  j
                      nada poderá ser construído.
                                                                                                                                                xcom o Cetuc,  no  Rio de Janeiro,  e depois                                                                            pesquisa cada vez mais comanda o espeta-  j


                                                                                                                                                  com  a  criaçáo  do  CPqD,  enfatizando  o                                                                            culo, poderá ter a capa de estabelecimento


                                                                                                                                                  apoio aos laboratórios das  Universidades,                                                                            de ensino superior,  mas estará condenada



                      C.  Mammana (CTI)                                         Ciência e tecnologia                                              em  programas de alto conteúdo  tecnoló­                                                                              a  morrer à  mingua.                                                                                        j


                      são coisas distintas: a  primeira é mais ba                                                                                gico. A filosofia atual do CPqD, em relaçáo                                                                            J.  M arsiaj  Acho  que a  proliferação de


                      sica,  mais  universal,  ao  passo  que a  tec                                                                             à  Universidade,  corre  por duas vertentes:                                                                           pólos de tecnologia deve ser metodizadae


                       nologia  são  conhecimentos  ligados a  um                                                                                uma                 mais especulativa                                      em que se dá                                controlada,  tendo em vista a limitação dos


                      grupo  humano.  Ha  10 mil anos que o ho­                                                                                  o tema e náo se fixam objetivos e outra com                                                                            recursos disponíveis. 0 CPqD tem procura


                      mem  fabrica  vidros,  mas  para  fazer  bons                                                                              finalidade altamente definida, como acon                                                                               do evitar superposições ao contratar traba­


                      vidros  dependeu-se de  todo  um  saber ar                                                                                 tece nos campos dos  filmes finos,  rádios                                                                             lho em  laboratorios universitários.



                      raigado  em  certos grupos.  Assim,  desen                                                                                 digitais,  microondas e estações de satéli                                                                             R.  Meziano:  Coube às  Forças Armadas li­


                      volver tecnologia  implica em enriquecer a                                                                                 tes.  Nosso apoio representa cerca de 3 bi                                                                             derar a  geraçáo de  novas  tecnologias. A.


                      cultura  e  investir  na  educação  básica  do                                                                              Ihões de cruzeiros anuais contratados com                                                                             2 : Guerra  Mundial  foi  o grande alerta so-  1


                      grupo.  Mas isto não e tudo.  Devemos pen­                                                                                  laboratórios e universidades, o que garante                                                                           bre  nosso atraso  tecnológico e causou o


                      sar também no que se quer para o futuro e                                                                                  ao  estagiário  e  ao  pesquisador  umversi                                                                            deslumbramento de  recebermos equipa­


                      adequar  os  recursos  humanos  para  dar                                                                                  tario perspectivas de continuidade em seu                                                                              mentos novos e sofisticados, o que matou,


                      continuidade ao desenvolvimento.                                                                                           trabalho.                                                                                                              na época, a idéia de desenvolvimento pro-


                               Temos três questões a  levantar:  Como                                                                                                                                                                                                   prio na area. Hoje as Forças Armadas preo                                                                   |


                      se deve repartir tarefas, recursos e vocação                                                                                                                                                                                                      cupam-se  em  reequipar-se e  isto requer  '*


                       para  empregar  recursos humanos entre  a                                                                                                                                                                                                         uma  política  de  independência tecnoló­


                       universidade,  os centros tecnologicos e a                                                                                                                                                                                                       gica, ao invés de importar ou receber equi


                      indústria?  Como consolidar recursos  na­                                                                                              “Desenvolver tecnologia                                                                                     pamentos do exterior.


                      cionais,  nos casos em que o mercado não                                                                                                 implica em enriquecer                                                                                             Os investimentos em recursos humanos


                      nos é cativo? Como formar homens neces­                                                                                                                                                                                                           e de capital  são altos,  mas a história tem


                      sários ao desenvolvimento nacional?                                                                                                             a cultura e investir                                                                              demonstrado que o setor bélico puxa o de­


                      T.  Pacciti  (ITA) — Sobre a área educativa                                                                                                na educação básica. ”                                                                                  senvolvimento do setor de consumo, oque


                      há  que  ponderar o  seguinte:  a  existência                                                                                                                                                                                                     acaba  por diluir os custos pela demanda.

                                                                                                                                                                                (Carlos Z.  Mammana)
                      de apenas  um ou dois sujeitos competen­                                                                                                                                                                                                          Os maiores consumidores de material béli-  >


                      tes é algo que pode ser perigoso e o que se                                                                                                                                                                                                       co,  Estados  Unidos e  URSS.  são também


                     quer é um grupo de pessoas competentes.                                                                                                                                                                                                            seus grandes exportadores.  Ao querermos



                      No caso da  indústria aeronautica,  a  com­                                                                                                                                                                                                       uma industria bélica temos que olhar sem


                      petência foi se criando, ao longo das déca­                                                                                        0 CPqD náo foi organizado para ter tec­                                                                        duvida para o mercado externo, oque exige


                     das 50 e 60,  no ITA e depois no CTA.  Para                                                                                 nologia,  mas sim  para  que a  indústria  te­                                                                          profissionalização,  confiabilidade, pre­


                     a  inform ática  o  processo  se  iniciou  na                                                                               nha tecnologia.  De maneira similar,  inves­                                                                           ços,  prazos e sobretudo qualidade. 0 pf


                     USP,  no Fundáo (UFRJ),  na  PUC,  na  Um-                                                                                 timos grande parte do orçamento do CPqD                                                                                 meiro  empreendimento  institucional de


                     camp e depois na  UFRJ,  na década de 70.                                                                                  na  indústria,  para que esta possa adquirir                                                                             porte a  registrar no Brasil é a Embraer, da


                     O  importante é alcançar uma  “ massa crí­                                                                                 tecnologia,  sem  dispender capitais  muito                                                                             Aeronáutica,  e  na  Marinha de Guerra.se


                     tica" de indivíduos,  visto que uns entram,                                                                                grande.                                                                                                                  não considerarmos o Arsenal de Marinha.e


                     outros saem  e o que se deseja é preservar                                                                                 R.  Meziano (Engepron):  Será  benéfica ao                                                                              a Engepron, destinada a promovera indus­


                     uma mentalidade, que vai passando de um                                                                                    pais a  proliferação de  pólos  industriais,                                                                            tria  militar  naval.



                     para  outro.  O  desenvolvimento  vital  que                                                                               que hoje se observa?                                                                                                     H. Santoro: A institucionalização  expor
   37   38   39   40   41   42   43   44   45   46   47