Page 43 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987
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DEBATE li
A segunda série de debates centrou-se nos temas destacados por Salomão
Wajnberg e Cleófas Uchôa em suas respectivas palestras e girou em torno da macroconjuntura
e das perspectivas do setor das telecomunicações, vistas como um todo.
Sérgio Scavone (S ite ltra ) — Eu gostaria de sa so pedido ao Grupo telebrás. nal brasileira naquele País. Há ambiente para
ber se o Salomão Wajnberg quis criticar o sis Daniel Francisco (S ite ltra) — A ênfase na pro isso?
tema da índia, ou do Brasil. gramação de um, dois anos, seria essencial para Wajnberg É um país com 750 milhões de ha
Wajnberg (G eicom ) — Nem uma coisa nem ou a redução de custos. Não sabemos, porém, bitantes, 20 mil terminais de telex, 3,9 de li
tra. Eu quis mostrar a vocês o lado político. Ape quanto dinheiro estamos perdendo em comprar nhas comutadas das quais 80% são automáti
nas analisei o que aconteceu com a índia para componentes importados de baixa qualidade. cas, dois satélites, bomba atômica, etc, mas
não cairmos no mesmo erro, ou seja, o excessivo Há um ano eu tive que tirar 10 mil integrados do nunca vi um telefone público na índia. Propo
radicalismo levou aquele país a um isolamento sistema Renac, porque foi detectado que um mos criar uma rede de í Ps, mas como falei em
tecnológico, a ponto do governo ter de chamar deles estava danificado. Retirei, mandei foto minha palestra o objetivo do governo indiano era
de volta as empresas que expulsou. grafar o ch ip e provei á RCA que o defeito era de atender apenas a elite. Com a entrada de Rajav
Wanderley de Castro ( G rupo ABC) — Eu não vou fabricação. Na semana passada recebi 12 mil Ghandi, essa idéia está se modificando.
perguntar. Mas inspirado na palestra do Uchôa, dólares de reembolso por minhas horas gastas. Machado (Ericsson) Eu acho que existem al
gostaria de fazer três colocações: a primeira c Eu gostaria de saber quais as firmas de pequeno guns mitos na área de telecomunicações: o pri
dizer que a maior mentira que existe em TCs é e médio porte pode fazer isso. I nesse aspecto meiro deles é o conceito de projeto brasileiro. A
chamar a Telebrás de estatal. Ela foi construída que eu coloquei minha palestra. definição torna se difícil. Nao se sabe se é aque
pelos usuários, mantida pelos usuários. O go Ovídeo Barradas ( Grupo ABC) O tema privati le feito no Brasil por brasileiros ou se for feito no
verno só fez tirar recursos do setor. Espero que a zação versus estatização tem despertado muitas exterior por brasileiros deixa de ser brasileiro.
Telebrás volte para as mãos de quem a criou: os discussões. A Embrateí, por exemplo, tem um Isso é uma questão mais semântica do que con
usuários. A segunda colocação diz respeito a leque de serviços muito grande. Certas partes creta Para mim a questão correta é saber se o
emissão de ações. Hoje, quando alguém adqui da telefonia podiam ser serviços nao monopolí projeto e bom para os interesses da comunidade
re a assinatura de um telefone paga 15 mil cru zados abertos á iniciativa privada como telefo de rCs e dos usuários. Outra coisa é o conceito
zados. Se vender as ações da concessionária re ma móvel, por exemplo. Outras áreas são tele de empresa nacional. Para mim o problema é
cebe cerca de 1.500 cruzados. E se pudesse texto, videotexto, comunicação de dados, al saber se é uma empresa desejável. Outro mito é
vender o telefone no mercado paralelo conse guns segmentos de serviços via satélite, etc. Por a questão de tecnologia. Nos apegamos a isso
que nao abrir também para as empresas priva em todos os painéis que tenho participado. A
das, uma vez que o setor parece que sendo por capacitação tecnológica é colocada como um
demais abrangente está se tornando incompe fim. O quarto mito é a política industrial. Eu
tente no atendimento à demanda, não só pelos acho que temos políticas industriais até de
seus altos custos operacionais como pelos seus mais. a do Ministério das Comunicações, a da
limites de investimentos? Ciência e Tecnologia, a do Ministério da Indús
Uchôa — A Embrateí constituiu um grupo de 12 tria e Comércio, entre outras. O problema é har
antigos funcionários, presidido por mim, para monizar as políticas industriais existentes, de
fazer uma reestruturação na empresa. Esses maneira que elas formem um todo coerente. En
pontos levantados pelo Barradas vão ser profun tão, as conclusões dessas minhas reflexões é
damente examinados. Existem vários serviços uma conclusão extremamente estipulada pela
que a iniciativa privada pode e deve fazê-los, se palestra do Uchôa. Depois de muitos anos de
jam via satélite, redes de dados ou serviços de atividades no setor, de um amadurecimento que
manutenção de equipamentos. ocorreu durante toda essa evolução, hoje nós
Carlos Gravatá (D arum a) — Gostaria de saber o precisamos parar de vez e atentar para certos
número de telefones instalados na índia e a pos
Palestrante Salomão Wajnberg (Geicom). problemas que ocorrem em nosso setor e desco
sibilidade da implantação de uma multinacio brir qual a solução do problema.
guina em torno de 150 mil cruzados. Terceira
colocação: O que se deve fazer e parar de emitir
ações e colocar o telefone exatamente pelo pre
ço real para haver maior expansão e cobrar tari
fas realistas. A Portaria do Ministro é extraordi
nária em termos políticos e sociais. Porém, o
modo de acabar com a especulação é simples
mente atender as necessidades de todos.
Uchôa (E m brateí) — A Portaria tem lá suas ra
zões, mas eu estou contigo. 0 importante é ar
ranjar os recursos para dar os serviços telefôni
cos e atender a demanda que existe aos preços
de mercado, que são pagos pelos usuários.
Arcanjo Peralta ( T elep atch) — A minha per
gunta se dirige ao Daniel. 0 nosso grande pro
blema, apesar do Ministro Quandt dizer que te
mos de nos acomodar ao mercado, é exata
mente a falta de programa. Você não consegue
estruturar sua fábrica no começo do ano, você
não sabe o que realmente deve produzir no ano
seguinte. Trabalha-se em cima de suposições,
em cima de produtos que não sabe se realmente
vai fazer. O caso seria de dar mais ênfase ao nos Aspecto da p latéia por ocasião da palestra de Sérgio W. G aylei (G radiente)