Page 42 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987

22 e 23 setembro 86.
P o l í t i c a
0 eng. Salomão Wajnberg, Secretário Execu­
tivo do Geicom, iniciou sua palestra dentro
do tema "Modelo Industrial da índia — Políti­
cas e Resultados" e citou sua convocação pelo
Banco Mundial para que ele participasse de
uma Comissão destinada a fazer ampla análise
da industria daquele país, especialmente a in­
dustria eletrônica. Foram estudados inúmeros
documentos, portarias e leis com o objetivo de
avaliar a politica industrial existente e sugerir
soluções ao governo indiano.
Wajnberg, numa primeira etapa, através de
transparências, mostrou a situação atual da ín­
dia, sob o ponto de vista tecnologico e em segui­
da fez um histórico do País, analisando a po­
pulação, renda per capita, classe média, impor­
tações e exportações, cidades com maior nu­
mero de habitantes, línguas, dialetos, cultura,
educação e religiões.
Segundo Wajnberg, em 1984 a produção da
indústria eletrónica indiana equivaleu a um to­
tal de 1,6 bilhão de dólares, ou seja, 1% da ja­
ponesa e 35% da brasileira No mesmo ano, a
eletrónica de consumo foi o maior mercado com
US$ 540 milhões, seguido de comunicações
com US$ 300 milhões, instrumentação e con­
trole com US$ 290 milhões, e computadores e
equipamentos de escritório com US$ 100 mi­
lhões, situação que se assemelha à do Brasil.
O Secretário Executivo do Geicom falou tam­
bém da política de S e lf R eliance, base de todos
as políticas da índia nos últimos 40 anos, e que
tinha por objetivo alcançar uma taxa de satisfa­
ção e crescimento econômico sem dependência
ou ajuda do exterior Outra forte influência foi o
modelo económico de Gandhi, baseado em 4
pontos para se alcançar o socialismo indiano:
a) rejeição dos valores materialistas ociden­
tais; b) não-violência (rejeição da prática capi­
talista da exploração do homem pelo homem);
c) valores humanos como oposição ao conceito
de "homem-económico"; d) o trabalho como
fonte de deleite ao invés de meio de produção.
Política industrial
Wajnberg falou, em seguida, sobre a inde­
pendência da índia, baseada na experiência so­
viética, a formulação dos planos quinqüenais, a
primeira Resolução de Política Industrial, mo­
nopólio, direito do estado intervir e adquirir as
indústrias existentes, industrias privadas indivi­
duais e cooperativas. Nas áreas onde a tecnolo
gia não era necessária, as empresas estrangei­
ras deviam modificar suas atividades, além do
controle acionário das empresas em mãos india­
nas, exceção apenas para as tecnologias sofisti­
cadas ou 100% para exportação.
Segundo o Secretário Executivo do Geicom,
houve críticas dos opositores à política indus­
trial da índia e, a partir de 1980, a política do
governo parlamentar recomendava a promoção
das indústrias de grande porte às custas das pe­
quenas e médias empresas como forma de
acelerar o crescimento com objetivos sócio-
econômicos.
Wajnberg:
I n d u s t r i a l d a í n d i a
Mais adiante, disse Salomão Wajnberg- "A
A partir de março de 1984, uma série de no­
vas diretrizes políticas para as áreas de teleco­ rivalidade e a luta pelo poder entre o DOE e o
municações, computadores, equipamentos de P&T chegaram a tal ponto que o desenvolvi
consumo e insumos eletrónicos foi anunciada. mento do setor de telecomunicações passou a
Políticas estas — disse Wajnberg — fortemente depender em cada caso do suporte político que
contrastantes com o quadro socialista que ditou o DOE tinha para cada um de seus propósitos. 0
a política industrial da India nas últimas dé­ P&T é muito mais forte em termos de competên
cadas. cia com milhares de engenheiros e plenejadores
Depois de explicar o programa de Rajvi Gan- em sua retaguarda para executar os seus objeti
dhi, Wajnberg disse que " na área de telecomu­ vos. O DOE, entretanto, apesar de ter apenas
nicações o governo perdeu o controle sobre a fa­ duas centenas de engenheiros em seus qua
bricação de determinados itens como telefones, dros, tem um forte suporte político e a vantagem
PABX, máquinas telex e outros equipamentos de estar diretamente ligado ao Gabinete do Pri­
terminais, revertendo a pratica do monopólio da meiro-Ministro” .
indústria estatal. Para repor o sistema antiqua­
do de TCs existentes, a índia aprovou a importa­ Monopólio
ção de tecnologias da Ericsson, Siemens e ITT
de equipamentos de comutação digitais de pe­ O maior comprador da indústria de teleco
queno porte para indústrias privadas. Para cen­ mumcaçõeséo P&T. A Indian Telephone Indus­
trais de comutação digitais de grande porte, a tries (ITI), que é subordinada ao Ministério das
índia adquiriu tecnologia e está construindo Comunicações mantém, praticamente, o mono­
duas unidades industriais para fabricação do pólio de fornecimento para equipamentos de
sistema E-10 da Cit-Alcatel (500 mil linhas por comutação, rádios e de alta capacidade, além
ano, cada)". de equipamentos multiplex.
A colaboração técnica bem como a importa­ Concluindo sua palestra, Salomão Wajnberg
ção de tecnologia estrangeira está aberta em to­ falou sobre pesquisa e desenvolvimento no setor
das as áreas de eletrônica e será aprovada se: de telecomunicações da índia. Ele disse que se
a) a tecnologia não estiver disponível no comparado com empresas similares no mundo,
pais; b) a tecnologia for contemporânea e ade­ o departamento de P&D da Indian Telephone In­
quada; c) ofereça uma relação boa de custo ou dustries pode ser considerado bem equipado.
nacionalização; d) ser adequada para absorção Apesar de utilizar modestas instalações civis
e implementação. tem um s ta ff de mais de 500 engenheiros traba­
Os planos qúinqúenais nunca vislumbraram lhando em seus diversos laboratórios, equipa­
o setor de telecomunicações como infra- dos com os mais modernos instrumentos de me
estrutura e sim como um luxo para atender as dição. As demais indústrias dão também grande
elites das populações urbanas. Assim, poucos importância ao setor de P&D, mas não no nível
recursos foram empregados não só na provisão da ITI.
dos serviços, mas também no setor de produção Em 1984, o governo, através de participa­
de equipamentos de TCs (Tabela). ção do P&T e do DOE, fundou o Centro para o
O organismo responsável pela estratégia de Desenvolvimento de Telemática, especifica-
TCséo P&T (Post&Telegraph Department), su­ mente para desenvolver uma central de comuta­
bordinado ao Ministério das Comunicações. En­ ção digital. Contando com o apoio do 1 Minis­
tretanto, com a introdução da eletrónica nos sis­ tro Rajiv Gandhi, o setor de TCs indiano espera
temas de comutação, o Department of Electro­ com um orçamento de US$ 29 milhões terminar
nics (DOE) passou a intervir na área de respon­ o projeto em 36 meses.
sabilidade do P&T.
Equipamentos de telecomunicações em serviço na índia 1948-84
Creso-
1948 1956 1966 1976 1981 1984 mertc-
anual0'.-
Linhas Comutadas
(100,000 linhas) 0,83 1,73 6,23 14,65 21.49 26.49 10.1
Telefone (100,000) 1.15 2,76 8,58 19,14 27.85 34.88 9.9_
Centrais Locais (Numero) 321 838 2718 5240 7890 9965 10.0
Centrais Locais (Capacidade) -
(100,000 linhas) 1,00 2,39 7.72 14.77 21,86 30.55 10.0
Centrais de Trânsito (Numero) — — — 9 21 28
Pontes* P&T Sixth Five-Year Plan* Telecom network volume and growth* Telecommunications*?!^. ics P&r