Page 40 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987
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22 e 23 setembro 86.
Quandt e Sant'ana
O i m p o r t a n t e s ã o a s e n c o m e n d a s
comandante Euclides Quandt de Oliveira,
O com 11 anos de iniciativa privada e 8 anos devemos partir, o quanto antes, para a livre con dos custos finais de um produto, então nossa
corrência.
ênfase tem que ser dada ao programa que faz
de experiência estatal, quando foi ministro das Na opinião de Quandt, a empresa que em daquela máquina inerte, uma máquina inteli
comunicações e esteve prestando serviços ao dez anos de proteção não teve condições de se gente e produtiva — finalizou o ex-Ministro.
Contei, teceu algumas considerações sobre a estabelecer, nunca irá se consolidar. Para o co
política industrial brasileira. mandante é preciso que cada empresário reco SanfAna
— Sem a existência de uma política indus nheça que a empresa, a atividade industrial é
trial adequada, a empresa não tem boas condi uma atividade de risco. E atividade de risco Olinto SanfAna, diretor de operações da Sid
ções de fazer o planejamento de sua produção e tanto pode significar lucro, quanto perda. Telecom, iniciou sua palestra traçando o perfil
de sua operação. E sem este planejamento ade — Infelizmente acho que uma empresa que do Grupo Matias Macline, desde sua fundação,
quado, a indústria não tem condições de pros não opera bem, não tem um bom produto e não em 1961. O Grupo possui 25 empresas, 8 uni
perar. Ela precisa saber o que fazer a médio, se atualiza, deve falir mesmo. Se ficarmos dis dades fabris e 133 mil nr de área construída
curto e longo prazos. Saber qual o caminho a ser cutindo como proteger a. b ou c, para evitar suas onde trabalham 12,5 mil pessoas e está estru
seguido. Mas acho que não adianta ficarmos falências, correremos o risco de deixar de aten turado em 3 grandes divisões.- Sid (eletrônica
nos queixando que não há continuidade nas pro der a uma série enorme de outros industriais profissional), Sharp (com 4 plantas em Manaus)
gramações ou manutenção de um nivel nas en que teriam condições de fabricar um produto de e a Digibanco (serviços financeiros).
comendas. São fatos que existem ha 10, 15 melhor aceitação, por parte do usuário. A prote A Sharp S/A, com 3 mil funcionários, res
anos, e vão continuar existindo. Nós temos é ção deve existir somente durante o período em ponde pela produção de televisores, videocas
que reorganizar o planejamento da produção, que a empresa se estabelece. setes, equipamentos de áudio, calculadoras,
dentro dessa objetiva realidade. Considerando excelente a palestra proferida copiadoras e micros, além, de produzir 500 mil
Sobre as possibilidades de mudanças da por Daniel Francisco, Quandt louvou a iniciativa placas de circuitos impressos montadas e testa
política industrial, Quandt de Oliveira se mos do engenheiro em chamar atenção para a neces das. A Sharp incorpora uma planta de compo
trou favorável ao exercício de livre concorrência sidade de se olhar o custo final e a qualidade do nentes. em São Paulo, e outra para maquinas de
no setor: produto e da tecnologia. escrever Facit, em Juiz de Fora Só em Manausa
— Tem-se discutido muito livre iniciativa, Não vamos ficar nos enganando, dizendo Sharp pretende investir 53 milhões de dólares
dirigismo, cartorialismo... Nós já tivemos que nossas tecnologias sao iguais ao do estran nos próximos 3 anos.
durante dez anos uma política bastante dm geiro Só podemos nos considerar atualizados A Sid incorpora quatro empresas: informá
gida. Eu diria até extremamente orientada para quando vamos lá fora buscar novas técnicas. In tica, serviços, telecomunicações e microeletró-
que cada indústria só fizesse o especificamente felizrnente, so assim se acompanha a evolução nica. A Sid Serviços opera com bureaux e vende
determinado ou autorizado. Nessa época, ao m tecnológica mundial. acesso à base de dados de caráter financeiro. A
vés de nos preocuparmos com a qualidade do Preocupado com a pequena e média empre Sid Informática (a maior no gênero) lem 6 mil
produto, a eficiência de produção, ficávamos sa Quandt é um dos acionistas da Splice - o nr' de fábrica, com mil pessoas, em Curitiba, e
discutindo a respeito de qual encomenda son«» comandante é da opimáo de que ela deve ter uma produção de 20 mil equipamentos ano. Ja
dirigida a cada um de nós. Não porque nosso uma cobertura tecnológica oferecida pelo a Sid Microeletrônica resulta da absorção da an
produto era melhor ou pior, mas pela maior ou CPqD. Os centros de pesquisas devem ajudar na tiga Fibrás, em Minas Gerais, com 17 mil nfde
menor influência ou presença junto aos encarre tarefa de capacitar a empresa para criar. area de produção para 107 milhões de compo
gados de distribuírem as encomendas e contra — Contudo, nos precisamos também recor nentes / ano. O grupo Macline pretende investir
tos. A continuar nestas condições, afirmo que rer às tecnologias externas. 0 excesso de xeno 80 milhões de dólares em microeletrônica ate
fobia é absolutamente contrario aos interesses 1990. Finalmente, a Sid Telecom que foi esta
nacionais. Quando se procura e se busca uma belecida pela aquisição da antiga PGM se de
nova técnica, e se transforma esta técnica em dica a produtos de TCs, com laboratório de inte
uma tecnologia própria de processo, a indústria gração de sistemas em Santo Amaro (SP) onde
aprende. Ela tem condições de criar novos pro trabalham 110 funcionários.
dutos, entrar na tecnologia de processos e não
ser apenas mera copiadora. Comparando
Para Quandt, os industriais do setor estão se
centrando muito nas questões do capital nacio Mais adiante disse SanfAna comparando
nal, quando o que realmente interessa para a so que a grande diferença que existe, hoje, entre
ciedade brasileira é ser bem servida, por um ser TCs e Informática não reside na tecnologia de
viço de boa qualidade e de baixo custo. produção, que ao final de contas são placas de
— Mais importante do que a discussão sobre hardw are com determinado nivel de tecnologia
capital nacional é capacitar a empresa para montada e testada, mas sim a forma com que e
criar novos produtos, não apenas partindo de operado o mercado.
tudo aquilo desenvolvido por ela. mas também — Na área de informática, o cliente não or
do que copia dos outros. Nós não podemos con ganiza seu poder de compra como na area de
fundir fins, com meios. 0 fim é prestar bons ser TCs, por serem empresas com necessidades di
viços, os meios são os baixos custos e a alta qua versas. Nos EUA, por exemplo, ate a General
lidade. Motors está procurando organizar suas compras
Outro problema abordado por Quandt é a em informática para orientar seus fornecedores.
pouca ênfase que ainda está sendo dada ao soft Referindo-se ainda ao mercado de informa
ware e a grande ênfase ao hardw are. tica disse o conferencistra que o cliente esta
- Em todas as discussões só se fala ou só se mais preocupado, no Brasil, com o produto e o
Q uandt: o excesso de xenofobia c contra o in seleciona o equipamento, e muito pouco o pro preço de que com o nome e reputação da empre
teresse nacional grama. Se o software representa mais de 60% sa que está fornecendo o equipamento e ;ue