Page 37 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1987
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tar um crescimento significativo de facilidades TCs e vamos investir para recuperar um pouco de cruzados, e que a projeção 1987 deve ficar
à disposição das propriedades rurais isoladas. desta fase de indefinições pela qual o setor pas entre 22 e 25 milhões de cruzados.
Referindo-se ao programa da popularizaçãa sou. Hoje, já estabelecemos um política de Apontando para o quadro de recursos e dis
dos telefones, ressaltou o conferencista o cres transmissão de dados, na qual a Embratel exer pêndios (vide tabela), Almir fez alguns comen
cimento ocorrido com os telefones públicos cerá papel principal. tários: 41,9 bilhões de cruzados foram autoriza
colocados á disposição das camadas menos fa A seguir, ele mostrou que as terminações dos como dispêndios; a parte de bancos ficou
vorecidas das população, mesmo considerando Transdata cresceram de 8 mil para 13 mil e que com 4,3 bilhõese a de pessoal com 9,3 bilhões;
que "160 mil aparelhos ainda constituem uma a rede telex vem recebendo mais pedidos de ins do lado da receita, a parte operacional foi de
proporção pequena se comparados, aos 7,76 talação do que a própria rede telefônica. Quanto 31,9 bilhões e os outros recursos (autofmancia-
milhões de terminais existentes no Sistema ao videotexto (que ficou estagnado nos últimos rnento) representam 4,7 bi; do tesouro virão
Telebrás, cuja meta é a de que em três anos to dois anos) deverá alcançar em breve 10 mil ter apenas 0,9 bilhões, ao passo que o sistema re
das as periferias das grandes cidades estejam minais que, segundo disse Almir, "já dá para colhe 6,5 bilhões aos cofres do governo; O grau
servidas em matéria de TP’s". avaliar o futuro do serviço". de endividamento é baixo, da ordem de 20%.
Em relação a transmissão de dados, Almir A fim de encontrar recursos para 4,6 mi
Vieira Dias foi enfático: Investimentos lhões de telefones, em 4 anos, a Telebrás está
— Esta é uma área que vem se desenvol contatando o mercado financeiro "porque nossa
vendo, agilmente, graças à Embratel e que tem Ao falar de investimentos, ressaltou o presi capacidade de endividamento é incrível". No
experimentado crescimento extraordinário. A dente da Telebrás que houve sua retomada, mas setor financeiro, o Sistema vai muito bem, con
transmissão de dados representa o futuro das que ainda se está num patamar de 16,2 milhões cluiu satisfeito Almir.
Pontedeiro e Aurélio;
A programação é fundamental
rmando Pontedeiro, da Elebra, represen importante diferença na avaliação do potencial "Com o advento do Plano Cruzado ocorreu
Atando Cláudio Dascal, tratou das relações de uma empresa para o futuro do País. um aquecimento do mercado como um todo e,
existentes entre as tecnologias de produto e a de Aproveitando a ocasião, ele citou o multiplex em decorrência, acredito que nenhuma indús
processo, estabelecendo uma síntese do que MCP-30 como exemplo de projeto brasileiro, tria tenha ficado sem aumentar sua folha de pa
chamou a diferença entre teoria e prática. desenvolvido pelo CPqD e pela indústria nacio gamento em, no mínimo, 20%, enfatizou Marco
Para ele, há que se evitar, pelo correto pla nal. que agora está com sua versão melhorada Aurélio, para advertir quem quase trata de um
nejamento, o caso das locomotivas que se apro MCP-30B, e que é altamente competitiva, problema sério, que só poderá ser contornado
ximam para um encontro, mas onde apenas um mesmo a nível internacional, pela concepção "com ganhos equivalentes de produtividade".
dos trilhos mantém continuidade com outro. No moderna da tecnologia empregada. Porém a parte sensível e que mais afeta a
caso das TCs sáo diversas tecnologias que estão A seguir, citou o conferencista as principais vida de uma empresa sáo as forças que organi
em jogo para fabricar e colocar em operação um fases de um projeto incluindo: montagem; inte zam o mercado de TCs (quase monopsónico) e
produto. Tem-se a tecnologia de sistemas (con gridade; tecnologias de sistema, de desenvolvi que é comprador. Apelidando o setor de uma
cepção e estruturação do equipamento); de de mento, de produto e de produção; reprodutibili- "grande família", ele achou que, ao lado de coi
senvolvimento (técnicas, metodologiais, ferra- dade; testabilidade com instrumental de CAD/ sas positivas, existem circunstâncias que colo
mentais); de produto (realização física, em es CAM e de teste automático (que diminuem os cam as empresas industriais sob grande tensão.
cala industrial); e de produção (partindo dos m- riscos do projeto); documentação; softw are; ho E citou um exemplo fruto de sua vivência em
sumos básicos). mologação e produção de cabeça de série. E sin presarial:
Para que estas tecnologias sejam efetiva- tetizou sua receita para um produto de sucesso: — Vamos supor que os usuários de uma em
mente utilizadas, disse o conferencista, elasde- qualidade da equipe, coragem e competência presa telefónica tivessem o poder para não usar
veriam participar do ciclo evolutivo onde se pro empresarial, e ambiente setorial favorável. o telefone durante 2 ou 3 meses. Isto não seria
cura aperfeiçoar, não só o produto, em si, mas confortável para as operadoras. Clima seme
também todo o parque industrial correspon Marco Aurélio lhante vive o industrial quando seu principal
dente. Neste ciclo, tem que se partir do estudo comprador, o sistema Telebrás, pára de colocar
de mercado de cada País e planejar o futuro do Na sua palestra, o engenheiro Marco Aurélio contratos. Todavia isto é particularmente crítico
produto dentro desta ótica, obedecendo às nor de Almeida Rodrigues, vice-presidente da Mo- para as empresas de pequeno e médio porte que
mas e padrões existentes, chamou a atenção nytel e ex-diretor da Telebrás, abordou como trabalham com produtos de curto tempo de ma
Pontedeiro. tema o A m biente Industrial, queixando-se das turação, inferior a um ano.
Mas, para amarrar gerencialmente todo este . dificuldades na obtenção de insumos, dos pro Em conseqúência, uma das prioridades do
pacote é importante que a empresa possua um blemas de mão-de-obra e da situação do mer setor deve ser a de minimizar as oscilações da
plano de negócios que defina a viabilidade téc cado. produção, beneficiando não só quem vende mas
nica e econômica de cada empreendimento. Quanto aos insumos provenientes do ex também quem compra. A mais longo prazo, a
Aqui surgem diversas interrogações, observou o terior, citou o palestrante, o fato de que EUA e tendência será para que as empresas brasileiras
palestrante. Uma delas se refere à importância Japão assinarem convênio fixando o preço das saiam do estágio de meros centros de manufa
do projeto brasileiro ( aquele feito no Brasil e memórias microeletrônicas, o que poderá até tura a fim de partirem para o desenvolvimento
atendido por brasileiros), em relação a do País triplicar o preço do produto. Obviamente, as pe tecnológico, tal como cogitado pela revisão da
como um todo. Outra é a de saber — caso exis quenas e médias empresas seráo muito mais Portaria 622, que trata da Política Industrial
tam apenas projetos brasileiros — se a tecnolo afetadas por tais oscilações do que as grandes, das TCs.
gia não ficará obsoleta, em termos de concor disse Marco Aurélio. Mas existem também pro Ao final, Marco Aurélio falou da conveniên
rência internacional. blemas no mercado interno de insumos para a cia da Telebrás elaborar um programa de aquisi
Referindo-se aos tipos de empresas existen indústria local, tal como na área de circuitos im ções para o setor, a fim de evitar encomendas de
tes, Pontedeiro distinguiu entre aquelas que sáo pressos. última hora, que levam à carência de insumos
brasileiras, com autonomia de capital e de tec — Estou citando coisas aparentemente sim para a fabricação, o que estimula verticaliza-
nologia e aquelas em que apenas o capital está ples, mas que afetam profundamente o ritmo in ções (para fabricar transformadores, placas de
em mãos nacionais e dependem da tecnologia dustrial — ressaltou o executivo, que passou a circuito impresso, componentes mecânicos), o
estrangeira para, então, concluir ser esta uma comentar os problemas na área de mão-de-obra. que por sua vez, oneram custos.