Page 45 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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V i s ã o   d o s   p o l í t i c o s   e   j o r n a l i s t a s

























          aspectos  mais  casuísticos  da  questão  da                                                                            Hamburgo,  na  Alem anha,  para  C uritiba  e                                                                               Beting: Maior liberdade para Rádio e TV


  í       estatizaçâo ou  não da econom ia.                                                                                       só consegui alcançar o Rio de Janeiro,  por­


                 Para  Henry  Maksoud  “ a  prestação  de                                                                         que o resto do circuito estava fechado,  se­                                                                                       Expressando-se  em  seu  conhecido  es­


           serviços pelo governo para atender a certas                                                                            gundo  a  telefonista.  Sete anos depois era                                                                              tilo ,  incluindo  comparações  e  trocadilhos


  |        carências coletivas da  nação som ente  po-                                                                            só discar do quarto do hotel  e a  ligação se                                                                             jocosos, o jornalista Joelm ir B eting iniciou

  j.      derá ser aceita se com patível com os prm-                                                                              c o m p le ta v a   —   le m b ro u   K a rlo s  R isch -                                                                 sua palestra lem brando que “ um tal de En-



  |       cipios que visam  proteger e  preservar a  li­                                                                          bieter.                                                                                                                   gels disse que nem tudo que é estatal é so­


           berdade  in d ivid u a l” .  E  cito u   três  c o n d i­                                                                      Ao dizer que o sistema  de  telecom uni­                                                                          cialista  e  nem  tudo  que  é  socialista  é  es­


          ções  principais  para  o  atingim ento  desse                                                                          cações  provou  que  a  iniciativa  do  Estado                                                                            ta ta l” .


  !       objetivo.-  l.°)  atender as  carências  c o le ti­                                                                     pode fazer um bom serviço e que os tecno-                                                                                         A firm ando  que  o  Brasil  foi  o  país  que


          vas da  comunidade  com o  um  todo  e  não                                                                             cratas “ não são essa gente horrível que se                                                                               mais cresceu  nos últim os 2 5  anos,  Beting


          apenas de  grupos  e spe cíficos  em   p a rti-                                                                         costum a dizer por aí” , R ischbieter esclare­                                                                            acrescentou,  no entanto,  que tam bém  era


          cular  2.°) que o governo não pretenda  ser                                                                             ceu que a preocupação do setor em não ter                                                                                 o  país que  possuía  a  m aior dívida  externa


           monopolista.  3.°)  que  os  fu n d o s  neces­                                                                        recursos para sua expansão é uma questão                                                                                  do  m undo  no  mesmo  período.  E  pergun­


           sários a  prestação  dos  serviços  sejam  le-                                                                         m uito  mais  da  conjuntura  geral  do  país e                                                                           tou:  Por que?  Para  ele  mesmo  responder.*

  í        vantados com  base  em  princípios  u n ifo r­                                                                         um a  s itu a ç ã o   que  espera  “ dure  pouco                                                                           “ Porque nesse mesmo ciclo  de 2 5  anos,  o



           mes e de aplicação geral” .                                                                                            tem po” .                                                                                                                  Brasil  produziu  100,  consum iu  8 0 ,  pou­


                 Em seguida,  o em presário form ulou  os                                                                                  Retomando o tema do que Maksoud de­                                                                               pou 2 0  e aplicou 3 0  (o que não tin h a )” .  E


           seguintes conceitos.*                                                                                                  nom inou  da  “ discussão  fu n d a m e n ta l” ,                                                                          jocosamente salientou:  “ Só o Estado pode


                 —  Num  regim e  de  lib e rd a d e   não  há                                                                    disse o orador que a  distinção entre a  in i­                                                                             fazer esse tip o  de matemágica" .


           qualquer justificativa  para  que  se  atribua                                                                         ciativa  privada  e  a  do  Estado,  prm cipal-                                                                                    —   E  o  B rasil  —-  segundo  o  jo rn a lista


           ao governo o direito  exclusivo  de  fornecer                                                                          m ente nos países m ais avançados, tende a                                                                                 econômico da  moda —  se colocou na tese


          qualquer tipo de atividade  na  área  econô-                                                                            d im in u ir.  Quem  é  hoje  o verdadeiro  dono                                                                           de que o im portante é ter crédito,  “ porque


  I        rmca;                                                                                                                  de uma Volvo? Ou de uma General Motors?                                                                                    quem   não  deve  não  tem ".  Dívida  não  se


                 — O livre mercado é sempre preferível.                                                                           Como é a estrutura de poder dessas em pre­                                                                                 paga,  dívida  externa  adm im stra-se,  rola-
                                                                                                                                                                                                                                                                   » t

          0 processo com petitivo  do  mercado  con-                                                                              sas,  que  no caso da Volvo os dois maiores                                                                                se


  I       duz ao  uso de  mais  talento,  aptidão  e  co-                                                                         acionistas são Fundos de Pensão, com 4 e                                                                                            Mais adiante,  Joelm ir  B eting critico u  o

  j       nhecimentosacumuladosa qualquer outro                                                                                   3%   das ações e o m aior acionista  privado                                                                               atual sistem a econôm ico porque em vez de



          processo de atuação no cam po econôm ico.                                                                               tem  apenas 2%?                                                                                                            investir na  produção estim ula a  especula­


                 — Mesmo que  num a  determ inada  cir-                                                                                    —   Existem   tam bém   estata is  que  são                                                                       ção financeira.  E  perguntou:


  f       cunstância, como no caso das telecom um -                                                                               adm inistradas com o empresas privadas e a                                                                                         —   Por que colocar toda a  poupança  f i­

  I       cações brasileiras, o governo possa encon-                                                                              discussão recai  no valor dos modelos ca p i­                                                                              nanceira  bruta  num   sistem a  de  cré d ito   e



  |       trar-se numa posição m uito m ais favorável                                                                             ta lis ta   e  s o c ia lis ta .  Um  jovem   senador                                                                       não no mercado de capitais?  Por que co lo ­


  |       do que qualquer com petidor  do  setor  p ri­                                                                           am ericano escreveu um livro em que disse,                                                                                 car  o  credor  no  lugar  do  sócio?  E  respon­


          vado e.  portanto,  venha  a  exercer  um  mo-                                                                           preto  no  branco,  que  o  capitalism o  criou                                                                           deu:  Porque na própria  política fiscal o só­


          nopolio de  fato,  não  há  nenhum   interesse                                                                          coisas com o trabalho escravo de menores e                                                                                 cio é  bitributado e o credor é  incentivado.


          social  em  delegar a  ele  qualquer  tip o   de                                                                        que o socialism o acaba  totalm ente com  a                                                                                 Tem  até  prêm io  do  “ Leão”   se  aplicar  em


          monopólio legal —  defendeu Maksoud seu                                                                                  in ic ia tiv a .  O  que  é  preciso,  p o rta n to ,  é                                                                   Caderneta de Poupança. Agora, se assum ir



  .       ponto de vista a favor da iniciativa privada.                                                                           achar um cam inho,  não para o controle do                                                                                  o risco de ser sócio de algum a coisa, forne­


                Segundo o empresário paulista,  “ m alé­                                                                           Estado  mas sim   da  sociedade sobre a  in i­                                                                             cendo  capital  e  não alugando dinheiro,  aí


          fico não éa existência em si de m onopólios                                                                             ciativa  —  afirm ou o ex-m inistro.                                                                                        ele  passa  a  ser  bitributado.


          justificados  por  uma  m aior  e ficiê n cia   ou                                                                              —   E  com o  chegar  lá?  P ossivelm ente                                                                                   Durante quase toda  sua  palestra,  Joel


  !       mesmo para controlar certos recursos lim i-                                                                             procurando aplicar as mesmas regras para                                                                                     m ir B eting critico u ,  no seu estilo irónico,  o


  !       tados;  o m alefício está  no poder de certos                                                                           a  atividade econôm ica  da  sociedade,  seja                                                                                sistem a econôm ico,  o  mercado financeiro


          monopólios no sentido de proteger ou  pre­                                                                              ela privada ou estatal, ou colocando repre­                                                                                  e  os  projetos  p o lítico s  do  governo  nessa


         servar  suas  p o siçõ e s  m o n o p o lís tic a s ,                                                                    sentantes  da  sociedade  c iv il  nos  Conse­                                                                               área.  Mas fez  uma  ressalva:


  |       mesmo após desaparecidas as causas ori-                                                                                 lhos de Adm inistração da empresa  estatal                                                                                           —  O  m elhor projeto realizado no Brasil


         ginais para sua  superioridade” .                                                                                        —  sugeriu  o orador.  Em relação às teleco­                                                                                 para  le g itim a r  a  estatizaçâo  é  o  setor  de


                E acrescentou:                                                                                                    m unicações foi enfático:  trata-se de  infra-                                                                               telecom unicações,  como já fo i enfatizado


                A  com petição  favorece  a  capacidade                                                                           estrutura e ninguém  duvida m ais que deva                                                                                   por outros oradores.  E com o pode ser enfa­


  [      empreendedora.  O  em presário,  portanto,                                                                               ser prestada pelo Estado,  inclusive quanto                                                                                  tizado por qualquer cidadão na  rua.


          não  existiria  sem  a  livre  co m p e tiçã o   de                                                                     às  novas tecnologias.                                                                                                               Em  seguida,  o  jornalista  questionou  a


  í       mercado. Aí estão m inhas considerações e                                                                                        Finalizando sua  palestra,  Karlos R isch­                                                                          le g itim id a d e   do  controle  p o lític o   estatal


  I      espero que os céus não desabem.                                                                                          bieter enfocou o tem a do debate quanto ao                                                                                   “ num   se to r  de  te le c o m u n ic a ç õ e s   c h a ­



                                                                                                                                  “ A m biente de  M udanças” :                                                                                                mado de rádio e televisão” ,  considerando

            Rischbieter: Infra-estrutura é do Estado                                                                                       —  O ano 2 0 0 0  é  logo a li,  mas o  Brasil                                                                      o Dentei, a lei maior, “ pois prevalece sobre



                                                                                                                                  de  hoje  não está  pensando  no século XXI.                                                                                 a  Lei  de  Im prensa” .


                — Quando fu i convidado para este  Se­                                                                             Estamos sim  pensando no FM I,  no desem ­                                                                                          Daí  em  d ia n te ,  B eting  ded icou  o  res­


         minário, achei que era uma covardia eu me                                                                                 prego,  na subnutrição,  nas doenças,  neste                                                                                tante de sua palestra defendendo o seu se­


         expressar, pois meus am igos do sistem a de                                                                               país  doente.  Mas  é  preciso  se  preocupar                                                                               to r  p ro fis s io n a l:  jo rn a l,  re vista ,  rá d io   e


 1        TCs sabem  o  q u a n to   gosto  dele.  Há  2 5                                                                        com   o século  XXI,  senão  o  Brasil  vai  nele                                                                            televisão,  pedindo  ao  Governo  o  m esm o


 I  anos  para  falar  pelo  telefone,  entre  C uri­                                                                              ingressar  m ais  subdesenvolvido,  em  te r­                                                                               tratam ento para  todos os  m eios de com u­


          tiba e  São  Paulo,  era  preferível  pegar  um                                                                          m os relativos, do que quando entrou para o                                                                                 nicação,  isto  é,  um   regim e  de  liberdade


 [       ônibus.  Em  1 9 6 6   q u is   um a  lig a çã o   de                                                                     século XX.                                                                                                                  para a  im prensa em geral.                                                                                ***
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