Page 49 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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V i s ã o d a i n d ú s t r i a e d o g o v e r n o
das TCs. O sistema canadense nos parece Voltando ao modelo brasileiro no setor m o n o p o lís tic o de c o m u n ic a ç õ e s q u e
o mais adaptável às condições brasileiras de TCs, explicou seu fu n cio n a m e n to — "n u m espaço de 10 anos p e rm itiu a in te
devido a convivência pacífica entre a in i com gestão descentralizada e voltada aos gração de várias cidades ao sistem a, além
ciativa privada e estatal. Mas essas solu interesses das populações de cada área de de proporcionar ligações in te rn a c io n a is
ções só nos servem como balizas, pois nos atuação, sem centralism o de planejam en sem o auxílio da telefonista, inclusive d ire
sa cultura deve ser preservada, nosso mo tos e com a produção de equipam entos ta m e n te de um a rodovia do in te rio r do
delo deve ser próprio e termos bastante co m ateriais exclusivam ente pela iniciativa Ceará".
nhecimento para serm os bastante c ria privada — afirm ando que "in d is c u tiv e l Com entando as críticas da invasão do
tivos. mente esse modelo deu certo", e arrema Estado na econom ia, concordou com o
Mais adiante, Luiz Alberto Garcia falou tou com a citação de um velho d ito po p re s id e n te da T e le p a r, G eraldo G a rb i,
sobre as demissões em massa de trabalha pular: "N ão se mexe em tim e que está ven quando disse que "n ã o se muda o tim e que
dores devido a falta de encomendas e da cendo". está g a n h a n d o ", porém torna-se neces
"grande frustração de nossos jovens re Para embasar seu ponto de vista, o pre sário "u m processo de autocrítica e de crí
cém-formados pela fa lta de m ercado de sidente da Telepar propôs algumas alter tic a externa em relação a in te rfe rê n cia s
trabalho, não só no setor de TCs, mas como nativas para uma m udança de m odelo. que o sistem a estatal está sofrendo". S o li
um todo nacional". Uma delas, segundo ele, seria m udar para dário ao setor de telecom unicações, "p o is
Encerrando sua palestra advertiu o em um m onopólio privado, o que considera tal como a Embraer sofre a crescente in te r
presário: “ É preciso encontrar urgente- im praticável diante da capitação de verbas venção de um organism o central que todos
mente uma saída para a crise política, eco necessárias, fato que só seria capaz com conhecem bem pela sigla S e s t", O ziris
nômica e social, pois estamos cam inhando investim ento de capital estrangeiro. Outra afirm ou sua preocupação na redução da
rapidamente para o estágio do caos e da alternativa seria privatizar "d oand o" a em eficiência dessas empresas.
explosão social". presários brasileiros as concessões que Por fim , disse O ziris da Silva que "o
seriam pagas através de lucros obtidos, via achatam ento salarial está com prom etendo
Garbi: Novos ventos indicam
aum entos tarifários, forma que considerou a eficiência profissional das empresas go
tempestades
"b iz a rra ". Mesmo não concordando com vernam entais", acrescentando que “ o m o
nenhum a das alternativas que delineou, m ento é preocupante, pois vem os m inar
Chamando a atenção do p ú b lico pre
disse Garbi a b rir uma pequena exceção, essa sólida e stru tu ra das te le c o m u n ic a
sente para duas pessoas que trabalharam
desde que o beneficiário da "doação" go ções brasileiras, visto que sem profissio
"m ais do que to d o s ", G ilb e rto G eraldo
Garbi, presidente da Telepar, iniciou sua vernam ental fosse ele. Sobre a alternativa nais à altura e sem capital não se constrói
palestra pedindo um a salva de palm as de um sem im onopólio, ressaltou que a in i uma grande renda p e r capita".
para os dois tradutores que, segundo ele, ciativa privada só iria desejar a participa
ção em serviços de grande re n ta b ilid a d e —
conseguiram fazer m ilagres, traduzindo Sam paio: M entalidade ainda é colonial
expressões como "M ercado C apinanceiro" videotexto, por exem plo — o que ocasio
naria um aum ento drástico nas tarifas lo
do jornalista Joelm ir Beting. Não esque Embora o tem a o ficia l do S em inário te
cais.
cendo de agradecer a presença dos pales nha sido m onopólio versus privatização,
trantes estrangeiros, lamentou a ausência R eafirm ando sua posição favorável a Luiz Sérgio Coelho S am paio, v ic e -p re s i
(necessitou ir para Brasília) do deputado m anutenção do atual m odelo — m esm o dente da E m bratel, escolheu o tem a mono-
Herbert Levy, hom em da in ic ia tiv a p ri não achando p e rfe ito — evidenciou que p ó lio e co n co rrê n cia para discorrer. Em
vada, que com equilíbrio e precisão anali uma de suas com ponentes m ais im portan sua palestra afirm ou que o problem a das
tes, raras vezes explicitadas, é sua adm i
sou o desempenho do setor das telecom u te le co m u n ica çõ e s precisa ser d is c u tid o
nistração altam ente profissional, embora
nicações, no início dos debates. não só a nível de serviço, mas tam bém a ní
Garbi defendeu a m anutenção da es s u b o rd in a d a ao p o d e r p o lític o . C o n vel industrial e de infra-estrutura tecnoló
cluindo, talvez um pouco desiludido, a fir
sência do atual modelo adotado pelo Brasil gica. Tomando com o exem plo a experiên
m ou: "O s novos ventos parecem indica r
no setor das TCs, com e ntan do que não cia de países desenvolvidos com o Japão,
"entraria nessa área se não fosse a provo tem pestades para esse tip o de adm inistra Estados U nidos, Canadá e Alem anha es
cação feita pelo Dr. Henry Maksoud que, ção e indiretam ente para a m anutenção de clareceu que nestes países a política a p li
depois de cu m p rim e n ta r-m e , com c a ri nosso atual m odelo" cada, até recentem ente, foi m onopólio a
nho, no hall, aludiu que meu único defeito nível de serviços e um quase "m onopsônio
era ser um radical estatizante". Colocando Oziris rende hom enagem ao m onopólio em relação à in d ú s tria ", fa to que resultou,
que em sua o p in iã o to d o s os países do ju n to com a "pesquisa cie n tífica e tecnoló
mundo "tê m se mostrado incom petentes C olocando-se com o um usuário, não gica e os recursos governam entais, p rin c i
para executar suas atribuições— com o ad pertencente "a confraria das telecom uni palm ente na área m ilita r, na consolidação
ministrar a justiça e promover a educação c a ç õ e s ", o co ro n e l O ziris da S ilv a , v i do m odelo".
do povo — , e que nem isso os governos de ce-presidente da Em braer, com eçou sua Para o conferencista o desenvolvim ento
um modo geral conseguem fazer, por que palestra com entando que sua empresa ao das telecom unicações no Brasil só ocorreu
então deixar que o Estado invada setores com eçar com trabalhos em 1 9 7 0 , em São quando adotam os m odelo sem elhante ao
que possam ver supridos pela in icia tiva José dos Campos, em cim a de sua mesa dos países desenvolvidos, o que, segundo
privada", pois, segundo ele, "n e m mesmo havia "u m objeto preto que se cham ava ele, coloca claro que o m onopólio não pode
os países desenvolvidos, onde a m ediocri te le fo n e " e que ao pedir uma ligação para ser substituído "enquanto não consolidar
dade gerencial não é regra, se consegue São Paulo ouvia da telefonista "só am a mos um a in d ú stria e uma pesquisa te c
estatízar e g e rir e m p re e n d im e n to s de n h ã ", fato que prejudicava a agilidade dos nológica n a cio n a is", acrescentando que
modo adequado". Contudo, Garbi afirm ou serviços. "se a quebra do m onopólio é um conselho,
não ser estatizante. O ziris rendeu hom enagem ao m odelo devemos considerá-lo um bom conselho,#