Page 50 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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V i s ã o d a i n d ú s t r i a e d o g o v e r n o
ta lve z para ser ouvido d a q u i uns dez ou ções, acre ditando que o sucesso a lca n
vin te anos” . çado é fru to principalm ente de com petên M in ico m — , há generalizado reconheci
m ento de que houve um dos mais bem su
O bservando qu e a c o m p e tiç ã o exige cia, pois, segundo ele, a verdade é que não cedidos programas nacionais de desenvol
pelo m enos duas em presas, com o aconte só a com petição faz com que se tenha pro vim ento. O Brasil de hoje é m uito diferente
ceu no Japão com a quebra do m onopólio gresso. “ A com petição é apenas um dos ti do que era quando foi fundada a Telebrás.
da NTT e nos Estados U nidos com o desre pos de m otivação e não supre a com petên Depois de falar sobre a necessidade de
gram ento da AT&T, apelidou a livre com
cia ” . Finalizando sua palestra disse que “ a um a m a io r a b e rtu ra d e m o c rá tic a e de
p e tiçã o de grande “ m ito ” , pois segundo
g ra n d e re a lid a d e é qu e tu d o fic a a q u i com o preservar as conquistas alcançadas
sua lógica para haver com petição devem
numa só palavra em term os de prestação nos últim os anos, V illar Furtado salientou
e x is tir no m ín im o duas em presas fortes,
de serviços públicos e que se chama com que “ as telecom unicações do Brasil foram
além de um a estrutura paralela "e m in e n
petência. E a nosso ver, é bastante ímpar co n stru íd a s com sucesso por um grupo
tem ente cooperativa, com o a existente nos
que se discuta a privatização ou não de um profissional dedicado, que pôde se voltar
EUA, representado por um sistem a polí
dos únicos setores do governo que deu sobretudo para os aspectos técnicos do
tic o aberto e um sistem a cu ltu ra l de am plo certo” , problem a, já que a centralização do poder
acesso. Sem este ângulo cooperativo, pre
político e financeiro perm itiu que se ado
ocupado com a integridade social, o m o Rômulo sugere novo m odelo para as TCs tassem so lu çõ e s s im p le s , d ire ta s, até
d e lo e c o n ô m ic o a m e ric a n o fo rte m e n te
m esm o a u to ritá ria s, para a consecussão
co m p e titivo não seria viável” .
Defendendo a desestatizaçáo do setor dos objetivos visados” . E mais adiante:
C oncluindo, o vice-presidente da Em-
de telecom unicações, Rômulo V illar Fur — Estabelecida a estrutura do sistema,
bratel afirm ou que o afã de acom panhar o
tado, Secretário Geral do M in isté rio das definidos os recursos, o problema passou a
que alguns países desenvolvidos estão fa
Comunicações, surpreendeu o auditório ao ser tratado de modo essencialmente pro
zendo, não passa da “ velha questão da
su g e rir, em sua palestra no S em inário fissional, mas ultim am ente já começamos
m entalidade co lo n ia l” , a seu ver o “ nosso
Telebrasil, a transferência das ações ord i a viver os efeitos políticos, porque o go
m ais grave problem a, pois só a partir da
nárias da União — (atualm ente acionista verno, visando debelar a imensa crise em
nossa própria experiência terem os condi
m a jo ritá ria ) — aos m ais de 3 m ilhões e que estamos envolvidos, tem sido forçado
ções de aprim orar nosso m odelo de teleco
meio de acionistas preferenciais e aos 100 a adotar o m esm o c rité rio em relação às
m unicações e criar nosso futuro m odelo de
m il empregados do sistema, diretam ente, em presas estatais sem diferençá-las em
te le in fo rm á tica ” .
ou através das Fundações de Seguridade termos de desempenho.
A lpha: O im portante é a com petência Social, uma espécie de “ democratização Em seguida, V illar Furtado citou como
do capital” . Segundo V illar Furtado, se a e xe m p lo o FN T, “ usado em sua maior
— Houve um a a firm a tiva aqui, que o totalidade das ações nom inativas credita parte para o u tro s fin s alheios às TCs” ,
governo é um m al necessário. Eu não diria das à União fosse dividida somente entre além das lim itações dos investimentos, a
exatam ente isso. Eu diria que o governo é o os 100 m il funcionários da Telebrás, bas com pressão sa la ria l e os reajustes tari
governo. Ele pode ser bom , ou pode ser tariam — a preços de abril últim o — ape fários, estes “ m uito aquém dos níveis as
ru im , assim com o uma prestação de ser nas Cr$ 7 m ilhões de financiam ento por segurados pela legislação em vigor” .
viço pode ser boa ou ruim , com m onopólio empregado para que sua idéia se concreti Achando que a política vai “ interferir
ou não — a firm o u Sebastião Esteves A l zasse. E acrescentou: “ O que precisamos m u ito nas te leco m unicações” , o pales
pha , e x -d ire to r da T elebahia e a tu a l v i fazer é re fle tir sobre o que é básico” . trante sugeriu a eleição de mais profissio
ce-presidente da NEC do Brasil. O Secretário Geral do M inicom , no in í nais do setor para membros do Congresso
Ao analisar com o eram e com o são hoje cio de sua palestra, já havia dito que “ é in- Nacional, “ a fim de m elhor preservarmos
os serviços de telecom unicações no Brasil, d is c u tív e l a o p o rtu n id a d e deste S e m i nossas co n q u ista s” , acrescentando que
lem brou a posição tom ada pelo país para nário, pois ele aborda, corajosamente, te “ é preciso evitar que a barganha política
um a ação vita l e d e fin itiva onde fossem re mas ainda cercados de certos tabus, mas venha a se co n stitu ir no critério básico de
so lvid o s d o is pro blem as: o das próprias que há algum tem po estão latentes em preenchim ento de cargos em nosso setor” .
te le c o m u n ic a ç õ e s e um ce rto com plexo nosso setor e que tinham necessidade de Ao repudiar a influência externa no se
sobre a capacidade brasileira de prestar um forum de debates com o este” . V illar tor de TCs, Rômulo V illar Furtado lembrou
um bom serviço, posição que resultou no Furtado ressaltou, tam bém , que era pre que “ o Brasil está em processo de mudan
p la n e ja m e n to de um sistem a integrado, ciso reconhecer, no m ínim o, duas m udan ças e o nosso problem a é de adaptação a
que só pôde ser concretizado devido a “ um ças fundam entais: a prim eira, a do meio tais mudanças. A creditar que o modelo an
interesse superior no desenvolvim ento do am biente tecnológico im pulsionado pela tig o de desenvolvim ento nacional e, em
país com o um to do” . evolução dos com ponentes eletrônicos, particular, das TCs possa continuar a apli
Sobre o m onopólio do setor, Sebastão principalm ente pela convergência das TCs car-se — pois afinal foi bem sucedido— é
A lpha a firm o u que “ hoje, quando d iscu ti e Inform ática. E a segunda, a mudança do típ ic o do envaidecim ento que o sucesso
m os acerca de m onopólio ou de estatiza- m eio am biente p o lítico , social e econô traz. Para m anter o sucesso é preciso flexi
ção ou de privatização, nós já o fazemos m ico do Brasil que começa a se concre bilidade, novos modelos e idéias. A tese da
com base na estabilidade e na qualidade tizar. dem ocratização do controle da Telebrás é
de nosso sistem a de TCs. Podemos nos dar Situando-se em determ inadas épocas, uma idéia que parece de acordo com os
até ao luxo de dizer que tem os um dos sis o orador lem brou como transcorreu o de tem pos que vamos viver. É uma contribui
te m a s m a is re s p e itá v e is em te rm o s de senvolvim ento das nações industrializadas ção im p o rta n te para o regim e político e
q u a lid a d e , no m u n d o , o que não ocorre desde o século passado e o do Brasil nos e c o n ô m ic o , p o is a fin a l de contas já é
ainda em relação à q u a ntidade” . últim os 5 0 anos. tem po de se escolher um novo modelo para
A lp h a concordou com a posição tomada — Na área de telecom unicações, prin a institucionalização definitiva do estado
p e lo B ra s il em relação as te le co m u n ica cipalm ente — disse o Secretário Geral do brasileiro” . tt