Page 10 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1991
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R e e s t r u t u r a ç ã o e c o n f i a n ç a n o f u t u r o
P ara enfrentar a retração de ven cair um pouco, principalmente na a abertura da economia brasileira vai
levar a isso. E no final quem vai ga
área de telecomunicações.
das e a concorrência externa, a
Ficap — Fios e Cabos Plásticos do A Ficap não produz fibra óptica, nhar é o consumidor. Espero que a
Brasil está promovendo ampla reestru apenas cabos ópticos e nesse segmen inflação também tenha uma queda sig
turação na empresa. Por falta de enco to já está dobrando a produção com nificativa como reflexo dessa postu
mendas, principalmente dos produtos pequenos investimentos, visando aten ra empresarial”, disse o presidente
destinados às estatais, a Ficap foi obri der, se vencer a licitação, “o grande da Ficap.
gada a demitir, no decorrer de 1990, enlace óptico entre Rio e São Paulo, Quanto à modernização do País,
quase 800 empregados, ficando restri anunciado pela Embratel”, revelou o Manoel Horácio acha que está haven
ta a um quadro de 1.080 funcionários, executivo. A linha de produção da do muito discurso e menos ação, ‘‘prin
com o objetivo de baixar os custos. Ficap que demonstra atualmente me cipalmente na chamada desregulamen-
Segundo o presidente da empresa, lhor desempenho no mercado é a de tação da economia que está andando
Manoel Horácio Francisco da Silva, TCs. muito devagar”’. Ele reconhece, contu
a perspectiva para 1991 é de que have do, que as mudanças estruturais da
rá um crescimento de pessoal nas áre economia estão acontecendo, “nin
as ligadas diretamente à produção, is guém pode negar isto, mas, mesmo
to é, operadores de máquinas, “já que assim, acho que o governo deveria co
a área de cabos para telecomunica meçar a agir para depois discursar’”.
ções tende a ficar mais atuante”. — Em termos políticos e econômi
Manoel Horácio da Silva, paulista, cos — continuou Manoel Horácio —
45, tem grandes esperanças para o bi a equipe que aí está, mesmo dizendo-
ênio 91/92. Ele acredita que o setor se extremamente teórica ou de PhDs
de TCs vai se desenvolver com maior — como ouço falar — , está tentando
dinamismo nesse período, principal fazer o melhor para o País. Se não
mente pelas mudanças que vêm ocor houver algo que interrompa este pro
rendo no Sistema Telebrás. E citou cesso, acredito que as coisas vão se
nominalmente o presidente da Telesp, ajustar com o tempo.
Oswaldo Nascimento Filho, "como Manoel Horácio d/t Silva. presidente da Ficap. Um dos recentes sucessos da Ficap
um homem que conhece bem a inicia foi a assinatura de contrato com a Ele-
tiva privada, é eficiente administra Manoel Horácio não acredita que, tropaulo para o fornecimento de mate
dor e vai trabalhar com mais produti no Brasil, a indústria de TCs vá mu riais e equipamentos pelo sistema de
vidade". dar estruturalmente na década de 90. garantia de qualidade, o mais moder
O executivo lembrou ainda que as Ele acredita, sim, na mudança de en no do mundo e implantado há mais
estatais de telecomunicações não com foque: "A competitividade vai fazer de dois anos na empresa e que se ba
pram cabos há dois anos e durante com que as indústrias saiam de suas seia em verificar todas as etapas do
esse período as empresas de rede ex posturas estáticas, acomodadas, e bus processo que influenciam, direta ou
terna zeraram seus estoques de manu quem a eficiência de suas unidades. indiretamente, na qualidade do produ
tenção. "Então, eu vejo para este ano, As empresas podem mudar seus enfo to. Para o presidente da empresa só
na área de cabos, uma grande recupe ques diminuindo custos e lucros pa está faltando um acordo idêntico com
ração e, por isso, estou muito anima ra poderem sobreviver. Eu acho que a Telebrás. (JP)
do com as perspectivas”, enfatizou.
Outros dois segmentos explorados pe
la Ficap são os cabos para energia elé Segundo lugar no “ranking”
trica, "uma área muito mais politiza
da", e de fios esmaltados, "um setor A possui duas fábricas no Brasil: uma
Ficap divide-se em três segmentos:
basicamente voltado para exportação". cabos telefônicos, cabos ópticos e próxima do km 2 da Via Dutra (RJ) e
O presidente da Ficap acha que a energia elétrica, e de fios esmaltados. outra em Americana (SP).
liberalização das importações deve A empresa mantém o segundo lugar Em 1982. a Ericsson sueca adquiriu
afetar a economia do País. E exempli no ranking brasileiro de cabos, sendo o controle acionário da Ficap, repassan
superada apenas pela Pirelli. Ela foi
ficou: "Nossa empresa tem um produ pioneira na fabricação de fios plásticos do à Paraibuna Metais quatro anos de
to que se assemelha muito às com m o no País, que substituíram os fios de pois, quando aconteceu a abertura de
capital. Até maio do ano passado, a
dities. Nosso produto é, afinal, cobre borracha, em 1947, ano de sua funda Ericsson só tinha 30% das ações, todas
embalado em plástico e as facilidades ção. No fim da década de 50, passou preferenciais sem direito a voto. Des
para sua importação são grandes, ha a ser controlada pelo grupo norte-ame de então, ela recomprou todas as ações
ja vista a redução das alíquotas de ricano Anaconda. Já no início da déca com direito a voto do grupo Paraibu
fios esmaltados para 15%, fios telefô da de 80, a Ficap faturava US$ 100 na e, posteriormente, comprou 40%
nicos e energia elétrica para 20%". milhões/ano, chegando em 1989 com das ações dos sócios minoritários com
US$ 132 milhões. Em 90, ficou em tor
—• E claro — acrescentou — que is no de US$ 100 milhões, quantia esta direito a voto, o que significa, segun
so dimensiona o perfil da Ficap, fazen que deverá permanecer em 1991, consi do Manoel Horácio da Silva, que a
Ericsson possui hoje 96% das ações
do com que a empresa seja mais efi derada pelo presidente da companhia com direito a voto. Do total das ações,
ciente para poder competir com o pro como uma queda significativa. A Ficap a Ericsson possui atualmente 52%.
duto externo. Os preços tendem a