Page 6 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1991
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Telebrás
P e r s p e c t i v a s e i n c e r t e z a s p a r a 1 9 9 1
Jenner de Paiva (*)
O setor de telecomunicações só co suas cabeças ou mudamos as cabeças", são à Constituição, às leis e aos regu
meçará a sentir os cfeitas das me enfatizou. lamentos em vigor. 2o) é de que o pro
Segundo Joel Rauber, a estrutura cesso de liberalização em curso de for
didas de liberalização do merca
tarifária está gravemente distorcida ma alguma se constituirá em ameaças
do dentro de, no mínimo, dois a
por coisas que foram se acumulando à estabilidade das em presas do setor;
três anos. A previsão é da Secreta
e se arrastando ao longo do tempo e pelo contrário, com toda a certeza se
ria Nacional de Comunicações anun que chegou a hora de resolver: Io) o rá um precioso instrumento de revita
ciando que as empresas começarão exagerado subsídio ao serviço local, lização e fortalecimento indispensá
a competir, efetivamente, a partir que onera o sistema com custos deze vel diante das novas condições que
de 1993. A té lá, devido à crise, a nas de vezes maiores do que pagam já estão caracterizando o limiar do sé
iniciativa privada terá de se reor para sua manutenção; 2o) o autofinan- culo XXL
ganizar. ciamento, que juntam ente com a cau — O ano de 1991 — continuou Rau
ção e a doação compulsória são meca ber — tem tudo, portanto, para se tor
nismos não tarifários de captação de nar o palco, desde o início, de ações
A pesar da conjuntura político-eco recursos que distorcem a estrutura, concretas de enorme alcance. O que
nômica atual que o Brasil ora atra
porque permitem um falso “baratea
vessa, o Secretário Nacional de Comu mento generalizado“ do valor das ta é importante neste momento é que
se apercebam de que realmente esta
nicações, Joel Marciano Rauber, acha rifas. Para Rauber, as indústrias e as mos num verdadeiro processo de mu
que as mudanças no setor de teleco operadoras, em conjunto, deviam ter dança de um modelo que funcionou
municações são impo/tantes e têm como meta principal o atendimento muito bem, mas que no decorrer do
de ser feitas agora. “E uma mudan às necessidades dos usuários. tempo ficou carregado de restrições
ça cultural, não apenas dentro das fun descabidas e ultrapassadas, a maioria
ções de governo , como também nas Perspectivas delas há muito identificadas e discuti
indústrias, nas concessionárias de ser das, mas que permaneciam, intocadas
viço público. Estamos convictos e de
O Secretário Nacional de Comunica devido à inércia natural das coisas.
terminados nessa direção. Os adminis
ções ressaltou ainda que a política Seguindo o raciocínio de Rauber,
tradores das empresas públicas de de liberalização de serviços, que se quanto à revisão tarifária, o diretor
TCs ou mudam o que está dentro de (*)
pretende im plem entar fortem ente do Departam ento Nacional de Servi
em 1991, deve ser entendida sempre ço Público da SNC, Benjamin San-
(*) Com base cm reportagem e material recolhido como subordinada a dois fatores prin kieviez, observou que os principais
por oca ui to do 20 Encontro Nacional de Comunica- cipais: Io) é de que ela pode ser feita problemas, como o congestionamen
ções. promovido pelo jornalista Ethevaldo Siqueira,
diretor da RNT, em Sio Paulo (SP) — e será feita — em perfeita submis to de ligações telefônicas, não serão