Page 12 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1991
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vê 18 mil km-veia de fibra, e outros
tituto Nacional de Patentes Industriais).
O CPqD presta assistência técnica à enlaces tuturos envolvendo Campinas,
Bracel, tendo treinado os oito enge Belo Horizonte e Curitiba
nheiros que participarão do processo Uma empresa que Gabriel Jorge
de produção da fibra, e recebe royal Salomão, pai do atual presidente, fun
ties da ordem de 2% sobre as vendas dou em 1961, para fabricar fios para
efetuadas. antenas de televisão, hoje, a Bracel
Condutores Elétricos Ltda, emprega
Investimento cerca de 500 pessoas, em 40 mil m2
fabris de área construída. No ano pas
O projeto da Bracel, aprovado pe sado, a empresa faturou 40 milhões
lo Conin (Conselho Nacional de Infor de dólares, dos quais 70% gerados
mática), representa um investimento na área de telecomunicações — prati
de 8 milhões de dólares, parte finan camente o Sistema Telebras — e o
ciada pelo BNDES e pelo Finame, restante na de energia elétrica.
além de ter recebido isenção de im Produzindo toda linha de cabos te
postos de importação. lefônicos (até 2400 pares), incluindo
“Não quisemos perder o bonde da cabos com isolamento de papel e ca
história e achamos fundamental para bos ópticos, a empresa é líder na produ
o futuro da empresa verticalizar com Jorge Salomão segurando uma pré-form a. ção de fios telefônicos (fio drop) além
a produção da fibra óptica”, afirma sem de fabricar, na Intercel, fios espirala-
hesitações Jorge Salomão. O preço in dos para aparelhos telefônicos. Em
ternacional da fibra óptica gira em tor tenção dos cilindros que servem de 1979, foi reservado à indústria nacio
no de 18 a 22 centavos de dólar e o insu mo básico ao processo MCVD, nal o mercado Telebrás de fios telefô
custo da fibra, fabricada no País, es eles podem ser adquiridos nos Esta nicos. “Hoje são 18 empresas operan
tá previsto em 30 centavos de dólar, dos Unidos, Alemanha ou Japão, os do neste segmento, com tecnologia
visto o alto custo dos juros, dos insu- únicos fornecedores mundiais. já absorvida e a reserva não vigora
mos e da carga tributária a que a in Jorge Salomão não está preocupa mais na prática”, explica o vice-presi
dústria local está submetida, mas "o do com a colocação de sua produção dente da Bracel, Gabriel Salomão.
custo apenas da produção é compatí de fibras. A Europa tem necessidade Com a implantação da fabricação de
vel com o do exterior”. O faturamen do produto e se preciso for a Bracel fibras ópticas, a Bracel demonstrou
to esperado com a fibra óptica deve irá partir para a exportação. Ela tam que — consoante com a política vigen
rá representar de 10 a 20% do fatura bém estará de olho no enlace óptico te — não precisará de reserva de mer
mento total da empresa. Quanto à ob- entre Rio e São Paulo, em que se pre cado para vencer. (JCF)
Óptica ros sistemas são paru altos volumes de os demais dopantes) em bocais contendo
produção e utilizados, respectivamente, soluções de tetra cloreto de silício e de
nos EUA e no Japão, ao passo que o germânio, com adição posterior de gazes
A receita para MCVD é um sistema flexível para volu como Hélio, Freon, Cloro e Oxicloreto
mes menores. de Fósforo. Uma complicada aparelhagem
fazer fibra O processo MCVD, utilizado pela Bra- mede e dosa o fluxo de massa de todo o
ccl, parte de um cilindro perfurado de si processo.
lício (preforma) que posto num torno espe Numa segunda etapa, subseqüente, a
cial giratório é aquecido atingindo em seu preforma, preparada no estágio anterior,
A fibra óptica nada mais é que um fi interior temperaturas de 1700°C. Simultâ é levada para uma torre de 12 metros de
no fio de vidro, extremamente transparen neamente, são injetados diversos gases altura quando é aquecida à alta temperatu
te, que mantém confinado um feixe de que, numa reação tcrmoquímica, deposi ra de 1950°C e deixada fluir, por ação
luz (coerente) em seu interior podendo tam camadas desejadas, no interior do ci da gravidade. A preforma, então, se con
servir, assim, como meio de transmissão lindro. A injeção dos gases é um proces trai, gerando a fibra óptica que ao final
de informação, de capacidade muito alta. so complexo envolvendo o borbulhar de da descida na torre é recoberta por fina
A fibra óptica é constituída de um núcleo oxigênio (que serve de transporte para camada de resina, “curada” por raio ultra
e de uma camada externa, aderente. Nú violeta e cuja finalidade é a proteção me
cleo e capa têm propriedades ópticas dis cânica da fibra. O processo de “puxamen-
tintas (índice de refração) que são obtidas to” da fibra, na torre, é contínuo e possui
no processo de fabricação. Distingue-se temperatura, tensão mecânica, diâmetro
quanto ao perfil de refração, as fibras do e centralização da fibra no forno de aque
tipo multimodo e monomodo (modo sen cimento, monitorados de modo permanen
do o esquema de propagação da luz no in te.
terior do meio). A fibra monomodo Todo o sistema utilizado pela Bracel
— mais fina que a multimodo — otimiza para produção da fibra é controlado a com
a transmissão da luz na fibra permitindo, putador. “Mudar o tipo de fibra fabrica
assim, alcançar maiores distâncias, sem da é apenas mudar um disquete”, expli
a necessidade da repetição do sinal por ca Pekka Kykkãnen, da Nokia-Maillefer,
meio de amplificadores.
Existem vários processos de fabricação fornecedor do equipamento. A fibra é pu
xada a cerca de 120 m/minutos e é auto
para fibra óptica. Eles variam na geome maticamente testada quanto às suas carac
tria do processo termomecânico emprega terísticas ópticas e mecânicas. A fim de
do, mas têm em comum a ação de gases se tornar cabo, a fibra ainda recebe, por
selecionados sobre um substrato de silício extrusão, um outro revestimento de nylon.
(quartzo). Distingue-se dentre os sistemas Um conjunto de até 12 fibras será então
VD (vapor deposition): o OVD (Over VD), enrolado em torno de um núcleo central
o VAD (vapor axial deposition) e o MCVD
para formar, afinal, o tão desejado cabo
(modified Chemical VD). Os dois primei- óptico. í/CF)