Page 11 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1991
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Bracel
p r e c i s o t e r f i b r a
O que é preciso para fazer fibra Uma empresa sueca, AGA, forne e filtragem de ar. Desafio especial foi
óptica? Gazes raros, salas limpas, ceu à Bracel a instalação e o supri o da torre de puxamento da fibra,
máquinas especiais, gente treina mento de gases utilizados no proces que exigiu grau de pureza Classe 100
da, know-how especializado, deter so e a NEU, empresa francesa, o paco — obtido através da insuflação de 73%
te de salas limpas. O processo de fa de ar externo, com utilização de su-
minação empresarial e perspecti
bricação de fibras ópticas exige a utili perfiltros para reter 87% das partícu
vas de mercado. A Bracel, após
zação de gases tais como hidrogênio, las acima de 0,5 micron, suspensas
quatro anos de planejamento, inau oxigênio, nitrogênio, hélio, argônio, no ar, e de perfis especiais em diviso
gura sua unidade de fabricação cloro e freon. “Hoje em dia, a indús ras a fim de criar um fluxo laminar
de fibra óptica no País. tria eletrônica emprega mais de vin de ar no interior da torre.
te tipos de gases, alguns extremamen Coube à Belfrano fornecer o siste
te tóxicos, como é o caso da fosfina ma de lavagens de gases e dos siste
mparada por cuidadoso planeja
A mento de quatro anos, comple e arsina, e que exigem capelas fecha mas de exaustão e à Milipore fazer o
tratamento de água utilizando técni
mentado por viagens de reconheci das”, observa Márcio Barbosa, da cas de osmose e de troca iônica para
AGA, que também é fornecedora da
mento em instalações dos Estados
Pirelli e da ABC Xtal, que fazem fi alcançar níveis de 20 mil meghoms
Unidos, Japão, Inglaterra e Holanda, bras ópticas. A umidade é uma das de condutibilidade do líquido. A York
a direção da Bracel inaugurou no seu grandes inimigas do processo de fa Technology, inglesa, representada pe
parque fabril, em Santana do Parnaí- bricação de fibras ópticas e seu combate la AGC Optosystems, ficou com o pa
ba, na periferia de São Paulo, a Ia fa exige tubulações extremamente bem cote de teste e de instrumentação es
se de sua unidade de produção de fi vedadas e polidas internamente. Pa pecializada, incluindo clivadores, ana
bras ópticas. “Foi algo mais complica ra isto, a AGA utilizou na instalação lisadores de preforma e de geometria,
do do que esperávamos” diz justifica- da Bracel, um processo de soldagem bem como de caracterização da fibra
damente Jorge Salomão, diretor-presi orbital — originário da NASA -• e de acordo com padrões CCITT, EIA,
dente da Bracel, para quem progra que permite unir duas tubulações, IEC e OFMC (optical fiber measure
mas de alta tecnologia “só podem ser em apenas 6 segundos, sem deixar ment consortium).
administrados por quem adquiriu
nenhum resíduo solto. Em 1988, CPqD e Bracel firmaram
know-how".
Já o pacote de salas limpas — Clas contrato de transferência de tecnolo
se 100 mil — foi objeto de estudos e gia dando a “receita de bolo” para a
Estratégia
execução da NEU que opera em ven fabricação da fibra. O contrato está
tilação, salas estéreis para hospitais devidamente registrado no INPI (Ins-
A estratégia vencedora que a Bracel
adotou e que contou com a contribui
ção de Jorge Marsiaj e Cláudio Horu-
ti foi o da aquisição de pacotes tecno Náo vai faltar mercado
lógicos integrados. Assim, foi selecio
mercado mundial de fibras ópticas,
nada a Nokia-Maillefer para fornecer, O em 89 foi de 23 mil km-veia, toda ab
além do projeto global, máquinas de em 00, representou 4,5 milhões sorvida pelo Sistema Nacional de TCs.
processamento, torre de puxamento, de km-vcia com crescimento previsto Já para o ano de 91, diz o presidente
de 8%, 5% e ()% para os anos de 91, da ABC Xtal, Walter Machado, que a
sistemas de preforma e tornos de po
92 e 93. Fibras ópticas sào utilizadas capacidade da empresa deverá passar
limento, sala de análise de fibras, li
para interligar cidades — Rio e Sào de 55 para 88 mil km-veia.
nha de extrusão e máquina cabeado- Paulo tem enlace interurbano óptico A Telebrás, mais recentemente, efe
ra, além de tanques e cestas para ar previsto até 92 — mas seu grande po tuou licitação internacional para aten
mazenar çazes utilizados no proces tencial, segundo Fernando Vieira de der à suposta demanda reprimida de
so de fabricação. Souza, do CPqD, reside na rede de dis fibra, importando 35 mil km-veia, pe
A Nokia-Maillefer, grupo suíço que tribuição junto ao assinante, onde subs la Philips, mas segundo se confidencia
opera em 120 países, detém 21% do tituirá o par telefônico de cobre. no setor alguns lotes do produto esta
Para os anos 95, chegará a fibra riam com problemas em seu revesti
mercado fornecedor de máquinas e
de plástico PPMA (polymethil/meta-a- mento o que vem impedindo sua maior
sistemas completos para a indústria
crilatoj, mais barata, de diâmetro (900 utilização.
mundial de fios, fibras e cabos. Seu
micra) e atenuação (100 dB/km) do que “A Bracel vai ter um produto de
faturamento é de 120 milhões de dolá- a de silício e destinada a distâncias padrão internacional", garante Alfred
res anuais. Sobre a escolha do proces mais curtas (de 0,1 a 1 km). Bartkievicz, presidente da Nokia-Mail
so MCVD, pela Bracel, diz Alfred No Brasil, Pirelli, ABC Xtal e Bra lefer, fornecedor do equipamento de
Bartkievicz, presidente da Nokia, que cel são produtoras de fibra óptica, as produção de fibra. A produção da Bra
este “é um processo relativamente sim duas últimas utilizando tecnologia do cel, operando em 3 turnos, será numa
ples, cuja eficiência está supercom- CPqD. A Pirelli, de acordo com a Ia fase de 21 mil km-veia de fibra mo-
provada, desde 84, em instalações na atual orientação do Governo, não terá nomode, crescendo para 42 mil km-veia
Europa, Estados Unidos e proxima maior impedimento para produzir e finais. “Vamos ter fibra para garantir
mente na China”. Frente aos negó fornecer fibras para o sistema Tele- nossa produção de cabos ópticos e pa
brds. A ABC Xtal gozou, inicialmente, ra quem dela necessitar", promete Jor
cios em perspectiva na América Lati da exclusividade como fornecedora
na, a Nokia-Maillefer pensa até em de fibras à Telebrãs. Sua produção ge Salomão, presidente da Bracel.
abrir escritórios em São Paulo.