Page 34 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1989
P. 34

XX PAINEL TELEBRASH




                                   Sugestões para um programa de Governo

                                      Foz do Iguaçu (PR) —  20 a 24  10 89




                                                                                                                                                                                                               L  Pattern, dê Pire th                                 Alencjstro,  ex-Tetebrá$




           JC Vallim (advogado) — A Telebrasil tem voz e                                                                                 0  que é mais importante é as empresas pri­                                                                      blemática do setor.  Temos mesmo que discutir


          voto no Conselho  Nacional  de  Telecomunica­                                                                          vadas se constituírem para oferecer novos servi­                                                                        o nosso modelo de TCs, e coloco a disposição o

          ções e poderia representar o ponto de vista de                                                                        ços, não caracterizados como serviços públicos,                                                                          IE.  tanto com  sua  infra-estrutura,  quanto coro

          fabricantes e usuários. Em relaçáo à estatizaçáo                                                                       para  não ofender a  atual  Constituição.  Seria                                                                        os engenheiros de  TCs,  e que não tiveram, to­


          e  privatização ambas  são ações complemen­                                                                           aproveitar os meios disponíveis para apresentar                                                                          dos,  a oportunidade de estar aqui presentes.


          tares, mas cabe ao usuário o direito de opção. 0                                                                      novos e variadíssimos serviços que a sociedade

          monopólio deve ser conquistado pelo maior de­                                                                         demanda  e que a  estrutura  monopolizada  não                                                                          Sérgio  Medeiros  (IBM ) —  Quando discutimos

          sempenho frente à competição e não outorgado                                                                          tem  flexibilidade  suficiente  para  oferecer.  A                                                                      como recuperar tarifas baixas na telefonia, altas


          simplesmente pela  legislação.                                                                                        Constituição,  ao dizer que os serviços públicos                                                                        nas comunicações de dados, acho que a política


                                                                                                                                de TCs só podem ser explorados pelas estatais,                                                                          real  de tarifas deveria  ter um  modelo baseado
          Quandt de Oliveira  (ex-Ministro das Com.) —                                                                          recaiu num anacronismo, visto que o que se pre­                                                                        em seus custos, com parâmetros visíveis e de fá­


          Em relaçáo ao tema recorrente da privatização é                                                                       tende  não é  privatizar a  estrutura  que aí está,                                                                    cil  entendimento  para  toda  sociedade  Ao Dr

          bom lembrar que na década de 50 as empresas                                                                           mas sim oferecer,  com ela,  novos serviços.                                                                           Rômulo, eu gostaria de perguntar se há espaço,


          privadas exploravam as TCs, mas que tarifas in­                                                                                                                                                                                              no seu modelo para as TCs, para as empresas de

          suficientes conduziram este sistema ao fracas­                                                                                                                                                                                               capital estrangeiro instaladas no Brasil?                                                                        i


          so. Antes de qualquer privatização é necessário

          se fazer uma análise muito boa sobre o atual mo­                                                                     Ludgero Pattaro (Pirelh) —  Gostaria de conhe­                                                                           Rômulo Furtado —  Acho que ha espaço para c

          delo e qual a causa real de seus problemas.  Pri­                                                                    cer a posição do Dr. Paiva Lopes sobre contratos                                                                        capital  estrangeiro que está aqui,  e para mais


         vatização não é um objetivo per si. O objetivo é                                                                      em  regime de joint-venture para  agilização do                                                                         capital estrangeiroquequeira vira se instalar no

         servir bem ao usuário.  Minha  proposta é que a                                                                       processo de absorção de novas tecnologias.                                                                              Brasil,  para  produzir aqui  dentro,  inclusive,


         Telebrasil dedique,  no ano que vem, uma série                                                                                                                                                                                                gerar empregos  No modelo que imagino não de­

         de Encontros para se chegar a uma proposta efe­                                                                       Paiva  Lopes  (Splice) — A  Lei  de  Informática                                                                        verá  haver discriminação,  embora devamos,

         tiva que deverá ser fruto de um reestudo do mo­                                                                      criou  um  negócio,  que não dá  para  funcionar,                                                                        sim,  criar estímulos e determinados mcent^os


         delo de empresas-pólo,  estabelecido ao princí­                                                                      definindo que o sócio nacional  deveria  ter um                                                                          para que o capital nacional se faça presente em

         pio dos anos 70 pelo Ministro Corsetti.                                                                              controle de 70% na sociedade, e o sócio estran­                                                                          nosso  setor,  da  mesma  forma que fizemos em


                                                                                                                              geiro, s  existisse, não poderia ser o dono de sua                                                                       passado recente quando foi  instituída a nova

         Delson Siffert (consultor) — 0  setor de TCs está                                                                    tecnolo -ia. Poderíamos estabelecer alguma coi­                                                                          política de  introdução das centrais de comuta

         mais ferido do que propriamente morto.  Em re­                                                                       sa no se  Jo de que parte da pesquisa seja feita                                                                        ção por programa armazenado


         laçáo à privatização, muitos serviços periféricos                                                                    no Brasil. Quem quiser produzir que venha aqui

         poderiam ser dados à indústria privada, mesmo                                                                        para  dentro.  Nossas empresas são capazes de                                                                           Gal.  Alencastro (ex-Telebrás) — 0  próximo go­

         a luz da Constituição, o que permitiria aliviar as                                                                   competir com  qualquer um.  Nosso objetivo é                                                                            verno deverá fazer o maior esforço para que o se­


         dificuldades de investimento encontradas pelo                                                                        que  tenhamos empresas aqui  no  Brasil  que                                                                            tor de TCs, com seu baixo endividamento, possa

         Sistema  Telebrás.  A situação tarifária é ruim e                                                                    déem  empregos a  brasileiros e que  permitam                                                                           ter acesso às fontes de financiamento e. neste

         precisa ser melhorada. 0  mecanismo de planta                                                                        que o  País  progrida.  De  qualquer forma,  não                                                                        caso,  muito em especial, aos bancos estrangei­


         doada,  em  que o usuário investe e depois doa                                                                       conseguiremos mesmo gerar toda tecnologia de                                                                            ros,  aos quais nunca  tivemos acesso talvez por

         este investimento à Telebrás. é algo a ser incen­                                                                    que o Brasil precisa.                                                                                                   falta de diálogo,  ou de uma  política especifica


         tivado.  E  preciso amadurecer um  modelo  no                                                                                                                                                                                                neste sentido.  Nosso Secretário Geral também

         qual  a  iniciativa  privada  possa ajudar a  Tele­                                                                  Ludgero  Pattaro —   Faço esta  pergunta ao  Dr.                                                                        citou a abertura do capital, em paralelo ao auto-

         brás, obviamente sem criar cartórios. A Telebrás                                                                     Rômulo, também investido da função de VP do                                                                             financiamento,  enquanto que. ou até que, não


         continuaria com suas atribuições, mas teria sua                                                                      Sindicato das  Indústrias de Condutores  Elétri­                                                                        nos permita arrecadar os recursos no mercado,

         ação complementada  pelos  investimentos de                                                                          cos (Sindicei) e como diretor da Abinee, do sub­                                                                        capazes de cobrir os investimentos necessários.

         grupos privados.                                                                                                     grupo setorial  de acessórios e cabos,  além  de                                                                         No aspecto  institucional,  deveriamos tentar


                                                                                                                              funcionário da Pirelli. 0  setor onde atuamos, re­                                                                       uma lei complementar definindo o que éserviço

                                                                                                                              des e cabos, é extremamente dependente de de­
         Hélio Estrela (ABL) —  Em relação ao problema                                                                        cisões de curto prazo.  Que sugestões teríamos,                                                                         de telecomunicação, pois o Brasil não pode es­


         da privatização é bom lembrar que o Estado não                                                                       a  seu ver,  dentro de  um  programa de governo,                                                                         perar até  1993  para  modificar a Constituição

         investiu um só centavo em telecomunicações e                                                                         para os próximos três meses?  Aliás  nos  pare­                                                                         Talvez seja até uma missão da maior signiíicán-


         sim foi  o contribuinte e o usuário.  Este ultimo                                                                    ceria válido neste programa de governo, um ca­                                                                          cia para a Telebrasil, elaborar um anteprojetode

         investiu sob forma do FNT, que foi um investi­                                                                        pitulo inicial com o título emergencial para tra­                                                                       uma  lei  complementar,  embora a Constituição


         mento a fundo perdido, bem como no autofinan-                                                                        tar dos problemas de curto prazo.                                                                                        não exija.  O que nós poderemos obter é um Có­

         ciamento que em  realidade apenas  lhe deu o                                                                                                                                                                                                  digo Brasileiro de Telecomunicações para o fu­

         direito para  aquisição de uma  linha  telefônica                                                                     Rômulo Furtado (Mtnicom) —  Ontem,  durante                                                                             turo, onde serviços básicos de interesse público


         dali a dois anos. E preciso, também, ter no Con­                                                                      sua  exposição,  Almir Vieira  Dias se referiu ao                                                                       im ediato,  sejam  definidos,  e os demais li­

         selho de  Administração das empresas opera­                                                                           fato de que  existe  um  processo continuado de                                                                         berados.

         doras representantes da  iniciativa  privada para                                                                     atividade neste campo de redes e cabos. Sei que


         manter mais crítica a ação do Conselho sobre a                                                                        este ano,  em  particular,  as contratações neste

         Administração.  É preciso ainda dar ao usuário o                                                                      setor sofreram drásticas limitações. Os recursos


         direito de opinar.                                                                                                                                                                                                                            Kleber Castilho  (Abenmest) —  Está havendo
                                                                                                                               gerados  para  investimentos têm  sido,  na  ver­                                                                       êxodo de  milhares de  profissionais da área de


                                                                                                                               dade, quase que apenas suficientes para pagar                                                                           TCs para a de informática.  Mas a área de infor­

         R.  Furtado (Mimcom) —  Às vezes há confusão                                                                          compromissos anteriormente assumidos.  Te­                                                                               mática  depende das telecomunicações; o que


         entre desestatizaçáo,  desregulamentação,  pri­                                                                       mos que implantar contratos de pagamento de                                                                              fazer?

         vatização e monopolização. E importante carac­                                                                        mais  longo  prazo.  Agora,  quanto aos próximos


         terizar que o  modelo adotado no  Brasil,  para                                                                       três meses,  acho que,  lamentavelmente,  este                                                                           H. Azevedo (Sucesu) —  O mercado de informá­

          suas  TCs,  foi  extremamente  bem  sucedido.                                                                        quadro não estará modificado, o que não signi­                                                                           tica para crescer depende, com efeito, da dispo­


          Atendemos às necessidades da sociedade bra­                                                                          fica que iremos parar de buscar soluções.                                                                                 nibilidade de  linhas de  TCs.  Um  Pais nove.

          sileira,  enquanto tivemos flexibilidade.  Hoje,                                                                                                                                                                                              como o  Brasil,  precisa  se  lançar com unhase


          nós dispomos de estrutura gerencial e de  pes­                                                                        Ethevaldo Siqueira (RNT) — Devemos mesmo é                                                                               dentes nas novas tecnologias.  Isto abre canais

          soal,  dispomos de  indústria consolidada,  mas                                                                       evitar o colapso  possível  num  período de três                                                                         para  que surjam  novas lideranças.  O setor de

          nos falta uma política tarifária realista,  faltam-                                                                   meses.  0   momento  mais  perigoso,  em  minha                                                                          TCs tem  seus canais de comando já ocupados


          nos recursos, falta-nos liberdade de ação.                                                                            opinião, será o da transição deste Governo para                                                                          pelos mais antigos e é natural que nichos novos,

                  Termos sido bem sucedidos não nos impede                                                                      o próximo, principal mente quando não sabemos                                                                            como os da  informática,  chamem a si os mais


           de ver o mundo à nossa volta, onde surge, graças                                                                     quem serão os membros da equipe dirigente. Se                                                                            aventureiros.  Existe porém  um problema sala­

           à tecnologia da microeletrômca, a Sociedade da                                                                       forem  políticos inexperientes,  e  não  profissio­                                                                       rial,  mas pagando uma justa remuneração não


           Informação.  A  privatização  que  ocorre  no                                                                         nais, então o País está em risco de éntrar, real­                                                                        haverá  êxodo nenhum.  O  problema basica­

           mundo não é, defmitivamente, uma opção ideo­                                                                          mente,  numa situação muito difícil.  E uma ad­                                                                          mente é salário.

           lógica,  mas sim tecnológica e só no pluralismo                                                                       vertência em favor de  um  doente que está  na


            da empresa  privada  há flexibilidade  suficiente                                                                    UTI.                                                                                                                     Roger Douek (Sid Telecom) — O maior patrimó­

            para atender as múltiplas demandas por bens e                                                                                                                                                                                                 nio de uma empresa é seus recursos humanos.

            serviços de TCs.  Não se trata de privatizar nos­                                                                     Felix Wakrat  (IE/SP) —  É a  primeira vez que o                                                                        Participei de trabalhos feitos em TCs. em mw-


            sas estatais.  Não ha capital brasileiros para ab­                                                                    Instituto de Engenharia participa de um evento                                                                          tas de  suas etapas,  e  já estive envolvido err

            sorver este  imenso patrimônio.  Podemos é ca­                                                                        da  Telebrasil,  o que está  sendo muito  impor­                                                                        vários projetos nacionais, alguns até de grsràs

            minhar para a democratização deste capital.                                                                            tante,  pois estamos nos atualizando com a pro­                                                                         porte.  Hoje não encontro, nem no setor pubbco
   29   30   31   32   33   34   35   36   37   38   39