Page 31 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1989
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P a iv a L o p e s :
A t e n d ê n c i a é l i b e r a l i z a r a s T C s
0 diretor da Splice, Carlos de Paiva Lopes, ex- para atender estas novas demandas. Os termi
nais foram se tornando mais diversificados e
presidente da Telesp e do CPqD/Telebrás,
fez um resumo das telecomunicações brasilei mais completos, criando condições para o uso
ras desde a década de 60 até os dias atuais, em redes (videotexto, teletexto, micros, etc.).
lembrando que "com a explosiva evolução da Com os satélites e os sistemas de fibras ópticas,
tecnologia de informações e com a liberalização os custos dos sistemas de alta capacidade caí
das TCs o cenário mudou, o modelo criado nos ram muito".
anos 60 esgotou-se". Ele propôs algumas idéias — No Brasil, a Constituição de 05/10/88
para que o setor possa enfrentar um novo ciclo define como privativo do Estado os serviços de
de progresso. TCs públicas — lembrou o palestrante. — Acho
— Os empreendimentos econômicos já não pessoalmente que o Estado deveria dedicar todo
conseguem meios e serviços de telecomunica o seu esforço para a Educação, Saúde, Trans
ções, sem os quais não se viabilizam. Os planos porte, Saneamento, etc., e deixar para a inicia
de expansão já pagos, mas sem os telefones en tiva privada uma série de atividades, incluindo
tregues, ultrapassam a centenas de milhares telecomunicações, reservando para si a regula
(vide tabela). Existe grande demanda não aten mentação.
dida e uma grande descoordenação de obras a CA.W-OS P V.
nível estadual e nacional e, como se isso não Política Industrial
bastasse, o Sistema Telebrás, que desde sua
Prosseguindo em sua palestra, Paiva Lopes
criação sempre honrou seus contratos, hoje en Carlos da Paiva Lopes, da Splice.
contra dificuldades de saldar seus compromis explicou que "a política industrial do setor de
TCs teve por objetivo substituir as importações
sos com fornecedores e empreiteiros — alertou
o palestrante. pela produção local, e ter, em mãos brasileiras,
a maioria do capital votante das empresas. In
TAXA DE CONGESTIONAMENTO
Solução cluiu também estímulos à criação de pequenas
e médias empresas, convidando-as a ocuparem
Ano índice (%)
— Deixar como está é impossível — enfati parte do mercado em visível expansão” .
zou Paiva Lopes. — As telecomunicações, sabe- Segundo o orador, a tecnologia da informa
se, são infra-estrutura essencial ao desenvolvi ção está visivelmente transformando a econo
mento económico, social e político. São conhe mia mundial e que esta nova tecnologia é pere
cidos estudos que estabelecem direta correla cível. "A única forma de se manter atualizado é
ção de causa e efeito entre investimentos em usá-la. Do contrário iremos nos distanciando
TCs e o acréscimo do produto interno bruto cada vez mais do mundo moderno."
(PIB). São também um dos mais promissores — Quem quiser desenvolver a nova geração
campos de progresso da ciência e tecnologia e de centrais para comutação óptica deverá estar
que, bem administrados, se transformam em preparado para um investimento próximo de
poderoso instrumento para o progresso da in US$ 3 bilhões. Como é impossível amortizar es
dústria. "O numero de chamadas completadas em relaçáo tes custos, em um só país, este fato leva à exis
De 1973 a 1984, foram investidos cerca ás tentativas despencou a tal ponto que conseguir, tência de empresas também internacionais —
de 14,35 bilhões de dólares e instalados hoje. uma ligação telefônica, em determinadas ho enfatizou o executivo.
5.250.000 terminais, a um custo médio de ras. só com alguma sorte" (Paiva Lopes). No final de sua palestra, Paiva Lopes disse
2.744 dólares por terminal. De 1985 a 1988, ainda que a nova política industrial deve ter
investiu-se 5.595 bilhões de dólares e instalou- como objetivo a obtenção de novos produtos
se 1.577.000 terminais, a um custo médio de pólio, com exceção dos EUA e parte do Canadá, com melhor qualidade e menores preços "Isto
3.547 dólares por terminal. onde sempre prevaleceu o monopólio privado— exige mais competição. Não devemos, simples
Para o orador, basta colocar a casa em or hoje a tendência dominante é a liberalização. mente, rejeitar parceiros que possuam os três
dem e os resultados aparecerão num prazo de Entendemos por liberalização, a introdução do fatores básicos para o desenvolvimento: tec
dois anos. E explicou o que seria colocar "a casa princípio de competição em todos os setores do nologia, capital barato e mercado."
em ordem": mercado de TCs. — Joint-ventures parecem ser uma boa solu
Mais adiante disse Paiva Lopes que "a fusào ção e até permitir que novos fabricantes ins
ajadotar uma política tarifária realista. Não
das TCs com a tecnologia de computadores le talem suas unidades no Pais, mediante regras
se trata de cobrir custos supérfluos, b) colocar
vou à necessidade de se transportar grandes negociadas e que nos sejam vantajosas — con
profissionais competentes na adm inistração
quantidades de dados, exigindo redes especiais cluiu. UP)
das empresas. A politização do setor mostrou
não ser a melhor solução para as empresas e a
pior para os clientes, c) transformar a dívida das
empresas de curto para médio prazo. Não será
difícil, pois o endividamento do grupo Telebrás,
a longo prazo, é bastante baixo, d) tornar a ad
ministração das empresas o mais transparente
possível.
Paiva Lopes disse ainda que "é preciso dei
xar bem claro que, pertença uma empresa de
TCs ao governo ou à iniciativa privada, os planos
estratégicos, financeiros e a administração de
vem ser feitos da mesma maneira".
Liberalização
— Nos últimos anos, discute-se muito qual o
melhor modelo para as telecomunicações —
afirmou o palestrante. — Depois de um período
em que bons sistemas de TCs públicas foram Visão da assistência durante a análise, diagnóstico e proposições relativas às telecomunicações pú
implantados pelo Estado, sob regime de mono- blicas brasileiras.