Page 37 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1989
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E t h e v a l d o
0 s e t o r p r e c i s a m u d a r u r g e n t e
— 0 modelo do m onopólio e sta ta l esgotou- mercado paralelo e o desinteresse do atual go
se nos anos 80 Esta a firm a tiva é do jo rn a lis ta verno diante da crise das TCs.
Ethevaldo Siqueira, d ireto r da RNT — R evista — Se as soluções econômicas não vierem —
Nacional de Telem ática, ao se re fe rir, no XX P a i alertou o palestrante — o sistema de telecomu
nel Telebrasil, "à introm issão acelerada do go nicações continuará a degradar-se. E o resul
verno na vida das telecom unicações” E le a c u tado sera o congestionamento crescente Ou
sou o Governo Federal de inverter p rio rid a d e s, mesmo o colapso dos serviços.
confiscandosuperávits, im p on d o lim ite s irre a
listas aos investim entos a u to fm a n cia d o s do se Sugestões
tor e. contra todas as a d ve rtê n cia s, le va n d o o
Brasil ao atoleiro do congestionam ento, da d e Para o d ireto r da R N T, “ a prim eira es
manda reprimida e de todos os m ales a q u e essa perança que nos anima é que o novo Governo Fe
escassez de m eios e de s e rv iç o s s u b m e te o deral, a mstalar-se em 15 de março de 1990,
°ais" Ethevaldo Siqueira aproveitou para acon tenha consciência da gravidade do problema
selhar ao futuro governo a rever o m o d e lo de ex- das TCs brasileiras e se disponha a enfrentá-lo”
pioraçáodas TCs publicas, e xata m en te na d ire — Políticos, partidos, sindicatos, governan
çáo oposta do que decidiu a C o n s titu in te . tes e intelectuais — salvo as honrosas exceções
0 palestrante lem brou que “ as TCs eram um que justificam a regra — parecem totalmente
dos raros setores p ú b lic o s q u e fu n c io n a v a m alheios ao que se passa no âmbito das comuni
bem no Brasil. Nos ú ltim os anos, no e n ta n to , as Ethevaldo Siqueira, grupo R N T . cações neste País. Este setor fundamental —
coisas começaram a piorar O setor fo i p e rd e n d o considerado meio dos meios, insumo dos msu-
U _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 J ^ -1 _ _ _ _ ^ _ _ _ _ I _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . A t mos, e sustentáculo do desenvolvimento econô
passou a perder recursos, em co n se q u ê n cia dos mico, político e social — nunca foi tão penali
cortes drásticos de in v e s tim e n to s , d o a v ilta ções), a criação do Mimcom (Decreto-Lei 2 0 0 zado e incompreendido, nos últimos 25 anos,
mento das tarifas, do co n fisco dos s u p e rá v its de 2 5 /0 2 /6 7 ), o surgimento da Telebrás, em no como nesta fase histórica brasileira — explicou
operacionais e da d e s p ro fis s io n a li/< iç á o c a u vembro de 1972, e a reorganização das em pre Ethevaldo.
sada pela perda de seus m elhores té c n ic o s e es sas operadoras de âmbito estadual. O palestrante sugeriu a seguir possíveis
pecialistas” Segundo o jo rn a lista , “ não ê ape Até há poucos anos, não era difícil para a soluções visando as seguintes áreas, congestio
nas o telefone que sc to rn a e s c a s s o e m o maioria dos brasileiros reconhecer que as TCs namento e demanda reprimida; tarifas justas e
perante Juntamente com ele, ta m b é m o telex, haviam se firmado como um dos poucos setores autofm anciam ento decrescente; nova política
a comunicação de dados e d e m a is se rviço s es estatais eficientes, profissionalizados e sem industrial; renovação dos recursos humanos; li
pecializados" corrupção. Hoje, as coisas são bem diferentes beralização e privatização; a recuperação eco
— enfatizou o palestrante. nómico-financeira e gerencial; e a redução da
H is t ó r ic o Ele citou a expansão setorial focalizando os intromissão e dos controles do Governo central.
seguintes aspectos a rede que triplicou, o salto — As entidades industriais do setor sugerem
Ethevaldo Siqueira disse que “ para m e lh o r do telex, o trafego telefônico internacional, as que se promova e se estimule, por todas as for
compreender perspectivas desse co n g e stio n a TCs via satélite, a tecnologia digital, a expansão mas possíveis, a participação da iniciativa pri
mento, e preciso voltar um pouco no passado re e a auto-suficiência da indústria, a densidade vada nos investim entos setoriais, de modo a
cente da história do setor’ Tm se g u id a , a pre telefônica, o decréscimo dos investimentos, a garantir o aporte de recursos financeiros a todos
sentou cinco fases bastante d is tin ta s : aviltaçâo das tarifas, o confisco do FNT pela Se- os segmentos da exploração de serviços públi
Aestagnaçáo, até 196?; a reorganização, de plan c sua substituição pelo ISSC, a desprofis- cos de TCs, mesmo que para isso seja neces
62a6 /.adecolagem , d e 6 7 a 7 5 ; a e x p a n s ã o e sionalizaçào e. finalm ente, a crise, a partir de sário promover, pelos meios legais, alterações
a turbulência, de /5 a 8 5 ; e a crise , de 8 5 a 8 9 8 5 . em dispositivos constitucionais — disse o ora
0 orador fez um relato h is tó ric o das te le c o Ethevaldo falou tam bém sobre as caracterís dor, acrescentando:
municações no País desde antes d e 1 9 6 2 a té os ticas dessa crise e a resumiu pelos seguintes — Para promover o mercado acionário das
dias atuais, in c lu in d o a p ro m u lg a ç ã o d a Lei pontos principais: déficit financeiro, atrasos na TCs, sugerimos que se atribua às empresas
4 1 1 7 (Código N a c io n a l d e T e le c o m u n ic a expansão, explosão dos preços dos telefones no operadoras a mais ampla autonomia de gestão,
sendo tais empresas controladas por seus resul
tados e não submetidas a controle de meios ou
KMBtCtO quaisquer tipos de restrições que limitam sua
eficiência.
"1T fetebra/J Ethevaldo propôs, ainda, um modelo híbri
mno do, em que o Estado e a iniciativa privada se
T E L E P A R complementem: ” A privatização só será realizá
vel num horizonte de 5 a 10 anos. E nunca im
C O N S T R U T E L porá a exclusão do Estado nos serviços funda
W M IK R O mentais de telecomunicações, aliás, uma das
R E S E R V A M U L T m raras áreas onde sua experiência foi mais posi
tiva no passado. Sugerimos, sim, a associação
mais completa de investimentos públicos e in
vestimentos privados” .
Finalizando sua palestra, o jornalista afir
mou que ”as empresas de TCs tem tradição de
\ seus resultados e não nos seus meios7 E ab
V boa administração e de razoável rentabilidade
A
I
Por que, então, não voltar a controlá-las por
surdo que se delimitem regrinhas para a admis
são de engenheiros, cabistas, telefonistas ou
técnicos. Ou que se fixem investimentos onde o
governo nada investe Ou ainda, numa frase, é
r, preciso garantir às empresas do Sistema Tele
brás toda liberdade de gestão, com responsa
f c bilidade” . (JP)
' ,Qüe'ra baseou sua analiso critica em dados o ficia is do S istem a Telebrás.