Page 26 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1989

V e i o a o R i o c o n t a t a r n o v o s i n v e s t i d o r e s
A Superintendência da Zona Franca
de Manaus — Suframa, do Minis­
tério do Interior, congregou nos salões
do Hotel Sheraton, no Rio de Janeiro,
empresários e investidores brasileiros e
estrangeiros para debaterem as “Opor­
tunidades e Investim entos na Zona
Franca de M anaus”. O evento que con­
tou com o apoio da Federação das Câ­
maras do Comércio Exterior e da Asso­
ciação Comercial do Rio de Janeiro —
ACRJ, trouxe representantes da Ale­
manha, China, Estados Unidos, França,
Inglaterra, Itália, Japão, Suíça e União
Soviética equivalente a mais de 2 mil
investidores do exterior potencialmente
in te re ssa d o s em in v e stir na Zona
Franca.
Participaram do Seminário, além de
Vivaldo Frota, Vice-Governador do Es­
tado do Amazonas, dentre outros, Alui-
sio Barbosa, Presidente da Fundação
Centro de Análise de Pesquisa e Inova­
ção Tecnológica — FUCAPI; O siris
Silva, Secretário da Indústria Comércio
e Turismo; Jad y r Carvalhedo Maga­
lhães, Superintendente da Suframa;
Paulo Protásio, Presidente da Associa­
ção Com ercial do Rio de Jan eiro — capital do Amazonas.
Ontem,
Hiléia
Amazônica;
hoje, Zona
Industrial;
E daqui a
25 anos?
ACRJ; Manoel Rodrigues, Superinten­
dente Adjunto da Suframa; Embaixador
João D antas, da ACRJ; Adir Cunha,
Diretor da Xerox.
Zona Franca
A Zona Franca de Manaus, uma den­
tre as 47 ZFs da América Latina e Cari­
be, está completando 21 anos de existên­
cia e hoje responde por 80% da economia
do Estado do Amazonas. Ela foi criada
em 28.02 de 1967, pelo ex-presidente
Castelo Branco, através do Decreto Lei
n? 288, para ser “uma área de livre co­
mércio de importação e exportação e de
incentivos, estabelecida com a finali- *
* M a is in fo rm a çõ e s sobre Z ona F ra n ca de M a n a u s
T e le b ra s il M /J-8 6 , pág. 26.
empresário no processo de crescimento
da região. A Constituição de 05.10.88
estendeu o prazo da legislação sobre a
Zona Franca, até o ano 2013.
ICOMA Dentro da estratégia de desenvolvi­
PLASTINO mento para a região, a Zona Franca re­
servou um distrito agropecuário, de 589
D I S M A C mil hectares, hoje, com cerca de 600ati­
C C E vidades, gerando 20 mil empregos dire­
tos. Segundo explica Jadyr Magalhães,
a ZFM se caracterizou nos cinco primei­
ros anos pela atividade comercial,
característica de um “porto livre”. A
partir de 76, passaram a ser exigidos ín­
dices m ínimos de nacionalização dos
produtos fabricados na ZFM. No caso de
televisores a cores foi inicialmente fi­
xado um índice de 35% que hoje está em
80% e na prática já alcança 98%.
A atividade agropecuária da Zona
Franca, como a heveicultura, teve su­
cesso lim itado, mas os projetos indus­
triais foram um franco sucesso. O setor
industrial faturou 5,5 bilhões de dóla­
res, em 1988, e representa 364 empresas
que geram 95 mil empregos diretos (Ma­
Em vez de jogo, como em Lus Vegas, indús­ naus hoje tem 1,2 milhões de habitan­
tria de montagem para gerar empregos na tes). O faturamento da atividade indus­
trial do ZFM concentrou-se em ele-
troeletrônica (61%), veículo de duas ro­
das (10,1%), termoplásticos (8%), e reló­
gios (5%). A Zona Franca produziu no
ano passado, dentre outros produtos,
453 mil telefones, 16 mil microcomputa­
dores, 4 milhões de relógios, 4,4 milhões
de fitas magnéticas, 2,5 milhões de te­
levisores a cor, 263 mil videocassetes,
677 mil calculadoras e 21 mil caixas
registradoras.
Observa Jadyr Magalhães, que o ín­
dice médio de nacionalização dos produ­
tos da ZFM já atinge 75% e de que para
cada dólar importado — em 88, a cota de
im portação foi de 800 mil dólares —
m ais de três dólares são adquiridos no
Brasil, principalmente em São Paulo.
Eletrônica
O modelo industrial da ZFM tem tido
dade de criar, no interior da Amazônia, seus críticos, a começar pela indústria
um centro industrial, comercial e agro­ do centro sul do País, que vê em ativida­
pecuário, dotado de condições econômi­ des como a da eletroeletrônica, dotadas
cas que p erm itam seu d e se n v o lv i­ de alto grau de vantagens fiscais e para
mento”. Os benefícios seriam ampliados importação, como se fossem uma espécie
pelos ex-presidente Costa e Silva, em de reserva de mercado amparada por
15.08.68, com o Decreto Lei 356, esten­ um paraíso fiscal. Para alguns, a ZFM
dendo a ZF aos 2.190.182 quilômetros náo irá gerar tecnologia para o País e se
quadrados da Amazônia Ocidental (Es­ fundam enta apenas no baixo custo de
tados do Amazonas, Acre, Rondônia e mão-de-obra (o salário médio na ZFMé
T erritório Federal de Roraim a), um a 2,5 SM) pouco especializada, da região.
área correspondente a mais de 25% do C iente das críticas, a direção da ZFM
território nacional. vem procurando fixar tecnologia na re­
Novo Decreto Lei, em 75, concederia gião, através de iniciativas como a da
isenção do IPI aos produtos elaborados FUCAPI, que criou uma escola profis­
com m atérias-prim as agrícolas e extra­ sionalizante de informática e eletrônica
tivas de produção regional e dois anos digital em M anaus, com mais de 400
depois seriam aprovados processos espe­ alunos e ao repassar recursos para a
ciais para concessão de incentivos fis­ U niversidade do Amazonas, para cria­
vide
cais, de modo a fixar o pequeno e médio ção de cursos de mestrado e doutorado.