Page 4 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1966
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Associações Regionais do Norte^Nór- lando novas rêdes e ampliando os sis­
deste do Brasil (TELENORDESTE) ,/do temas existentes.
                                         Se hoje não estamos na estaca zero,
Centro do Brasil (TELECENTROj e
do Sul do Brasil (TELE-SUL), senti­ no que diz respeito' ao serviço de te­
mo-nos no dever de trazer a V. Exa. lefonia no Brasil, isto se deve ao piq-
os subsídios abaixo, decalcados da po­ neirismo dos particulares e às empre­
sição assumida pela entidade em sas locais autônomas, constituídas por

1961, quando da tramitação, no Con­ tõda parte, graças às quais foi possí­

gresso Nacional, dos projetos de lei vel interligar cidades e Estados e dar

que culminaram com a sanção da vazão razoável a um tráfego reprimi­
Lei n. 4.117, que instituiu o Código do de comunicações telefônicas, su­
                                         prindo, desta maneira, em parte, as
Brasileiro de Telecomunicações.
                                          deficiências do setor estatal, até aqui
    Ao rogarmos a V. Exa. acolher nos­
 sas observações, estamos absoluta­       a cargo do Departamento dos Correios
mente convencidos de estarmos contri­     e Telégrafos.
 buindo, dentro das naturais limitações
de nossa experiência, no sentido de          Convém ressaltar que a conjugação
trazer a essa ilustrada Comissão Par­     de interêsses regionais é fator prepon­
lamentar de Inquérito algo de interês-   derante nesse esfôrço de crescimento,
                                         porque as pequenas e médias empré-
se para a matéria em exame; mais         sas, sentindo a necessidade da inter­
ainda, porque, vencidos quando da vo­    ligação de seus sistemas para aten­
tação da Lei n. 4.117, vemos hoje in­    derem ao fluxo do tráfego, com o
teiramente confirmado nosso ponto de     apôio decidido dos centros populacio­
vista externado naquela ocasião, pe­     nais interessados, vêm logrando, a du­
                                         ras penas, instalar novos circuites,
rante ilustres congressistas, contrário  atualizar velhos sistemas e, finalmen­
a política de estatização radical de     te, mobilizar os capitais necessários à
um serviço público dos mais relevan­     implantação de um serviço até aqui
tes para o desenvolvimento do país       pouco assistido, suprindo, destarte, o
e para a própria segurança nacional.     Estado e, em nome dêle, realizando

Atentos, portanto, ao problema, de­ alguma coisa de proveitoso para o
sejamos, nesta oportunidade, expor a bem comum.

V|. Exa. o seguinte:                     Se mais não foi feito, culpa por cer­

l.° — A perfeita operação do ser­ to não cabe à livre emprêsa. à qual o

viço telefônico da rêde nacional tem Estado não vem dando a devida as­

que ser considerada, levando-se sem­ sistência, nem assegurando a cada um

pre em conta o valor inestimável da os recursos necessários à expansão de

colaboração que possa prestar a livre um serviço que interessa tão de perto

emprêsa ao desenvolvimento de um à comunidade. No dia em que à ini­
sistema nacional que, constituído de ciativa privada, com as responsabili­
peças independentes^ como que num dades de operadora do serviço, forem
mosáico complexo, dependerá sempre asseguradas, aquelas condições, o sur­
dos resultados satisfatórios dos em­ to de desenvolvimento será espantoso,
                                         pois há hoje, no Brasil, cerca de 400
 preendimentos locais, os quais se in­   rêdes locais, parfeulares de telefones
 teressam em particular pelas regiões    e amanhã haverá milhares, cujos res­
 do país onde operam, mas de um mo­      ponsáveis desejam interligar seus sis­
 do geral por tõda a comunidade bra­     temas e integrá-los, assim, no sistema
 sileira.                                comum, que seria o Sistema Nacional
                                         tão almejado.
    A despeito de terem os Poderes Pú­
 blicos adotado uma política tarifária      É o que temos visto por tõda a par­
irreal que causou a quase estagnação     te onde o Governo, em boa hora, se
do serviço telefônico, o pouco que tem   dispôs a confiar na livre emprêsa e,
sido possível realizar, no Brasil, no    desta maneira, a garantir-lhe condi­
sentido do desenvolvimento das tele­     ções para operar serviço de telecomu­
comunicações, se deve até agora ao       nicações, seja local, seja intermunicl-
esforço inaudito dos particulares, os    pal, seja interestadual.
quais espalhados por todos os qua­
                                         A guisa de explanação, citaríamos
drantes do país, vêm investindo, a du­
ras penas, capitais próprios e do povo alguns exemplos:
                                         1 — Em Minas, onde a União ou­
na organização de empreendimentos
regionais isolados e, desta maneira, à torgou em 1959, anteriormente, por­
custa dos maiores sacrifícios, insta­ tanto, à vigência da Lei n. 4.117, que
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