Page 9 - Telebrasil - Março/Abril 2003
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nistro Sérgio Motta, trator da                                            De acordo com um obser-
               privatização, criou-se um va-                                           vador, com uma simples in-
               zio que a Anatel preencheu.                                             terrogação sobre royalties,
               Será preciso distinguir o que                                           Miro Teixeira postergou uma
               é político e o que é regulatório                                        decisão no mínimo espinho-
               – observou, a título pessoal,                                           sa  e  cuja  pressa  não  é  da
               um executivo do setor.                                                  máxima urgência (o assunto
                                                                                       é de 1990) para o País.
                 Royalties                                                               Depois, reativou o espí-
                 No Livro Verde da TELE-                                               rito de P&D em tecnologia,
               BRASIL, o então candidato                                               algo que aparentemente não
               Luiz Inácio Lula da Silva, ao                                           estava mais em foco. Final-
               tratar da competição na prestação dos  mundiais à necessidades reais do País  mente, amealhou munição para des-
               serviços, declarou que “devemos con-  – explicou uma fonte do CPqD, entida-  congelar recursos dos Fundos (Fust e
               siderar aspectos tecnológicos, como é  de com mais de mil funcionários, meta-  Funttel) que são, de direito e por lei,
               o caso da tevê digital, com a conver-  de deles atuando em P&D. O sistema  do setor de telecomunicações.
               gência que isso vai proporcionar”.  CRM (costumer relationship manage-  Num plano maior, o País precisa
                 Não foi surpresa, portanto, Miro,  ment) do programa governamental “Fo-  de grandes projetos estratégicos para
               logo no início de sua gestão, inserir  me Zero” foi desenvolvido pelo CPqD.  estimular a capacidade brasileira na
               na pauta de seu Ministério o assunto  Tecnicamente, o modelo da tevê  atividade de P&D e na área produtiva.
               da televisão digital, um verdadeiro nó  digital compreende cinco camadas:  Segundo o ministro, haverá em tor-
               górdio herdado da gestão anterior.  transmissão, transporte, áudio/vídeo,  no da Fundação CPqD, em Campinas
                 – Qual a razão de pagar royalties  midleware e aplicações. Na transmis-  (SP), um mutirão tecnológico para o
               para uma tecnologia estrangeira (nor-  são, a escolha é para a modulação (pa-  desenvolvimento de um padrão e que
               te-americana, européia ou japonesa),  drão 8-VSB, dos EUA, e COFDM, do  “não será necessariamente para alta
               antes de tentar uma solução nacional  Japão e União Européia). No trans-  definição”.
               para fins de comparação? – indagou o  porte, a compactação tem um padrão  Universidades como a da Paraíba,
               ministro, ao discursar em almoço pro-  único: o MPEG-2. Em áudio e vídeo  Pernambuco, Unicamp, Mackenzie
               movido pela Telecom e pela Asso-  há vários padrões. Armar um sistema  (SP), UFRJ, USP, UFPe, PUC-Rio e
               ciação Comercial do Rio de Janeiro,  é utilizar tais padrões e pagar os ro-  UnB, bem como ITA, IME e Instituto
               em janeiro, afirmando que “o Brasil  yalties correspondentes.   Genius, já demonstraram interesse em
               tem capacidade para desenvolver o  O midleware responde pela inte-  participar desse pool de tecnologia.
               software necessário”.           ratividade da tevê digital. Os EUA têm  O Instituto Genius de Tecnologia,
                 Ainda  em  janeiro,  a  Fundação  o DASE; a União Européia, o MHP;  sediado em Manaus (AM), é de pro-
               CPqD foi chamada a Brasília para res-  e os japoneses, o Open-TV. O Brasil  priedade da Gradiente, do empresário
               ponder se o País podia ou não desen-  quer e pode desenvolver o software  Eugênio Staub, que no passado desen-
               volver um padrão de tevê digital que  dessa camada e não pagar royalties  volveu e explorou, com exclusividade
               atendesse os interesses brasileiros.  correspondentes. Quanto às aplica-  de quatro anos, um telefone padrão
                 – Em verdade, não se trata de rein-  ções, cada país desenvolve e aplica o  brasileiro para a Telebrás.
               ventar a roda e sim adequar padrões  que mais lhe apetece.         Em relação à tevê digital, a Fun-



                                                                                             TELEBRASIL • MARÇO/ABRIL 2003  9
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