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nistro Sérgio Motta, trator da De acordo com um obser-
privatização, criou-se um va- vador, com uma simples in-
zio que a Anatel preencheu. terrogação sobre royalties,
Será preciso distinguir o que Miro Teixeira postergou uma
é político e o que é regulatório decisão no mínimo espinho-
– observou, a título pessoal, sa e cuja pressa não é da
um executivo do setor. máxima urgência (o assunto
é de 1990) para o País.
Royalties Depois, reativou o espí-
No Livro Verde da TELE- rito de P&D em tecnologia,
BRASIL, o então candidato algo que aparentemente não
Luiz Inácio Lula da Silva, ao estava mais em foco. Final-
tratar da competição na prestação dos mundiais à necessidades reais do País mente, amealhou munição para des-
serviços, declarou que “devemos con- – explicou uma fonte do CPqD, entida- congelar recursos dos Fundos (Fust e
siderar aspectos tecnológicos, como é de com mais de mil funcionários, meta- Funttel) que são, de direito e por lei,
o caso da tevê digital, com a conver- de deles atuando em P&D. O sistema do setor de telecomunicações.
gência que isso vai proporcionar”. CRM (costumer relationship manage- Num plano maior, o País precisa
Não foi surpresa, portanto, Miro, ment) do programa governamental “Fo- de grandes projetos estratégicos para
logo no início de sua gestão, inserir me Zero” foi desenvolvido pelo CPqD. estimular a capacidade brasileira na
na pauta de seu Ministério o assunto Tecnicamente, o modelo da tevê atividade de P&D e na área produtiva.
da televisão digital, um verdadeiro nó digital compreende cinco camadas: Segundo o ministro, haverá em tor-
górdio herdado da gestão anterior. transmissão, transporte, áudio/vídeo, no da Fundação CPqD, em Campinas
– Qual a razão de pagar royalties midleware e aplicações. Na transmis- (SP), um mutirão tecnológico para o
para uma tecnologia estrangeira (nor- são, a escolha é para a modulação (pa- desenvolvimento de um padrão e que
te-americana, européia ou japonesa), drão 8-VSB, dos EUA, e COFDM, do “não será necessariamente para alta
antes de tentar uma solução nacional Japão e União Européia). No trans- definição”.
para fins de comparação? – indagou o porte, a compactação tem um padrão Universidades como a da Paraíba,
ministro, ao discursar em almoço pro- único: o MPEG-2. Em áudio e vídeo Pernambuco, Unicamp, Mackenzie
movido pela Telecom e pela Asso- há vários padrões. Armar um sistema (SP), UFRJ, USP, UFPe, PUC-Rio e
ciação Comercial do Rio de Janeiro, é utilizar tais padrões e pagar os ro- UnB, bem como ITA, IME e Instituto
em janeiro, afirmando que “o Brasil yalties correspondentes. Genius, já demonstraram interesse em
tem capacidade para desenvolver o O midleware responde pela inte- participar desse pool de tecnologia.
software necessário”. ratividade da tevê digital. Os EUA têm O Instituto Genius de Tecnologia,
Ainda em janeiro, a Fundação o DASE; a União Européia, o MHP; sediado em Manaus (AM), é de pro-
CPqD foi chamada a Brasília para res- e os japoneses, o Open-TV. O Brasil priedade da Gradiente, do empresário
ponder se o País podia ou não desen- quer e pode desenvolver o software Eugênio Staub, que no passado desen-
volver um padrão de tevê digital que dessa camada e não pagar royalties volveu e explorou, com exclusividade
atendesse os interesses brasileiros. correspondentes. Quanto às aplica- de quatro anos, um telefone padrão
– Em verdade, não se trata de rein- ções, cada país desenvolve e aplica o brasileiro para a Telebrás.
ventar a roda e sim adequar padrões que mais lhe apetece. Em relação à tevê digital, a Fun-
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