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CONJUNTURA



            Governo Lula:





            Choque cultural










                   Lula enfrenta as mesmas dificuldades que Fernando Henrique
                   Cardoso encontrou. O desejo de melhoria no social continua
                   esbarrando nas realidades do modelo econômico.




                   m termos amplos, o cresci-  trabalhador, para dar maior margem
                   mento do País é baixo e de-  ao empresário e maior salário para a
            E pende de duas vertentes: a da  classe operária. Segundo o economis-
            produtividade dos fatores de produção,  ta, tal modelo requer competição,
            que no Brasil melhorou, e a da for-  abertura e maior volume de capitais
            mação do capital, que deixa a desejar.  privados, visto que o Governo, endi-
               Do lado das aplicações, ou se opta  vidado, não conta com recursos dispo-
            por investir em infra-estrutura, como  níveis para investir.
            fizeram Geisel e Juscelino, ou se in-  O Brasil já alcançou boa produ-
            veste no social. Não dá para fazer uma  tividade. De 1990 a 1998, a produti-  Gustavo Franco: Mesmas dificuldades
            siderúrgica e ao mesmo tempo cuidar  vidade brasileira cresceu 7,5% ao ano.  que no Governo FHC
            do social, sem gerar inflação.  Porém, uma hora trabalhada no Brasil
               Estas e outras afirmações foram  em 1998 produzia 68% a mais de mer-  Rescaldo
            feitas pelo economista Gustavo Fran-  cadoria do que em 1990. Onde, então,  Um ponto crucial para reativar a
            co (PSDB), ex-presidente do Banco  ocorre o gargalo? Reside na formação  economia é como despertar o interes-
            Central, ao proferir palestra sobre os  do capital bruto que no País é baixa.  se do investidor privado, num cenário
            rumos da economia brasileira, como
            key note speaker, no seminário de  Taxa de juros
            lançamento do TIM Business.
                                              Influência do risco Brasil
               O Brasil levou meio século para
            se industrializar e às custas de forte  Período  Juros       Risco        Risco      Taxa de
            desigualdade social (veja quadro).              nos EUA      Brasil      cambial      juros
            Seguiram-se 10 anos de hiperinflação  Ideal para um país  3,5 %  2,5 %   2,5 %        8,5 %
            e de Plano Real e outra década de  desenvolvido  Ideal       Ideal        Ideal       Ideal
            “amadurecimento”, findos os quais o
                                             1995-1997       5 %         5,5 %       8,5 %        19 %
            Brasil passou a ser tratado como uma  Câmbio fixo  Base      Base         Base        Alta
            “economia emergente”. Os últimos 10
                                             2000           6,5 %        7,5 %        5 %         19 %
            anos também receberam o apelido de
                                             Câmbio variável  Aumentou  Aumentou     Diminuiu     Alta
            “década perdida” pelo baixo nível de
            crescimento do PIB e do PIB per ca-  2001        2 %         11,5%       5,5 %        19%
                                             Pré-eleições  Ideal plus   Aumentou    Estabilizou   Alta
            pita no País.
               A retomada do crescimento ne-  2002          1,75 %       20 %         8 %        29,75 %
            cessita de aumentos “reais” da produ-  Período eleitoral  Superideal  Medo do Lula  Aumentou  Explodiu
            tividade e do produto gerado pelo  Fonte: Gustavo Franco, março de 2003.



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