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CONJUNTURA
dação CPqD atuou como consultora desenvolver o projeto de engenharia
para a Anatel em relação a três siste- de fabricação, o que representa um
mas mundiais para televisão: o norte- esforço considerável.
americano NTSC, o europeu DVB e Em termos práticos, um dos desa-
o japonês ISDB. fios da plataforma brasileira para
Miro não descartou a idéia de es- televisão digital será conseguir uma set
colher um dos sistemas estrangeiros já top box – literalmente a caixinha de con-
propostos, com boas contrapartidas pa- trole que fica em cima do televisor –
ra o País, mas “só depois de estar de- que chegue ao mercado com um custo
finido um padrão brasileiro para poder aproximado de R$ 200, garantindo sua
estabelecer uma comparação”. Poderá acessibilidade para as classes C e D.
Graciosa, do CPqD: Desafio na tevê
até haver um sistema latino-americano. Carlos de Paiva Lopes, presidente
O prazo para a demonstração da da Abinee, entidade que reúne a in- Os contratos atuais estão em vigor
tevê digital brasileira está estimado dústria nacional eletro-eletrônica, ao até 2006. Nos novos contratos de tele-
em 12 meses e sua implantação pode- ser confrontado com a apresentação do fonia, a cláusula de indexação que
rá acontecer em 2006, um ano de Co- CPqD sobre um padrão brasileiro de leva à inflação precisará desaparecer.
pa do Mundo. Os recursos serão de televisão digital, advertiu para que – Quem primeiramente me trouxe
até R$ 100 milhões, em três anos, que “não se tenha um novo sistema PAL- a projeção do IGP-DI (variando de 31
é relativamente muito pouco para um M, padrão da nossa televisão analógi- a 34%) para junho foi o Schymura –,
projeto de tal envergadura e que de- ca em cores, que é único no mundo”. lembrou Miro, afirmando que o Mi-
verão vir do Funttel. nicom não está em guerra com a Ana-
Falta competição tel e sim a favor do serviço prestado
Modelo O ministro Miro Teixeira mostrou ao consumidor.
Segundo Antonio Carlos Bor- estar também atento a outras facetas Para o economista Cláudio Furta-
deaux, diretor de Inovação do CPqD, de sua pasta. Em relação a ECT, por do, da FGV-SP e assessor para
a televisão digital constitui uma plata- exemplo, ela precisará evitar o perigo Assuntos Econômicos da TELEBRA-
forma de banda larga, interativa, cuja de receitas decrescentes e ficar atenta SIL, o setor de telecomunicações já
aplicação vai muito além da difusão a novas oportunidades, como é o caso mereceria ter seu índice específico.
de tevê analógica, a que já nos acostu- do uso da Internet pela população. – Há um grande volume de recla-
mamos. “O modelo de negócios para Em relação à telefonia local, o mi- mações na Anatel, inclusive de em-
a televisão digital tem que levar em nistro escolheu ir ao âmago da presários, como Amos Genish, presi-
conta as características socioeconô- questão. dente israelense da GVT (que deixou
micas e políticas que essa poderosa – A telefonia local está com falta a queixa por escrito), de estar sendo
ferramenta pode trazer ao povo de competição. Nela acontece o que to- impedido de competir e investir no
brasileiro”, disse Bordeaux. dos nós abominamos: o consumo obri- Brasil pela morosidade com que atua
Para o engenheiro Salomão Wajn- gatório, o monopólio e o reajustamento a Agência – registrou o ministro.
berg, presidente da Telecom, passada anual de preços, corrigidos em dólares. É preciso lembrar, em defesa da
a fase de pesquisa, o padrão brasileiro Uma empresa de telefonia local no Agência, que ela apresenta um déficit
de televisão enfrentará o desafio de Brasil é o melhor negócio do mundo. crônico na estrutural de pessoal – um
De acordo com Miro, as opera- outro nó górdio a ser equacionado.
doras geradoras de emprego são bem-
vindas ao Brasil, mas será preciso (*) O IGP-DI (Índice Geral de Preços de Dispo-
nibilidade Interna), calculado de primeiro a 30
haver uma renegociação no setor. Em de cada mês, é a soma ponderada do IPA (Índice
de Preço no Atacado), IPC (Índice de Preço ao
julho, poderá não ocorrer reajusta-
Consumidor), INCC (Índice Nacional da Cons-
mento de tarifas se as empresas in- trução Civil) e do ICC (Índice do Custo de Vida).
Os pesos são 0,6 IPA; 0,3 IPC; 0,1 INCC; e 0,1 ICC.
sistirem em cobrar o IGP-DI. O IPA de compras interindustrias reflete o
– A cláusula contratual diz que câmbio de insumos importados. O IPC é o que
menos varia, pois a cadeia produtiva amortece
não pode ocorrer reajustamento em seus efeitos. O INCC reflete materiais e mão de
obra da construção civil (10% do PIB). Há mais
período inferior a 12 meses, o que di- de 20 índices distintos, como o IGPM (Índice Ge-
fere de haver reajuste automático a ca- ral de Preços do Mercado) que é o IGP-DI, mas
entre os dias 20 de meses consecutivos para
Schymura, da Anatel: Projeção do IGP-DI da 12 meses – enfatizou o ministro. amortecer o pico de pagamentos dos dias 30.
10 TELEBRASIL • MARÇO/ABRIL 2003