Page 30 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 2002
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Jabor: afinal
quem é o Brasil
A sociedade civil não pode mais
viver a reboque de um estado em
falência e precisa tomar as rédeas
de seu próprio destino.
|30 Jabor e Mattos (foto menor): visões distintas sobre Portugal
TELEBRASÏL/janeiro-fevereiro rio e sem condições. “E a crise do salvação. A península ibérica viveu ve. A democracia fez voltar os vícios
B rasil vive um momento
50 anos de ditadura em pleno Sé
suspenso. Passou a época do
do mercantilismo. Com Tancredo,
culo XX e o Getulismo vingou no
0 socialismo tropical imaginá
foi uma bactéria que mudou os des
Brasil por décadas.
tinos do País. A saga greco-alagoana
otário”, metralhou Arnaldo Jabor,
Traços de uma sociedade
cineasta, jornalista, comentarista de
da Casa da Dinda), comprovou a má
- Clientelismo, passividade, salva-
televisão e ex-exilado político, fas cionismo e corrupção são traços de do Caçador de Marajás, Collor (e a
gica do salvacionismo nacional.
cinando por mais de uma hora uma uma sociedade em que o interesse pú Quanto ao futuro, o embate será
platéia de dirigentes e empresários. blico não tem importância e prevale entre “a continuidade da idéia de um
O jornalista historiou a origem ce o individual, o familiar ou o tribal. projeto ou a sopa da cordialidade e
européia/lusitana do País. Lembrou E há uma luta “barra pesada” contra do clientelismo”. O atual presidente
a existência de uma hierarquia soci a modernização. O Brasil não foi cri - Fernando Henrique foi companhei
al que ia do homem até Deus, pas ado como pátria e sim como local a ro de exílio de Jabor - teve certa in
sando pelo rei e pelo papa. Ou você ser depredado, com o estado chegan capacidade de enfrentar conflitos e
era ou não era amigo do rei. E quem do antes da população. de comunicação com a população.
morria pobre ia para o céu. Mesmo sem mencionar o fenôme “Mas o Brasil está melhor e a consci
- Nosso patrimonialismo veio com no ba n g-b an g dos film es de ência pública aumentou”.
as caravelas - citou o palestrante. Hollywood, disse Arnaldo Jabor que Eduardo Correia de Mattos, pre
Criou-se uma sociedade dependente os EUA foram fundados por indiví sidente da Portugal Telecom, da tri
e burocrática. O indivíduo, ao não se buna, contestou que Portugal fosse o
duos que foram para novas terras a
sentir parte do poder, se sentiu livre fim de criar uma pátria, com descen culpado de tudo: “ao deixarmos o
para depredar. A corrupção, hoje, é tralização do poder. Já a democracia Brasil, o Rio de Janeiro era maior que
até vista com certo fascínio. “Se você no Brasil é abstrata. Nova Iorque e lá nos EUA eclodia
é honesto é porque é burro”. Com irreverência e humor, o uma guerra civil. Aqui nunca houve
Um indivíduo, abandonado pelo palestrante desfilou a história re ruptura”. Arnaldo Jabor concedeu
estado, tende a delirar e se julga um cente do País. A ditadura militar aca que devemos nossa miscigenação gra
gênio com poderes especiais ou atri bou por falta de dinheiro e morreu a ças aos portugueses e teceu elogios ao
bui a alguém tais poderes para sua mística da liberdade que tudo resol infante Dom Henrique. (JCF)