Page 27 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 2002
P. 27

SMP,  portabilidade e tarifas em  debate





                         Humberto  Cagno     Fonseca -E  a questão da portabilidade?  guns custos, como a rede de telefones pú­
                        (Siemens) — A migra­  Castro Neto - A Anatei está discutindo   blicos, que já é a maior densidade do mun­
                       ção para o  SMP im­  o assunto. Existe um regulamento de nu­  do e é pouco utilizada, poderiam ser dimi­
                       põe seleção de operado­  meração que prevê portabilidade para al­  nuídos, reduzindo as tarifas. Defendo tam­
                       ra e isto não causa pro­  gumas  séries  numéricas.  Não  sei  se  elas   bém o uso do Fust para beneficiar usuários
                       blemas para a compe­  são suficientes para permitir a competição.  de baixa renda.
                       tição no celular, que já    Purificacíón Carpínteyro  -  A  falta  de   José Fernandes Pauletti -  Inadimplên­
                       existef             portabilidade é uma barreira para os novos   cia onera muito as operadoras. A Anatei
         Massimo TacheUa (Maxítel) -  O cliente   “entrantes”. Sem ela, teremos que conven­  deveria permitir que as operadoras façam
       não terá vantagem em escolher uma ope­  cer os clientes a mudar de número. M as a   análise de crédito dos clientes para dimi­
       radora. Ele quer falar com qualidade e pre­  portabilidade também pode ser ruim. Ela   nuir o risco de inadimplência.
       ço adequados, não se preocupando com   permitirá uma grande infidelidade dos cli­  Carpinteyro -  A  inadimplência na lon­
       interconexão. Se o usuário escolher outra   entes com promoções levando-os a aban­  ga distância cresceu e a impossibilidade de
       operadora e a ligação não funcionar, ele fi­  donar as operadoras.      punir maus pagadores contribui para ela.
       cará zangado não  com esta operadora  e   Navarro -  Portabilidade não beneficia­  Dalpíaz -  A  Abrafix está discutindo
       sim com a Maxitel. É difícil explicar a ele   rá tanto as empresas “entrantes”.        este  assunto.  M uitos
       que a Maxitel não é responsável pela fa­  Em países com portabilidade, no­           1  inadim plentes se sen­
       lha. E ele ainda vai receber uma conta para   vas operadoras chegam a oferecer         tem mal com esta si­
       pagar poucas ligações.              equipamentos grátis e clientes pe­                 tuação.
         Amadeu de  Paula Castro Neto (Ana­  gam  estes  aparelhos  e  os  usam                 Ethevaldo  Siqueira
       tei) - O cliente entende a redução de pre­  nas operadoras tradicionais.               (jornalista) - Balança co-
       ços e a queda das tarifas  na telefonia de   Jacques (Kiwi Systems) -  Como          i  mercial é crucial.  Sem
       longa distância veio com a adoção do códi­  imaginam  o relacionamento com             resolvê-la, a expansão do
       go de seleção de prestadora. Ele introdu­  fornecedores de conteúdo?    setor fica comprometida. As regras da Anatei
       ziu competição na telefonia fixa. No SMP,   TacheUa -  A  TIM   tem  uma  empresa   não demoraram muito?
       as celulares ganham o direito de operar lon­  internacional, denominada TIM Net, que   Castro Neto - A  Anatei está preocupa­
       ga distância nacional e                cria serviços de valor agregado para os   da com a questão da balança comercial.
       internacional. A com­                  mercados mais receptivos, como os jo­  Política de componentes é necessária. A
       petição  entre  fixas  e               vens. Há muitos nichos de mercado para   Agência defende menos impostos para o
       móveis vai crescer.                    serem atendidos.                 setor. As regras demoraram também em
         João  Carlos Fonseca                   Carlos Rocha (consumidor) -  Todos es­  função das mudanças que ocorreram na
       (Revista  Tekbrasil) -                 tão de acordo. As regras garantiram o mo­  conjuntura internacional, a partir de se­
       Onde foi o dinheiro da                              nopólio. O déficit da ba­  tembro último.
       privatizaçãot                                       lança do setor será en­  Miguel Petrile (ITMídia) - O monopólio
         Luiz N assif (coor­                               frentado como? O poder   não ajuda na consolidação do setor?
       denador)  -  Eu  diria                              aquisitivo já  atingiu o   Nassif - Concentração pode beneficiar
       que o ministro Pedro                                limite,  como chegar à   o consumidor, com economia de escala etc..
       M alan comeu. Sérgio M otta que­                    universalização ?    Esta  discussão  é  complicada.  Existem
       ria investir no social mas o dinhei­                  Navarro - A  univer­  xiitas do monopólio e xiitas da competi­
       ro  serviu  para  manter  a  taxa  de               salização  está  dando   ção. Supercompetição pode atrapalhar. In­
       câmbio até a eleição seguinte. Po­                  certo. Em 1990,1% da   teresses setoriais não devem se transfor­
       deria  ter  resolvido  problem as                   classe D tinha telefo­  mar em questões nacionais. Nem todos os
       como  o  da  Previdência  e  dos  estados,   ne em São Paulo; em 1994, passou para   setores são fundamentais para o País.
       porém  foi  desperdiçado.  US$  120  bi­  8%; e, em 2000, chegou a 50%. Dos 6 mi­  Pauletti - Competição na telefonia lo­
       lhões  poderiam  transformar  o  País,  e   lhões de terminais lá instalados, 80% aten­  cal deve vir com uma liberação tarifária.
       hoje temos juros que consomem o su­  deram as classes C, D e E. Universaliza­  Carpinteyro - Também defendo rees­
       perávit comercial e são responsáveis por   ção e competição caminham juntas. Con­  truturação tarifária,  fundamental para a
       problemas  como  a  inadim plência  e  a   solidação do modelo é tema importante.   competição. A Embratel vai entrar na te­
       questão tributária do setor.        Devemos reduzir os tributos do setor e al­  lefonia local. (LV)
   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31   32