Page 22 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1989
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A u n i ã o f a z a f o r ç a
n a b a t a l h a d o s c o m p o n e n t e s
João Carlos P. da Fonseca
Dentre as diversas atividades sica do Paradigma é dotar as Universi Segundo informa Spolidoro, o Projeto
em curso, ocorrendo na área da dades, no continente americano, de es Paradigma foi introduzido no fórum da
OEA, em Buenos Aires, ao final de 88, e
microeletrônica brasileira, des- tações de trabalho e de recursos os mais deverá contar com apoio da Unesco e do
modernos possíveis para o desenvolvi
taca-se a atuação do CPqD de mento de CIs. Numa fase subseqüente, Programa das Nações Unidas para as
Telebrás, do Centro Tecnológico estas estações de trabalho seriam inter Nações em Desenvolvimento. A Finep
para Informática — CTI, da Se ligadas formando uma rede internacio já se movimenta para estudar a compra
cretaria Especial de Informá nal, de modo a permitir a troca de infor de 100 estações de trabalho, de alta re
mações entre os diversos centros de pes
solução gráfica e equipadas com logicial
tica, do Geicom, bem como das quisa. O objetivo será estabelecer um correspondente, totalizando investi
Universidades. compilador de silício, que é uma ferra m entos estim ados em 4 milhões de
menta de programação que automatiza dólares.
e simplifica tremendamente a obtenção Por outro lado, o Grupo Executivo In-
O Centro de Pesquisa e Desenvolvi
m ento da Telebrás tem se m ostrado das especificações finais necessárias á term inisterial de Componentes e Ma
teriais (Geicom), com Salomão Wajn-
ativo na área de microeletrônica, com fundição de um circuito integrado. berg à frente, propõe a montagem de
mais de 35 chips (do tipo dedicado) já de
senvolvidos. Só para o telefone eletrô uma biblioteca de projetos de circuitos
integrados, a ser centralizada no CPqD
nico brasileiro, aprovado pela Telebrás,
foram desenvolvidos três chips espe da Telebrás, formando o núcleo de uma
rede para serviços on-line. O Geicom,
ciais. Um deles terá a função de teclador que assessora o Ministério das Comuni
decádico (serve para compor a cha
mada), outro será uma híbrida ativa, cações no tocante a assuntos de política
que é o nome do componente que per industrial, tem partido em apoio da in
mite efetuar uma conversação bilateral dústria de microeletrônica com vistas
num só par de fios (sem chave comuta ao fortalecimento do segmento de equi
dora) e o terceiro é um disparador de pamentos para telecomunicações.
campainha eletrônica. Para cortar cus De acordo com o secretário-executivo
tos, o CPqD desenvolveu tais dispositi do Geicom, Salomão Wajnberg, a ten
vos juntam ente com parceiros estran dência inexorável da indústria de equi
geiros: o primeiro, com uma firma nor pam entos é a de sintetizar placas de
te-americana e os restantes com empre equipam entos, hoje contendo muitos
sas européias, respectivamente, a Phi componentes individuais (discretos), e
lips (da França) e a Rifa (da Suécia). trocá-las por um único circuito integra
do. “Então, sem uma indústria de proje
de máscaras”. tos e produção de integrados no País,
Geicom
Hoje, por náo haver ainda a etapa da
difusão dos chips no Brasil com as carac
terísticas necessárias de integração (2 Técnico do BNDES alerta
micra), a Telebrás é obrigada a enviar o
projeto para uma Silicon foundry, no ex sobre nossa microeletrônica
terior, o que torna o ciclo de obtenção de
um novo Cl da ordem de 12 a 14 meses. O Banco considera como da mais alta constata o economista do BNDES. A tí
Durante a etapa de produção dos chips, prioridade investir na área de informá tulo de comparação, ele cita (como de pra
a Telebrás pela mesma razão é forçada a tica. Quem afirma é Francisco Marcelo xe) o faturamento de 60 bilhões de dólares
Costa Ferreira, gerente para informática
importar pastilhas (wafers) que são pos e eletrônica, do BNDES. Ele explica que o e o orçamento de 5 a 6 bilhões em pesquisa
teriorm ente encapsuladas e testadas Banco emprega recursos do PIS/PASEP e e desenvolvimento da IBM. A seguir, ele
pela Sid e pela Itaucom. opera diretamente com as grandes em anota as fraquezas do mercado brasileiro
para microeletrônica: é um mercado que
“Devido à reviravolta im plantada presas. No caso das PMEs (Pequenas e cresce pouco; a capacitação de recursos
pelo progresso da m icroeletrônica o médias empresas) as taxas variam de Re humanos é limitada (já ocorre êxodo de
CPqD está revendo sua filosofia inicial gião para Região. As condições para fi vido aos baixos salários); e se o preço cai
de desenvolver equipamentos inteiros e nanciar alta tecnologia são das mais atra um pouco, o mercado cresce muito (alta
depois repassá-los p ara a indústria. entes, diz o técnico, e em especial para mi elasticidade), daí ser necessário partir
Agora ele está preferindo se concentrar croeletrônica: juros de 5,5%, carência de para produzir com grandeza de escala
10 anos e participação máxima do Banco
nos projetos de CIs, tal como estamos fa de 80%. No entanto, a grande dispersão para obter custos baixos. Mas, por outro
lado', falta desenvolvimento local (que é
zendo rara a interface U para Rede Digi que ocorre com os recursos do BNDES não um investimento) e sobre compra de tec
tal de Serviços Integrados — RDSI, jun permite dar a devida atenção que o seg nologia de fora (que é um gasto). Nossa
tam ente com um grupo canadense”, ex mento da microeletrônica necessita. produção para o mercado de informática é
plica o diretor da Telebrás, Fernando Costa Ferreira, ao analisar o mercado muito fechada e não concorre no exterior,
Vieira de Souza. brasileiro, conclui que a reunião da ele afirma Costa Ferreira. E, finalmente, ele
Outra área na qual o Brasil está se trônica contida nas áreas de informática, conclui que até na área do Governo náo há
telecomunicações e para consumo as
política unificada de compra de produtos
sobressaindo — consideradas as oportu cende a 6 bilhões de dólares. Prossegue di de eletrônica. Em suma, o assunto da mi
nidades tecnológicas do Terceiro Mundo zendo que apenas 5% deste total, caso croeletrônica é uma barreira importante
— é a de projetos de chips para aplica aplicado em atividades de P&D, equivale e fundamental no desenvolvimento tec
ções específicas. Um desenvolvimento ria a 300 milhões de dólares. nológico do País, cuja superação não está
correlato, relatado pelo secretário ad Porém, por desventura, as políticas se recebendo a devida atenção por parte das
junto da SEI, Roberto Spolidoro, deno- toriais das citadas áreas não convergem, autoridades competentes.
mina-se Projeto Paradigma. A idéia bá