Page 41 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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empresas investirem em desenvolvimento tec Do ponto de vista da padronização, ele des
nológico.
tacou a interconexão de sistemas abertos (OSI/
A seguir, o conferencista mostrou a partici ISO) (um movimento irreversível e vencedor); a
pação dos dispêndios em ciência e tecnologia Presidente da Telebrás, A lm ir Vieira Dias, conce crescente unificação dos sistemas operacionais
no produto nacional bruto, em vários países dendo entrevista à im prensa. (permite que um mesmo programa rode em d i
(vide grafico), verificando-se que Rússia, EUA, versos computadores); a tendência para mo
Alemanha, Japão e França se situam na faixa dé delos preferenciais de processadores para 8 ,1 6
2 a 4%; Suécia, Canadá e Itália, em torno de
e 32 bits.
1%; e Peru, Venezuela e Brasil da ordem de
Quanto a tra n s p a rê n c ia (maneira como o
0,7%.
usuário vê a rede), explicou o conferencista que
Mas a gap é ainda maior em termos absolu
os usuários terão cada vez menos dificuldade
tos e, se consideradas as diferenças entre os em conectar à mesma rede, sinais de voz, da
PNBs, conclui-se que os Estados Unidos dis-
dos, mensagens e imagens (a televisão depende
pendem de 40 a 50 vezes mais em tecnologia do ainda de rede banda larga, cujas perspectivas
que o Brasil. Disse ainda Adhemar Gomes:
de vulgarização estão mais distantes); que co
— E incrível o fato de que mais de 95% são
meçarão a surgir no Brasil, a muito curto prazo,
dispendidos em desenvolvimento tecnologico os terminais multifunção (a nível de rede analó
pela empresa estatal e que quase 60% desses
gica); e que se caminha rumo a RDSI.
dispêndios estão nas mãos da Petrobrás, Eletro- Do lado da in d iv id u a lid a d e , a idéia é a de
brás, Embraer, Telebras, Nuclebrás, CVRD e Si- que cada indivíduo terá um número como atri
derbrás.
buto e de que os serviços telemáticos ficarão a
Defendendo a tese de que são necessários seu alcance, em qualquer parte do globo (rádio
incentivos ao desenvolvimento, ele mostrou que A dhem ar Pereira Gomes, da PH T Sistem as Ele celular, satélite, redes físicas). Finalmente, a
países têm até 100% de deduções com gastos trônicos. nova a rq u ite tu ra de sistemas locais será orien
em imóveis, instalações, equipamentos (Ca tada para o uso de vias comuns (barramento),
nadá, Hong Kong); até 50% (França, Coréia); organizadas segundo o modelo OSI, a que irão
até 30% (México, EUA), enquanto que o Brasil ter computadores, terminais e periféricos com
já permite 20% de abatimentos para equipa interfaces adequadas. Já no caso das redes cen
mentos, 10% com instalações e menos de 3% tradas em comutação de circuitos, os nós serão
com imóveis. Outro lado da mesma moeda são as próoprias centrais CPAs (comutação pública)
os créditos tributários que são altos (20% e ate e as PABX (privado).
50% ) nos outros países e à exceção do setor de No tocante as próximas inovações tecnológi
informática e da Embraer são praticamente ine
xistentes no Brasil. cas (daqui a 2 anos), o técnico destacou a intro
dução de inteligência artificial com linguagens
Por que não estender os benefícios fiscais naturais e sistemas especialistas; a transmissão
atribuídos à informática (Lei 7 .2 3 2 ) para outros e o armazenamento ópticos; os processadores
setores tecnológicos, como o das telecomunica
ções? paralelos (não Von Newm an) e os sistemas
numa só pastilha (microprocessadores — me
mória — ch ip dedicado).
Ricardo Maciel
Não resistindo a fazer um pouco de f uturolo-
R icardo M aciel, da PGM Projetos de Sistem as gia, Ricardo M aciel m ostrou (vid e tabela
Ao falar de telemática, Ricardo Maciel res
Avançados. anexa), 3 cenários tecnológicos, desenvolvidos
saltou as diferentes perspectivas tecnológicas por ele para daqui a 2, 5 e 10 anos.
vistas sob o prisma das telecomunicações e da — É importante guardar que, dentro em bre
informática, definindo como sistemas ou redes mática, surge uma forte aproximação nas novas ve, a maioria dos projetos dos equipamentos
de telemática o conjunto de transporte (eletro inovações-chave: modulação para código de eletrônicos mostrará como projetar um c h ip di
magnético), processamento, conversão e arma pulsos ou PCM; multiplexaçáo por divisão de gital e prover o interface necessário, o que modi
zenamento e sinais de voz, mensagens, ima tempo ou TDM. conversores analogo-digitais; ficará profundamente a estrutura industrial.
gens, dados, docurpentos, informações sobre sistemas operacionais em tempo real e micro O recado final de Ricardo Maciel rèferiu-se
grandezas físicas. processadores. às prioridades que devem ser dadas a P&D na
Ele comparou a seguir as características das — Dessa maneira surgiram quatro linhas de universidade, governo e indústria. Na universi
comunidadesde TCsede informática. A primei convergência entre TCs e informática: a digitali- dade destacou os estudos de inteligência artifi
ra mais antiga, se dedica à comutação e trans zaçao das redes públicas de TCs; a introdução cial, processamento de imagens e de interpreta
missão de sinais de voz, mensagens e imagens; do computador na atividade de comutação; o ção de voz-, sistemas operacionais distribuídos;
raciocina em termos de equipamentos e redes; teleprocessamento de dados e o processamento e dispositivosde armazenamento e de comuta
convive com serviços em tempo real dirigidos distribuído, caracterizado pela integração dos ção óptica.
para o grande público; preza a confiabilidade, dispositivos centrais e periféricos, via sistema Em relação ao CPqD e à Telebrás, ele reco
acima de tudo; emprega tecnologia analógica de TCs — observou o palestrante, acrescen mendou prioridade na generalização do trata
eletromecánica (até 5 anos atrás) e os equipa tando: mento de mensagens; na especificação de ter
mentos se destinam a atividade fim das empre — A integração telemática se processa quer minais multifunçáo e multiacesso; no estudo
sas que exploram os serviços. se trate da interligação de serviços (dados, tele exploratório de TCs individuais; no estabeleci
Já o setor de informática lida com entrada e fonia, mensagens, fac-simile), ou da mtercone- mento de planos básicos de sinalização, trans
saída de dados; raciocina termos de computa xão de redes heterogêneas (com padrões distin missão, numeração para redes de mensagens
ção e sistemas; introduziu o conceito de s o ft tos); quer da mudança de contexto dos serviços integradas; no estimulo em direção do modelo
ware-, opera em batch (lotes); os equipamentos de computação e de banco de dados (que pas OSI; no apoio à descentralização das redes e da
se destinam a serem meios de fornecer serviços saram a operar em tempo real), ou pelo acesso comutação digital termo de emprego de equipa
corporativos; valoriza sobremaneira a inovação; do público leigo aos serviços sofisticados; ou mentos brasileiros; e ao estudo da transmissão
e utiliza a eletrônica digital e eletromecánica ainda através da proximação cada vez maior en óptica urbana.
como tecnologias. tre as comunidades industriais de telecomuni Maciel reservou para a indústria o desenvol
Ainda que haja divergência dos dois mundos cações e de informática (o mundo IBM). vimento de terminais multifunçáo; dos sistemas
nas tecnologias tradicionais, tais como tele Resulta dessa divergência, inevitável, algu OSI de tratamento e comutação de mensagens:
fone, telex, FDM, comutação espacial, rádio mas consequências para a telemática que foram dos sistemas de TCs móveis e dos sistemas de
UHF/SHF para TCs. e processador serial, arma ressaltadas por Ricardo Maciel: padronização, entrada e saida de imagens. No todo, um grande
zenamento magnético, circuitos integrados, transparência, individualidade e novas arquite desafio e um grande estímulo frente ao desafio
sistemas operacionais, compiladores para infor- turas de sistemas. dos desenvolvidos.