Page 40 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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Falando do estado da arte
Adhem ar Pereira Gomes, pela PHT Os microprocessadores se sofisticaram e, dos dos EUA), em dólar por hora, dobra aproxi
Sistemas Eletrônicos, e Ricardo Ma depois do Intel 4 0 0 4 , conseguiram-se o Intel madamente a cada década.
ciel (ex-Subsecretário de Assuntos Es 8 0 8 5 , o Z-80 da Ziiog, o 6 5 0 2 da MOS Techo-
nology, o 6 8 0 0 da Motorola. Mas*o fa to impor Software
tratégicos da SEI), pela PGM Projetos tante ressaltado pelo técnico foi o de que os
de Sistemas Avançados, mostraram componentes microeletrómcos passaram, em A indústria de softw are que, por volta dos
com dados e fatos, o fantástico desen 35 anos, de um elemento ativo por c h ip (o tran anos 7 8 /7 9 , apresentava crescimento vegeta-
volvimento da moderna eletrônica e de sistor) para uma compactação, da ordem de um tivo, a partir daí passou a ter crescimento explo
m ilhão de elem entos, no mesmo espaço do sivo. Para a década de 80 a 90 prevé-se um
como é necessário o Governo incenti chip. crescimento anual do número de computadores
var, com determinação, o desenvolvi Mas o progresso do c h ip também foi de or de 25% , com velocidade de processamento de
mento tecnológico. dem económica, observou o conferencista, ex 10 vezes maior, o que faz prever, para 1990.93
plicando que em cerca de 30 anos o custo de um vezes mais linhas de programação do que em
componente caiu cinco ordens de grandeza, ou 1980, necessitando (trata-se de dados ameri
seja. paga-se hoje por uma pastilha de 2 0 0 mil canos) 2 8 milhões de programadores ou 12%
componentes o que antes se desembolsava por da população dos Estados Unidos.
um único transistor ou por uma única válvula Esses dados se refletem na evolução do fa
tecnologia dos países desenvolvidos cam i
A nha a passos largos impulsionada por gran termoiônica. 8 2 era de 10 bilhões de dólares, cresceu para
turamento da indústria de software, que se em
A mesma tendência de barateamento verifi-
des investimentos em P&D e pela extensa for cou-se também quanto às memóriasque pas 25 bilhões, em 85.
mação de seus recursos humanos. É no avanço saram por sucessivas compactações de 1 K por Infelizmente, a produtividade na geração
da TCseda informática que se sente mais a luta ch ip , 4K, 16K e 256K (disponível no mercado) de linhas de programação decresce quando au
pelas tecnologias de ponta — mais rentáveis.
levando a reduções de custos semelhantes a menta a complexidade dos programas, que pre
que foi vista para os microprocessadores. Ao cisam ser testados e reescritos muitas vezes.
O Desafio Exterior
longo de 12 anos o preço das memórias de semi Em programas na faixa de 2 mil linhas a produti
condutores caiu por um fator de mil vezes, o que vidade e de 700 homens/mès, ao passo que e de
"É necessário in ve stir mais cm tecnologia
aliado «i programas de softw are cada vez mais apenas 70 homens/mêsem programas acima de
Este foi o recado que Adhemar Pereira Gomes
sofisticados- cujo matéria prima são os recur 5 1 2 m il linhas alertou Adhemar Gomes,
quis deixar patente na sua palestra. Mas antes sos humanos levou a indústria a uma situa acrescentando que "a criação de softwareé ba
enumerou as áreas que estão sendo mundial- ção em que o custo do uso do computador, ao sicamente o da produção intelectual, o que abre
mente consideradas como tecnologias de ponta contrário do custo da mão-de-obra, decresceu. uma oportunidade a países como o Brasil".
— a engenharia genética; as fontes renováveis 0 preço de 300 mil instruções processadas por De acordo com ele, são duas as principais
de energia; e a eletrónica, nos seus diversos
segundo passou de mil dólares em 1963 para causas que seguiram nosso desenvolvimento-
desdobramentos. 100 dólares em 1970, 10 dólares em 8 0 e con o relativo atraso na produção de componentes
Passando a abordar o lado econômico do de tinua caindo, ao passo que a mão-de-obra (da microeletrómcos e a falta de estímulo para as
senvolvimento tecnológico brasileiro, o con
ferencista mostrou como o País in ic io u com a
produção de m atéria-prim m a ara exportação,
passando para uma fase de industrialização tar
dia, em estreita relação com empresas m ultina
cionais com matrizes no exterior e como essa
circunstância lhe permitiu queimar etapas, mas
às custas de pacotes de tecnologias adquiridos
formal ou informalm ente do estrangeiro, fato
que bloqueou a indústria nacional de querer
partir para seu próprio desenvolvimento.
A seguir, o País realizou um esforço monu
mental de aumento das exportações, com pro
dutos primários, manufaturados, sofisticados,
que rendessem dólares do exterior. Em conse-
qüência, afirmou Adhemar Gomes:
— Se as empresas, na sua maioria, se mo
dernizaram para exportar, não se prepararam,
todavia, para o desenvolvimento de inovações
tecnológicas absolutamente necessárias para
manter a competitividade dos produtos no mer
cado internacional. É o caso, por exemplo, da
indústria de máquinas-ferramentas, cuja cres
cente automação precisaremos desenvolver a
fim de concorrer no mercado externo.
Continuando com sua exposição, ele falou
da democratização que ocorreu na área da ele
trónica, com a introdução, em 1971, do c h ip
4 0 0 4 , da Intel, que permitiu a qualquer um ma
nufaturar o seu próprio computador, atividade
que antes era o apanágio de um seleto clube de
empresas constituído pela IBM, Control Data,
Univac, NCR e Burroughs.