Page 44 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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Enfoque da empresa nacional
Telebrás deve zelar. Nessa tarefa o CPqD pode
desempenhar algumas funções.
- O CPqD têm que continuar desenvolvendo
prototipos. Excepcionalmente, o Centro deve
estar envolvido no desenvolvimento de produtos
para, dessa forma, gerar as informações neces
sárias a padronização. O papel nobre de desen
volvimento de novas tecnologias e pesquisa
aplicada, claramente tem de ser liderado pelo
CPqD. A homologação de produtos e componen
tes é um papel que o CPqD ou laboratonos da
Telebrás devem ter como predominante.
Mas o desenvolvimento do setor foi muito
mais rápido do que o sistema de formação de
mão-de-obra pôde acompanhar. Outro papel da
Telebrás é o de formar recursos humanos para
levar adiante as pesquisas básicas e aplicadas,
A indústria nacional defendeu seus interesses e desenvolvimentos tecnológicos. hoje relegadas a universidade.
Logo a seguir, Ripper tocou na questão dos
componentes, dizendo que o ideal seria chegar
José Ripper, pela Elebra, Delson Siffert, serviços de telecomunicações. mos ao ponto das empresas estarem qualifica
pela ABC-Xtal, An na Maria Machado, Segundo Ripper, a Telebras já fez muito nes das para produzirem seus próprios elementos
pela Cobra, mostraram três visões dis se sentido. Começou deixando de adquirir siste necessários à fabricação do produto final.
mas completos, permitindo o aparecimento de
A Telebrás deve obrigar o uso de compo
tintas de como operam as empresas na empresas nacionais, uma vez que as compras nentes críticos para a preservação da tecnologia
cionais de alta tecnologia. Adaptar, pulverizadas possibilitam às empresas se de nacional. Só deve ser permitido uso de compo
criar, inovar, fazer engenharia reversa, senvolverem sem necessidade de fornecerem nentes acessíveis a todos, com exceção dos de
além de contratar know-how, mas prin pacotes completos. dicados. Porém, nem todas as empresas nacio
Talvez tenha sido a iniciativa mais impor
nais têm competência para atingirem estas me
cipalmente desenvolver tecnologia, tante. É única no setor, em termos mundiais. tas. Já no final, Ripper mostrou alguns produtos
tudo é válido desde que o produto final Ela investiu pesadamente em tecnologia no sis da Elebra, todos da nova geração MCP-30, qua
venha de encontro às reais necessida tema como um todo, internamente na própria lificados como os mais sofisticados já feitos em
des do mercado. Telebras, em universidades c empresas. Temos eletrônica por uma empresa no Brasil.
que estimular as empresas a desenvolver seus
Uma estratégia de fortalecimento de equi
próprios produtos, a melhorar os produtos de pamentos de bastante sofisticação-, competiti
senvolvidos por outrem e se fortalecer na sele vos a nível nacional, e aplicáveis a realidade
ção e qualificação de seus componentes, me brasileira; assegurara um futuro razoavelmente
presentar uma solução nacional adequada
A ao mercado interno é o principal objetivo lhorando os processos de produção. independente em termos de tecnologia.
Mas quais são as fórmulas a serem usadas?
das empresas nacionais Um consenso apontou Ripper arrisca:
como papel da empresa brasileira na evolução - Devemos primeiro, dar mais autonomia às ABC-Xtal
tecnológica, sobretudo, se ater a adaptação das empresas no desenvolvimento e aperfeiçoa Seguindo uma linha de pensamento seme
tecnologias às condições locais, de modo cria mento de produtos, através da permissão para
lhante a de Ripper, Delson Fontes Siffert, presi
tivo, eficiente e original Em outras palavras, participação em benefícios diretos sobre os re dente da ABC-Xtal, abordou a significação da
buscar um produto diferente, capaz de competir
com equipamentos estrangeiros de maior capa sultados e investimentos tecnologicos. Qual produção, em escala comercial, das primeiras
quer atitude que force as empresas a comparti
citação tecnológica. Aqui estão algumas das lhar os benefícios de seus concorrentes, desisti- fibras ópticas nacionais. ..
principais considerações dos três representan - A ABC-Xtal produziu, até hoje, no Brasm
tes de empresas nacionais no XIV Painel Tele- mula investimentos no setor A Telebrás, no en 4.000 quilômetros de fibras ópticas. A título
tanto, tem a obrigação de colocar certos limites
esclarecimento, existem dois tipos de fibras óp
brasil.
nesta autonomia que estou propondo. ticas em uso no mundo: a multimodo e a mon
Preservar a alta qualidade, assegurar que os modo. Nós, atualmente, usamos óptica mu
Elebra Telecom
produtos sejam gerados por tecnologia nacional modo, apoiados na tecnologia desenvolvi
e determinar um certo nível de padronização pelo CPqD Podemos dizer que foi um sucess
José Ellis Ripper Filho, há sete meses trans
ferido de diretor da Elebra Telecom para a coli dos equipamentos, são fatores pçlos quais a participação estreita entre CPqD e a mdústri
gada Elebra Microeletrônica, tentou situar o pa
pel ocupado pelo desenvolvimento tecnológico
no setor de telecomunicações. No seu entender, MODELO DE DESENVOLVIMENTO COBRA
o objetivo principal de uma política tecnológica
visa garantir a sua evolução. Vantagens Desvantagens
- Nós precisamos, em primeiro lugar, do for
talecimento das indústrias genuinamente na • Absorção dos processos de produção Grande grau de dificuldade
cionais. Em segundo, o aumento gradativo da • Domínio e independência absolutos Necessidade de grandes volumes de rec
utilização de equipamentos desenvolvidos no • Capacitação para aperfeiçoar sos financeiros e humanos
País e um fortalecimento na formação de recur • Multiplicação dos frutos Processo muito demorado
sos humanos. Só assim teremos a existência de
competição entre as empresas, fator prepon Seja na transferência de tecnologia estrangeira ou desenvolvida nas universidades e cen^ ^
derante para o aumento da qualidade dos equi de pesquisa nacionais, a Cobra tem um só pensamento: dom inar e aperfeiçoar o desenv
pamentos e conseqiiente melhoramento dos mento de hardware e software.