Page 45 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1984
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DEBATES
L. C. Bahiana (Equitel). A política indus- vidos pelo Conselho Nacional de Informá
trial da TCs e uma política de aquisições, tica e leis específicas deverão ser feitas
dura, mas exequível, eque não abandona o para os problemas da automação, privaci
interesse nacional. Uma política sensata. dade e logicial.
Mas a recente lei de informática, que teve Virgílio Távora: Participei da lei do mono
261 emendas propostas em 15 dias, preo polio da Petrobras, ajudei a fazer a lei
cupa a indústria quanto a manter sua efi 4 117/62 das TCs, fui relator da 5 792
cácia operacional. Qual a posição do Mim- que estruturou a Telebrás e presidi a lei
com a respeito? que dá as principais diretrizes da política
R. Furtado: Devemos ver com otimismo a industrial de mformatica. Não sou nem xe
nova Lei de Informática e pensar que o nófobo, nem xenófilo, e o que se tem na
Conselho Nacional de Informática funcio nova lei de informática é bom senso, pois
nara efetivamente, e que medidas radicais com ela estaremos jogando com os futuros
nâo proliferarão. Tudo leva a interpretação 50 anos de desenvolvimento desta Nação.
que as políticas em vigor nas areas dos di Oswaldo Murgel (Advogado) Existe uma
versos ministérios serão mantidas. reserva legal e não um monopólio das TCs e
Jorge Guinle (Elebra): O que se pode fazer do ponto de vista legal não se pode impedir
para capacitar recursos humanos em que a empresa privada participe como as
tecnologia7 sociada das TCs, o que pode ser util tendo
R. Furtado: Apoiar a atividade produtiva em vista a emergência de novos serviços. O
que emprega pessoas é a melhor maneira modelo da informática será sempre di
de capacitar RH. ferente das TCs e deverá ser exercido pela
J. Guinle: Como se entrosam os setores de “A política industrial empresa privada. Nacional ou estrangeira,
TCs e de informática? do setor das eis a questão?
R. Furtado: Ambos os setores têm a Luiz Sérgio Sampaio (Embratel): Apesar
mesma base tecnológica, que é a eletró telecomunicações de sua dicotomia histórica que deve ser su
nica, mas não é inelutável que os dois se demonstrou ser acertada ” perada, os componentes, serviços e siste
sobreponham. A informática transforma e Salomão Wanjberg mas de informática e TCs convergem. Deve
a comunicação transporta a informação. A Geicom existir apenas uma umea política e por
fronteira entre ambas não é absolutamente tanto devemos buscar esse consenso e o
nítida, mas ha produtos que inquestiona setor das TCs se realiza quando dá diálogo
velmente pertencem a uma ou outra área. aos outros. Entre a iniciativa privada e a
Quanto ao modelo administrativo, o que se coletividade (representada pelo Governo)
ve no mundo é a inexistência do Ministéric deve existir uma solução ótima, a ser pro
da Telemática. O que mais se vê é a solu curada. Por outro lado é impossível ter pro
ção da comunicação com o Governo e da dutividade sem uma relativa autonomia
informática com a indústria. tecnológica e deve se buscar o meio termo
Anibal Teixeira (Deputado): Justiça seja entre as necessidades da atualização e da
feita ao setor de TCs funciona. A autono total independência tecnológica.
mia tecnológica total é uma ficção e a pes L.S. Sampaio: Uma sociedade capitalista
Quisa deve se orientar para os setores mais precisa alcançar o desenvolvimento tec
socializados, que pressupõem a existência nológico, senão só obterá acumulação de
e mercado. A interferência estatal deve riqueza e não acúmulo de capital. Por sua
ser moderada e deixar a livre empresa fazer vez o acumulo de capital requer aumento
eu trabalho. O dinheiro gasto por exemple de produtividade que exige Recursos Hu
um aeroporto (o de Belo Horizonte) equi manos, tecnologia e educação. Tudo re
e a manter 1.700 grupos escolares de 2 sulta da união do capitalista, do trabalha
1 alunos, durante 6 anos e com direito a dor e da classe média (que não deve ser
jerenda. vista só sob o enfoque do consumo, mas
n,bal Teixeira: Enquanto o Estado não re sim como vinculada ao fomento do pro
nán h °S prob,emas básicos da populaçãc gresso do sistema).
fprí , e sair Para outras iniciativas. É pre- Anibal Teixeira: Industria Nacional é o que
se fabrica no país Um carro se compõe de
extp° paJ?ar r°ya,tjes do Que importar dc
desiJ°r i S nossos Sondes desafios são as milhares de peças de produtos brasileiros
W r Ualdeades soc,ais e ievar Educação, reunidas por uma montadora multinacio
libert â 6 ^e8urança a todo o povo. Só a lei nal. Isto é preferível a ter que exportar mi
a liberdade individual trará c nério de ferro e importar o carro. A lei é o
que a sociedade estabelece através do Par
“A política industrial
mab!'° Távora (Senador): A Lei de Infor das telecomunicações lamento, mas a Lei de Informática só ‘‘vai
revooá p8? a 'mutável e pressões poderãc pegar” se a indústria produzir os bens e
mas d a 3 dentro de 2 a 3 anos. Os proble- é dura, porém exequível" serviços que satisfaçam a sociedade bra
entro Trcomutação e de microeletrômca Luiz Carlos Bahiana sileira.
s e Informática deverão ser resol Equitel