Page 80 - Telebrasil - Março/Abril 1983
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fabricação, para formar a central comutadora para um local Todo o risco do fornecimento é tam bém coberto por determi
específico. Isto significa que a engenharia (E) tem que consi nadas parcelas do custo de comercialização. Alguns dos títulos
derar aspectos ímpares da rede em que vai operar, tais como abaixo são auto-explicativos:
plano tarifário, de numeração de sinalização e os meios de
transmissão. A estratégia defendida para reduzir este custo de — provisão para despesas com garantia;
engenharia individualizada é a máxima padronização do equi
pamento, desde o diagrama de entroncamento até a disposição — provisão para oscilações no custo (por exemplo, diferenças
das unidades na sala e cabos de interconexão padrão, e pré- entre índices oficiais e reais de matérias-primas, custo de
fabricados. Somente aqueles condicionamentos impossíveis de vida, etc);
ser fixados a priori para uso em qualquer ponto de rede (alguns
sinais MFC, parte da numeração de ordem igual e superior ao — provisão para atrasos de pagamentos;
milhar e eventualmente alguns casos de multimedição) não
seriam fixos, mas deixados para programar no local. — custo de treinamento incluído no contrato de fornecimento
Adotando-se essa filosofia de trabalho, inicialmente para de material;
centrais até 1.000 terminais, a documentação de instalação
será um manual padronizado por equipamento. A instalação e promoção de vendas, etc.
teste funcional final serão mais uniformes e econômicos. Como
a instalação das centrais rurais tem sido progressivamente ra Somados todos os custos de desenvolvimento, fabricação e
cionalizada, com pré-teste de fábrica, há um ganho extraordi engenharia, a comercialização, além da compensação dos seus
nário em prazos de entrega, de instalação e redução no preço próprios custos, deve garantir uma margem de lucro para re
da fase total de engenharia com a padronização. munerar os acionistas, permitir a continuidade de empresa e
seu interesse em permanecer na atividade setorial. Assim, a
comercialização funciona como um "balanço” de todas as ativi
4.8 Comercialização (parâmetro C)
dades do produto dentro da empresa (figura 1).
A redução dos custos de comercialização depende de ações
As parcelas do custo de comercialização são bastante nu
tanto do lado do fabricante-vendedor como do lado da compa
merosas e diversificadas, contribuindo cada uma com um
valor individual baixo, mas que, no final, constituem um valor nhia telefônica compradora. Do lado do fabricante pode-se re
duzir as provisões para custos de garantia pela aquisição de
considerável. Recaem aqui todas as despesas relativas ao rela
insumos (componentes) de boa qualidade e impondo testes
cionamento com o cliente razoável ou intransigente, pontual
mais rígidos na entrada dos insumos e eficiente controle de
ou inadimplente, aquele que dispõe de um planejamento firme
qualidade na fabricação. Uma melhor qualidade no desenvol
ou instável.
vimento (circuitos) e controle no processo de fabricação redu
zirão também falhas funcionais e estéticas do produto. Assim,
um produto sobre o qual se tem uma avaliação como de "boa
qualidade” resultará em uma menor provisão para despesas
com garantia.
A parte compradora pode reduzir, em muito, os custos de
administração do projeto. Talvez a ação mais importante sejao
planejamento. Um planejamento competente, de bom senso e
com diretrizes estáveis de forma a não alterá-las durante a
execução do contrato, com sucessivas reespecificações de ma
terial, etc, diminui os custos de gerenciamento do contrato. 0
cronograma físico-financeiro deverá ser elaborado em bases
realísticas para evitar que a certa altura de um projeto se veri
fique não haver recursos suficientes, e se solicite um reescalo-
namento da entrega dos materiais. Isto implica em aumentos
dos estoques de produtos acabados no fabricante e, conse-
qüente, ônus a ser pago pela provisão correspondente.
5. ARX-100, Um Exercício Tecnológico Dentro dos Cri
térios Expostos
As centrais comutadoras disponíveis no mercado brasileiro
até 1980, para aplicação rural, do tipo compacto, resultaram
de versões econômicas de sistemas de maior capacidade. A ra
cionalização do empacotamento e simplificação viabilizaram
economicamente estas versões na faixa 500-1.000 terminais.
No entanto, nas capacidades próximas de 150 e 200 terminais
persistiam ainda condições menos favoráveis para viabilizar
um grande número de projetos na faixa mais sensível dessas
aplicações.
As idéias aqui expostas mostraram o caminho para desen
volver um equipamento voltado, desde sua origem, para a au
tomatização rural, de concepção simples, com capacidade de
tráfego e perda ajustadas àquela aplicação. Uma alta dose de
bom senso e criatividade dos projetistas foi necessária para re
duzir o hardware, a engenharia e custos operacionais.
O Departamento de Desenvolvimento da Ericsson do Bras
A indústria vem desenvolvendo
equipamentos chamados compactos, incluiu este trabalho nas suas atividades do primeiro semestre
simplificados ou rurais em que procura de 1980. O resultado foi um equipamento de configuração pa
otimizar aqueles parâmetros para tornar os drão (figura 3) denominado ARX 100.
sistemas mais acessíveis e contribuir para a O objetivo permanente foi a redução do custo global do pro
automatização rural. jeto, porém não transigindo na qualidade dos circuitos e con-