Page 78 - Telebrasil - Maio/Junho 1982
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minação da força ou da dominação analógica, glo saxônico, aquela que é imposta e que aceita estaria por trás dando o embasamento, a funda
mas é importante que ela evolua para aue seja mos porque é eficiente; e temos uma espécie de mentação necessária.
obtida no nível do respeito à regra, da busca e id que é a cultura negra, que basicamente não as
manutenção da dedsáo coletiva. sumimos. Saber o que é cultura brasileira é um Este ano estamos no 4.° Programa de Desenvol
problema quase de psicanálise social, que precisa vimento Cultural. Um conjunto de matérias filo
Não se poderá prescindir da figura carismática, ser pesquisada em profundidade. Os maioreá in sóficas, metodológicas, científicas e históricas
ela é importante assim como, em determinados
telectuais brasileiros têm tido dificuldades em constituem a parte fundamental; existe uma
momentos, a força também o é; no entanto é tam nos ajudar a evidenciar o que é específico da cul parte voltada para sistemas e processos gerais,
bém fundamental que isso tudo seja guiado por tura brasileira. como sistemas econômicos e sodais; e a última,
uma visão mais convendonalizada. que trata de sistemas particulares, como Brasil,
Embratel, etc.
Desta forma temos, na Embratel, duas áreas de
programas de desenvolvimento de cultura: uma, Neste Programa damos ênfase à lógica, porque é
que é atribuição do DTR, é o desenvolvimento da a parte do pensamento que corresponde à lin
cultura técnico-administrativa geral e técrii* N ã o s e p o d e r á guagem dedutiva, a parte que, em última instán-
co-dentífica específica da empresa; a outra, que é p r e s c i n d i r d a f i g u r a da, deveria orientar o ser humano.
atribuição da ADE, é voltada para o desenvolvi
mento da cultura geral da empresa. É importante c a r i s m á t i c a . Nós trabalhamos numa empresa de telecomuni
notar que esses programas não são isolados, eles E l a é i m p o r t a n t e > cações, trabalhamos com informação e a maioria
são intremeados. Num programa de desenvolvi a s s i m c o m o e m das pessoas não têm idéia de que a informação é
mento de cultura sócio-política, a parte voltada parte de uma coisa maior. É como se trabalhásse
para a cultura geral pesa muito mais, embora d e t e r m i n a d o s m o m e n t o s mos nos subterrâneos de alguma coisa mais
procuremos mostrar os aspectos sodais da téc a f o r ç a t a m b é m o é . . . geral, pois trabalhamos só com os significantes,
nica. Já num programa de treinamento em comu com a infra-estrutura dos signos, sem ver a men
nicação de dados, curso em nível de pós-gradua sagem que está sendo transmitida. Precisamos
ção, reservamos 10% do tempo para temas como: ter uma visão mais completa desse universo sim
a Economia, a Sodologia e a Antropologia das bólico de que somos o suporte infra-estrutural.
Comunicações, noções mais ou menos gerais da
área de ciências humanas. Todo programa tem Resumamos nossas principais conclusões: o
um pouco de cada um dos enfoques, nunca é es Também se constituem itens importantes do mundo simbólico é relevante, o homem é um
tritamente técnico nem estritamente cultural. A Programa os temas aue propiciam aos partici animal simbólico e há um eixo de evolução sim
visão é de aue a empresa toda obtenha esta cul pantes a oportunidade de debates e Incorpora bólica; essa evolução simbólica não se dá de uma
tura global narmônica-técnica e sódo-política — ção de valores que devem' compor a espessura forma harmônica no plano político, económico e
ao nível da linguagem convendonal. Para isso, é cultural no mundo da empresa. Aspectos como cultural nos países menos desenvolvidos, há
predso que a biblioteca fundone coerentemente, racionalidade, enfoque grupai (é importante dar uma desarmonia patente entre o nível de evolu
os programas de viagem para estudos também e, a liberdade de assumir a liberdade), o problema ção política e econômica; é fundamental superar
que haja uma circulação desse saber através de da participação, o real compromisso com deci esse descompasso entre os níveis de desenvolvi
seminários. sões e regras estabelecidas, uma crítica conse- mento. No gerente, exatamente a pessoa que
qüente que procure dar alternativas de soluções, tem que equilibrar esses dois tipos de função, o
Na área de programas de desenvolvimento da o problema da competência e fundamentação problema, dentro do contexto brasileiro, é
cultura geral, a Embratel vem realizando o que (que as decisões sejam tomadas com base em co agudo. No gerente de telecomunicações esse
foi denominado Programa de Desenvolvimento nhecimentos teóricos e práticos e não apenas em problema tende a se agravar, na medida em que
Cultural, o qual pretende levar os partidpantes a mera intuição). Outro valor importante é a noção vamos levando ao extremo a digitalização no pla
uma condição de conhecimento que possibilite de brasilidade da empresa— o entendimento de no científico, técnico e econômico.
seu autodesenvolvimento pela compreensão de que a empresa é um subgrupo do grupo maior
si mesmos, enquanto indivíduos, e pela compre formado pela comunidade na qual se insere (vale Nem por isso devemos tomar uma posição pessi
ensão do meio em que estão. Fará isto desenvol dizer, o Brasil) e com a qual deve se engajar na mista, pois, pelo contrário, é uma grande opor
vendo a capaddade: compreensão e análise crí resolução de seus problemas. tunidade de procurar que o gerente do setor de
tica dos objetos de diferentes campos do conhe telecomunicações seja aquele que dê exemplo,
cimento; da articulação entre esses campos do que faça o esforço de ouscar em si essa harmonia.
conhecimento; do ataque a situações novas e O Perfil do Gerente E um desafio e um perigo, ao mesmo tempo que
complexas; e de uma atualização cultural efetiva uma oportunidade de dar mais outro exemplo. A
que se constitua num ponto de partida para o O perfil que queremos para o gerente tem, além história das telecomunicações no Brasil é algo de
aprofundamente em áreas de conhecimento com das funções clássicas de dedsáo planejamento, exemplar e não se está negando essa historia. O
as quais não esteja familiarizado. Os participan controle e coordenação, mais algumas caracterís que se está dizendo é que temos uma outra opor
tes irão aplicar princípios teóricos a situações ticas: que ele seja um elemento integrador do tunidade, bastante significativa, de darmos uma
particulares e concretas que digam respeito a grupo de trabalho, um elemento incentivador do nova contribuição tornando-nos exemplo de
Embratel como empresa, como empresa brasilei processo de desenvolvimento técnico e compor- como a sociedade brasileira pode restabelecer o
ra de telecomunicações. tamental desse grupo, que seja um elemento res equilíbrio de evolução.
ponsável pela multiplicação do conhedmento,
A palavra b r a s i l e i r a está sempre presente, pois incentivador da partidpaçáo ativa e crítica dos O programa cultural da Embratel é uma tenta
achamos que temos que criar uma cultura geren empregados da empresa no processo dedsório e tiva. Ele não está maduro, e ainda sofre refor
cial que nasça e mantenha raízes na cultura bra da corresponsabilidade pela preservação dos mulações muito grandes; mas, se as premissas
sileira. Entre parênteses, é mais um problema valores essendais da cultura brasileira. de onde partimos são verdadeiras, temos a obri
grave, pois não é um ponto que dominemos bem gação de seguirmos com ele enquanto houver es
— saber o que é a cultura brasileira hoje — inclu Os tipos de programa gerendal que concebemos paço. Espaço que acreditamos deverá também
sive porque ela esconde alguns de seus aspectos. têm três módulos básicos: um voltado para uma existir tanto para sua autocrítica quanto para a
Temos uma espécie de ego, que é a nossa cultura atualização tecnológica, a nível informativo; um existência de outras experiências neste setor, de
ocidental latina, aquilo que assumimos; temos modo operativo, que é o domínio dos instru onde, mantido o diálogo, poderá surgir uma
uma espécie de superego, que é a cultura do an- mentos de alta gerênda; e o modo cultural, que solução adequada aos nossos graves proolemas.
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