Page 53 - Telebrasil - Maio/Junho 1981
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comutação eletrônica digital (CPA — uma configuração digital ótim a no versão portuguesa, patrocinada pela
temporal) e de sinalização por canal co futuro? Fundação Getúlio Vargas e a Cobra-
mum entre processadores (SCC). Computadores e Sistemas Brasileiros.
Essa e outras indagações semelhantes
Este último conceito provém do fato de estão sendo objeto de pesquisa nas di O relatório concede extrema importân
que a rede utilizada para estabelecer versas administrações, inclusive no cia à regulamentação e controle das
uma ligação entre dois terminais de as Brasil. Não será supérfluo comentar telecomunicações, já que o estabeleci
sinantes é formada na realidade por que o treinamento intensivo de pessoal mento de redes internacionais de co
três estruturas distintas: uma de inter- para se adaptar à nova revolução digital municação de dados (cada vez mais fá
conexào, que dá suporte para que os passará a ser cada vez mais importante. cil e barato), mais o lançamento de sa
pontos terminais entrem em contato; Nesse contexto, cursos intensivos de télites que, como indica a evolução téc
uma de sinalização, que tem a haver reciclagem precisarão ser conduzidos nica, estarão em futuro mais próximo
com as informações de numeração, de forma maciça, em todos os níveis, transmitindo, ao mesmo tempo, além-
com o encaminhamento de sinais entre técnico-operacional-gerencial, de de sinais de telefonia, rádio, televisão e
centrais e com a supervisão da comuni modo a mudar a mentalidade vigente dados. Diante disto, a simples fabrica^
cação até ocorrer seu rompimento; uma de analógica para digital. çáo de equipamentos no país, por uma
de supervisão, destinada a veicular as indústria nacional, não assegura nada
informações e os comandos neces A introdução de novas centrais e meios contra o domínio econômico e cultural
sários ao funcionamento da rede. digitais em um ambiente analógico de quem detiver o controle das redes.
constitui, sem dúvida, um desafio de
Inicialmente, essas três funções — in- maior grandeza, cuja solução precisa Os autores não se furtam a descortinar
terconexão, supervisão e sinalização — ser planejada com bastante antecedên largos horizontes intelectuais, quando,
utilizavam meios fortemente interde cia. Será necessário atuar não só nas por exemplo, citam que as estradas de
pendentes. Percebeu-se, porém, que se máquinas, pois essas se fazem cada vez ferro e a eletricidade transformaram a
caminhos distintos fossem estabeleci mais disponíveis, mas principalmente estrutura social de familiar para nacio
dos para veicular as informações relati no homem que irá utilizá-las. nal, e que a telemática é extremamente
vas às diferentes funções, melhorava im portante, pois "in form ação é
muito o desempenho do sistema. As (Pesquisa e Editoria Telebrasil) poder".
sim, por exemplo, se fossem grupadas
as sinalizações referentes ao estabeleci Haverá modificações na estrutura de
mento de diversas chamadas e o con Simon Nora/Alain Mine H 1 empregos e acham que "as rivalidades
junto fosse enviado por um canal co já vão opor duas classes estruturadas
mum, separado dos meios utilizados L ’informatisation por sua inserção nos processos indus
para interconectar os assinantes, obti de la société triais, mas inúmeros grupos, móveis,
nha-se grande melhoria no escoamento condicionados pela diversidade de
do tráfego. suas ligações e projetos. As fontes e
mecanismos de conflito se estenderão a
A sinalização por canal comum é hoje toda sociedade".
amplamente utilizada pelas adminis
trações e constitui uma verdadeira rede E, "se esta hipótese é correta — dizem
de transmissão de dados dentro do sis — tanto a visão liberal quanto a mar
tema telefônico tradicional. xista, contemporâneas de uma socie
dade de produção, terão que ser
revistas".
A digitalização da rede afetará profun
damente o planejamento das redes de A aplicação, na íntegra, das conclusões
telecomunicações. Modernamente o do relatório Nora ao Brasil de hoje po
planejamento de redes lança mão não derá ser discutida. No entanto, é fato in
só dos recursos de engenharia das tele discutível que, aos poucos, vai-se cri
comunicações, mas também de pesqui ando no país uma telemática, dentro do
sa operacional e de métodos probabilís- O Relatório Nora que permite o contexto nacional. Quere
ticos. A utilização intensiva do compu e a telemática mos nos referir não só aos sistemas Si-
tador constitui sem dúvida uma ferra cram ou Transdata da Embratel, mas
menta indispensável para solucionar nacional também às diversas centrais de informa
os dois tipos centrais dos problemas de ção das empresas telefônicas, à implan
planejamento e que correspondem à Há livros que marcam época e rapida tação ainda discreta de redes de fac-
pergunta: Como otimizar o desem pe mente disseminam pelo mundo novas símile e às experiências de videotermi-
nho ou qualidade de uma rede, otimi idéias e novos termos: permanentes, nais, e já existe em implantação na Uni-
zando ao m esm o tem po a estrutura de alguns, e transitórios, outros. Quem. camp um centro de armazenamento de
seus custos? não se recorda por exemplo de "Aldeia dados — SEADE —, que possui um
Global", de McLuhan, ou do "Desafio completo banco de informações sobre o
Uma complicação adicional reside no Americano", de J.J. Schreiber? Os fran estado de São Paulo, a ser consultado de
fato de que, na vida real, já existem ceses, com a cultura cartesiana que lhes qualquer parte do país via telex. A tele
grandes investimentos efetuados nos é peculiar, voltariam a atacar, em 1978, mática está se firmando no Brasil, e sem
sistemas mais convencionais e a per com o "Relatório Nora", assinado por alardes, como uma realidade. Para os
gunta a ser respondida passa então a Simon Nora e Alain Mine, e elaborado que desejam uma comprovação e pos
ser a seguinte: Qual a m elhor maneira por encomenda do presidente Giscard suírem uma máquina telex é só discar
de passar da estrutura atual de uma re D'Estaing. A obra, dois anos depois, 0191321 e se sentirão transportados ao
de de telecomunicações analógica para está chegando às nossas livrarias, em novo mundo de Nora-Minc.
