Page 36 - Telebrasil - Julho/Agosto 1979
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relevante que a universidade bràsileirâ deveria com terceiros quando conveniente a seus interes- Quando as opções de escolha muito se asseme
desempenhar no desenvolvimento do computa lham, ou não apresentam condições de contorno
dor nacional. Parece ter sido este o primeiro do claramente definidas que as destaquem, ou, ain
cumento oficial que define a participação da uni Das oito empresas contatadas, a AEG- da, quando existe divergência no sistema de
versidade brasileira no desenvolvimento do com Telefunken e a Philips foram deixadas de lado cisório, a análise é influenciada por aspectos sub
putador nacional. Sào citadas as Universidades por não demonstrarem maior interesse. A Hew jetivos e a decisão cai no campo político.
de São Paulo, de Campinas e o Instituto Militar lett-Packard (HP) posteriormente não concorda
de Engenharia (IME), afirmando o documento va com a participação minoritária, enquanto que Assim, representantes do Ministério do Planeja
que o engajamento universitário seria, necessa a DEC (Digital Equipment Corporation) não ex mento optavam pela Fujitsu, principalmentepela
riamente, pelo início de projeto novo, o qual, plicitou na forma desejada sua concordância em maior gama de seus produtos e por possuir um
contudo, se beneficiaria da experiência já acu transferir, sem reservas, sua tecnologia. Insistia a minicomputador (o U 200), máquina considera
mulada por um projeto industrial. O estudo con DEC nas dificuldades de modificação futura de da mais adequada ao país, já pronto para pro
clui pela fabricação do computador FM 1600 B projeto, propondo-se a somente transferir os co dução; e o Ministério da Marinha e a EE opta
condicionada à elaboração de um novo “ Plano nhecimentos necessários para a fabricação de vam pela solução Ferranti pela melhor qualidade
Integrado” e pelo desenvolvimento de um com uma das máquinas de “ Família” de sua pro de seu minicomputador (o Argus 700 e nâo mais
putador nacional de características ..técnicas me dução. Assim restaram a Variam, Ferranti, CII e o FM 1600 B) e seus produtos de circuitos im
nos exigentes. Neste estudo as seguintes reco Fujitsu. Suas propostas foram detalhadamente pressos de múltiplas camadas, aliada à maior
mendações foram apresentadas: a Marinha deve analisadas. Para a escolha final, levar-se-ia em qualidade da proposta de transferência de tecno
sustar a aquisição de treinadores e simuladores conta não somente as condições comerciais e logia e de formação de pessoal. Os Ministros de
no estrangeiro até a conclusão dos trabalhos, técnicas de associação, mas também as condições Estado daquelas pastas tomaram oficialmente
pois a intenção é, com estas encomendas, colabo de licenciamento, o tipo de produto e suas carac posições diversas.
rar na viabilização da empresa a ser criada; esta terísticas, a capacidade do sócio em pesquisa e
belecer a participação da Ferranti, através de as desenvolvimento capaz de manter um fluxo O impasse foi então resolvido criando-se uma
sistência técnica no projeto do computador na contínuo de transferência, a capacidade na área holding. Em 06 de abril de 1973, o Ministro -
cional, enfatizando a recomendação e partici de circuitos integrados, componentes especiais do Planejamento determinava a criação da em
pação da universidade brasileira; que o GTE es para controle de processos industriais, telecomu presa holding, tendo como acionistas o BNDE c
pecifique o corçiputador a ser desenvolvido e fa nicações, terminais de vídeo, equipamentos pe outros organismos públicos interessados no pro
bricado no Brasil para uso geral em escolas e uni riféricos, tanto para computadores comerciais blema, como o Serpro, TELEBRÁS, Petrobrás,
versidades. como minicomputadores. Evidentemente, a que se capacitariam a garantir o recebimento e
análise de todos os fatores envolvidos seria sem absorção de tecnologia buscada tanto no campo
Nasce o Futuro G 10 e G 11 pre muito subjetiva, sujeita, portanto, a interpre civil como militar. A nova companhia teria os re
tações, função de enfoques estratégicos e táticos. cursos necessários para superar eventuais limi
O GTE agilizava as providências para o atendi tações do sócio brasileiro e capacidade para, em
mento da diretriz de desenvolver a capacidade qualquer tempo, assegurar o controle acionário
A análise feita pelo GTE concluía que as empre
nacional de projeto e, em 24/07/1972, assina do empreendimento.
sas Fujitsu e Ferranti atendiam melhor os requi
protocolo com o Conselho Estadual de Tecnolo
sitos básicos do que as outras duas empresas, CII
gia de São Paulo, a Universidade de São Paulo Nasce a EDB — Eletrônica Digital Brasileira
c Variam. Em 28 de julho dc 1972, o GTE oficia
(Fundação para o Desenvolvimento da Engenha
â Diretoria de Comunicações e Eletrônica da Ma
ria) e com a Equipamentos Eletrônicos S/A com Nascia, assim, a EDB — Eletrônica Digital Bra
rinha, propondo a criação de uma empresa pilo
o objetivo de desenvolver um minicomputador sileira, em 12/3/73, que, posteriormente (maio
to composta do BNDE c da EE, a qual poderia
nacional. A l/niversidadc de São Paulo foi sele de 1974), tomaria a denominação de Digibras.
formar, junto com firmas estrangeiras, duas em
cionada por possuir um grupo fortcmentc orien Nessa mesma ocasião, o Ministro do Planeja
presas para atender á fabricação de produtos pa
tado* em projeto, grupo este que havia desenvol mento afirmava existirem nítidas indicações de
ra o mercado civil c militar, separadamente. Em
vido um protótipo de computador denominado poder-se contar com a viabilidade econômica de
“ O Patinho Feio” . O computador nacional de agosto e setembro de 1972 foram realizadas visi uma divisão que se ocupasse basicamente da área
veria estar concluído em dois anos c definiu-se tas às empresas Variam, Fujitsu, Ferranti e CII, militar, pois de acordo com previsões somente da
que o software seria desenvolvido na PUC-RJ. únicas que apresentavam condições favoráveis às Marinha, apresentadas em carta ao GTE, aquela
Os recursos para este projeto proveriam de fun exigências brasileiras. Um representante da Ma corporação iria encomendar nos próximos 5
dos especiais. O projeto continua em desenvolvi rinha, os dois coordenadores do GTE e um dc anos, equipamentos e sistemas no valor de, apro- —
mento,.estando planejada sua conclusão para o seus engenheiros, c o Diretor Técnico da EE xtmadamente, 20 milhões de dólares.
compunham o grupo visitante.
ano de 1979. Adicionando-se receita proveniente de atividade
de manutenção e provisão de sobressalentes, a
A Equipamentos Eletrônicos, empresa nacional
operação econômica de uma divisão militar esta
A Seleção de Sócio Estrangeiro encarregada também da escolha do sócio estran
ria assegurada. Por outro lado, afirmava o Mini
geiro, apresenta em 21 de agosto de 1972, através
plan que a dúvida de conseguir efetiva transfe
O GTE prosseguia em seus trabalhos de selecio dc carta ao GTE, a solução Ferranti como a mai6
rência de tecnologia da parte da Fujitsu, estava,
nar a empresa estrangeira e especificar o compu adequada. Em 20/10/1972, um estudo do Esta
tador nacional. A seleção do sócio estrangeiro do-Maior do Ministério da Marinha analisa o nesta altura, dissipada, através de manifestações
por escrito daquela empresa estrangeira. Além
deveria ser feita atendendo, além do estabelecido problema c opta pela solução Ferranti. Em do mais, afirmava o Ministro que outros fatores
no protocolo entre GTE e EE, às seguintes dire 20/02/1973, o Ministro do Planejamento enca
aconselhavam o esquema conjunto Ferranti/Fu- *
trizes: minha aos Ministros da Marinha, Indústria e
jitsu, a saber:
Comércio e Fazenda um relatório assinado pelo
A — A empresa estrangeira não deve impor res Secretário Geral do Miniplan, pelo Secretário “ A — A política do Governo para evitar esten
trições á exportação; Geral Adjpnto do Miniplan, pelo presidente do der benefícios e atividades monopolistas que vi- |
BNDE e pelo representante do Miniplan e BNDE riam a ocorrer na escolha de uma só empresa.
B — A empresa estrangeira deve aceitar transfe no GTE, que justificava a solução Fujitsu. Em
rir sem reservas sua tecnologia dispondo-se, in 28 de fevereiro de 1973, o Ministro da Marinha B — A escolha da Fujitsu apresenta mais flexibi
clusive, a atualizar permanentemente o know- encaminha carta ao Ministro do Planejamento lidade no futuro por existir a possibilidade dc
how de que é possuidora; voltando a analisar a questão, apresentando uma transferência de tecnologia na área de grandes
série de argumentos em favor da solução Ferran computadores”
C — A empresa estrangeira não deve impor qual ti.
quer restrição à flexibilidade da empresa recepto A Solução Fujitsu e Ferranti
ra do know-how (a empresa nacional a ser cria Verifica-se, nesta altura, que a seleção da empre
da) em receber, solicitar ou negociar conheci sa estrangeira assumia características de ordem Assim, apresentava o Ministro do Planejam«11111
mentos técnicos de outras fontes de tecnologia; política, envolvendo Ministros de Estado. Se, a solução que, a seu ver, seria a mais adequai
por um lado, a Ferranti atendia a uma série de re ao atendimento dos interesses da área militai«
D — A empresa estrangeira deve estabelecer um quisitos de forma mais destacada, o mesmo civil.
tempo limite a partir do qual a empresa receptora acontecia com a Fujitsu, havendo para o atendi
passe a ser prioritária do k n o w - h o w transferido, mento de outras exigências, qualificações coinci “ A EDB constituirá com a EE duas di visões oF
sendo l h e ainda lacultado o direito de negociar dentes. racionais sendo uma denominada empresa “A