Page 34 - Telebrasil - Julho/Agosto 1979
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Surgiriam assim, nas Fragatas, os computadores As primeiras atividades do GTE voltavam-se pa D — que deveria ser buscado ímensamente o de
FM 1600 B. Já em 11 de maio do mesmo ano, a ra o estabelecimento de uma estratégia para uma senvolvimento da capacitação nacional de proje
Ferranti e a Equipamentos Eletrônicos (EE) indústria nacional de computação. Para tanto to, para melhor garantia de uma efetiva transfe
apresentavam proposta à Marinha denominada era necessário analisar complexos e variados as rência e fixação de tecnologia (hardware e softr
“ Plano Integrado para o Projeto do Computa pectos, tais como a capacidade de projetar, o ware deveriam merecer atenção semelhante).
dor Nacional e para o Apoio Local aos Sistemas mercado interno e externo, as diretrizes de trans-
Digitais Navais” , a qual passou a ser o primeiro ferência de tecnologia estabelecidas pelo Gover A Escolha da EE — Equipamentos Eletrônicos
documento objetivo com vistas à implantação de no, os problemas vinculados à absorção e fi
uma indústria capaz de atender a todos os setores xação de tecnologia, os recursos humanos, as
de aplicações e aos interesses do desenvolvimento indústrias de apoio, a indústria de componentes, Para o cumprimento das diretrizes A, B e C aci
ma, o GTE firma, em 17/03/1972, um protocolo
tecnológico do país. o estágio de desenvolvimento industrial e econô com a Equipamentos Eletrônicos S/A com o ob
mico do país, a viabilidade econômica e as ten jetivo de juntos selecionarem a tecnologia e o
O Plano Integrado reunia, em um único docu dências mundiais na área de computação, tanto sócio estrangeiro. A Equipamentos Eletrônicos
mento, propostas para a fabricação do computa referentes ao hardware como ao software. Se S/A (EE) foi escolhida atendendo ao disposto no
dor FM 1600 B sob licença, fornecimentos de riam levados em conta os negócios existentes e parágrafo primeiro do Contrato FUNTEC 111,
centros de simulação para a Marinha, prestação em andamento no Brasil, os compromissos assu firmado em 15/03/1971 entre o BNDE e a Dire
de serviços de manutenção, fornecimento de so midos, os centros de pesquisa e as indústrias já toria de Comunicações e Eletrônica da Marinha.
bressalentes, fornecimento de software e adestra em operação. Evidentemente, o GTE tinha dian
mento de pessoal para a fabricação e para a ma te de si um problema de extrema complexidade. "... A EE S/A foi selecionada por possuir quali
nutenção dos sistemas navais. Embora de expres
ficação técnica e demonstrar capacidade empre
sivo valor, esse estudo acabaria por não ser im
No período de 24 de janeiro a 26 de fevereiro de sarial além de ter seu controle acionário dividido
plementado por apresentar alguns aspectos con
1972, o representante do Miniplan e BNDE no entre 5 engenheiros diplomados no ITA (Institu
flitantes e por não atender a algumas necessida
Grupo de Trabalho Especial (GTE) realizou visi to Tecnológico de Aeronáutica) e com atividades
des da Marinha, que, convém ressaltar, não esta
tas ao exterior por entender a conveniência no campo da eletrônica por 16 anos...”'
vam até aquela época precisamente formuladas,
apesar de todos os trabalhos por ela desenvolvi-,
“ de uma ampliação de opções na solução do pro Possuía também a EE S/A alguma experiência
dos nos anos anteriores. Esta indefinição causou
grandes problemas e atrasos na consolidação blema de fabricar computadores digitais de con em transferência de tecnologia, adquirida nas ne
trole em tempo real no Brasil” . gociações que fizera com a SAGEM para a pro
das diretrizes referentes à indústria de computa
dução de máquina teleimpressora. A única res
dores.
Até então só st cogitara da proposta, anterior trição à escolha, que de resto não se dirigia espe-
mente mencionada, que a Ferranti e a Equipa cificamente àquela empresa, referia-se à fraca ca
Ficou, entretanto, semeada a idéia de fabricar o
mentos Eletrônicos (EE) submeteram à Mari pacidade financeira, a ser superada pela própria
FM 1600 B, que só alguns anos depois seria subs
nha, o “ Plano Integrado” . Já nesta época estava definição do Governo de fortalecer o empresário
tituída pela da fabricação do Argus 700 e poste
definida a diretriz de se buscar “ Transferência nacional com recursos, desde que destinados a
riormente pelo modelo da 400 Sycor.
Final de Tecnologia” e, nos contratos, a atividades de tecnologia de ponta e visando i
consolidação de grandes empreendimentos. A es
As Primeiras Tentativas do GTE
“independência para modificar, adaptar e desen colha da EE teve a aprovação dos Ministros da
Com a criação do GTE, cm 1971, foi firmado um volver a tecnologia transferida, sem necessidade Marinha e do Planejamento (4). 0 protocolo
contrato em 15/03/71 — o FUNTEC 111 — en dc autorização do vendedor original” . mencionado definia, após os necessários "conó-
deranda” , três cláusulas:
tre o GTE e o BNDE (através do FUNTEC), sen
do a Marinha a mutuária para a concessão dc co Outro ponto importante era a fixação da diretriz
laboração- financeira, na ordem dc Cr$ dc que a participação da empresa estrangeira no 1 — A primeira estabelecia a criação deumaetn*,
3.000.000,00, que poderiam ser suplementados capital votante dn empresa a ser criada para o de presa com capital votante de maioria nacional,
em função dos resultados obtidos. senvolvimento da atividade industrial teria que se com a seguinte composição: Empresa Nacional,
Empresa Estrangeira e o BNDE;
verificar cm caráter minoritário. Após u visita
Outros Cr$ 7.000.000,00 foram concedidos á realizada u várias empresas dos Estados Unidos e 2 — A segunda estabelecia ser a EE a empresa
Marinha, para o mesmo objetivo, por convénio Europa, as conclusões básicas foram as seguin
realizado entre aquele Ministério c o do Planeja tes: nacional que selecionaria, junto com o GTE, o
parceiro alienígena para preparar então, em con- a
mento, recursos estes que também poderiam ser
junto, o projeto da viabilidade econômica da no
suplementados.
“ que o empreendimento industrial dc fabricação va empresa; e
dc computadores clctcrônicos digitais no Brasil
A 8 de setembro dc 1971, c aprovado pelo Minis c
cru pcrfcitamcntc viável do ponto dc vista tec 3 — A terceira estabelecia os pré-requisitos a se
tro da Marinha o Regimento Interno do GTE, c
nológico, que seria melhor e mais plausível, in rem atendidos: aprovação dos Ministérios da
designados oficialmente os dois coordenadores,
clusive com maior probabilidade de sucesso a Marinha e Planejamento; aprovação da viabili
sendo um o representante do Ministério da Mari
longo prazo, a adoção da fórmula de joint- dade econômica pelo BNDE; transferência para
nha e o outro do BNDE e do Ministério do Pla
venture a empresa a ser criada das licenças, acorctos, etc,
nejamento. O coordenador representante da Ma
etc., relativos a sistemas digitais de interesse da
rinha vinha trabalhando no assunto desde 1966.
Dedicado ao exame das variáveis do problema e Marinha do Brasil em poder da EE; fixava o ca
Era o Comandante José Luís dos Guaranys Rego
após análise dc suas múltiplas interdependências, pital social inicial da nova empresa em CrS
que impulsionava este projeto e outros de apoio
o GTE consolidou as seguintes diretrizes: 15.000.000,00 a ser dividido igualmente cm três
á indústria nacional, idealizados pelos oficiais da
parcelas e a ser integralizado de acordo com o
Diretoria de Comunicações c Eletrônica da Mari projeto de viabilidade (a EE integralizaria a parte
nha. O coordenador representante do BNDE e A — que a produção de computadores deveria a ela correspondente com os recursos decorrentes
do Ministério do Planejamento viria dos quadros estar voltada inicialmente para o mercado inter
da reavaliação de seu ativo, em tramitação no
da Petrobrás. no;
COFIE); a criação de um Conselho Deliberativo
da nova empresa; a proibição á nova empresa dc
Somente em outubro de 1971 é que o GTE inicia B — que a atividade industrial deveria ser volta ceder direitos do capital votante a terceiros sem*
va oficialmente e de fato os seus trabalhos. da para a produção de minicomputadores, não
prévia concordância da Marinha e do BNDE.
só pela inexistência de forte competição no mer
cado interno neste segmento, como também pelo
Um Estudo da Marinha
menor volume de investimentos que seriam ne
(3) E E E q u i p a m e n t o s E l e t r ó n i c o s — E m p r e s a de c a p i t a l cessários com respeito à alternativa referente aos
n a c i o n a l h m d a d a p o r E n g e n h e i r o s d o I T A . grandes computadores; Em 03/04//1972 é realizado estudo pelo Estado-
Maior da Armada, onde foram apresentada
ações a.serem empreendidas pela Marinha rd*11'
( 4 ) ( ) M i n i s t r o d a M a r i n h a h a v i a d i r i g i d o a v i s o a o M i
n i s t r o d a l a / e n d a e m 2 3 / 1 1 / 1 9 7 1 h i s t o r i a n d o b r e v e C — que a atividade industrial deveria ser con vas ao projeto de desenvolvimento de um com
m e n t e a p a r t i c i p a ç ã o d a E E e m p r o j e t o s d a M a r i n h a cretizada através de empresa sob o controle de putador digital no Brasil e relativas ao apoio^
d e c l a r a n d o d o í n t e i e s s e n a c i o n a l n o d e s e n v o l v i m e n u capital nacional, em associação com empresa es sistemas de processamento de dados táticos
d a q u e l a e m p r e s a .
trangeira capaz de fornecer know-how; e vais. Este trabalho ressaltava com ênfase o ^ '