Page 36 - Telebrasil - Março/Abril 1976

MEIO SÉCUL 0
Ainda em 1909, foram instaladas,
no Amazonas as duas mais poten­
tes estações de rádio da América
do Sul, uma em Manaus e outra
em Porto Velho.
Estas estações, funcionaram re­
gularmente durante mais de 20
anos.
A partir de 1910, a radiotelegra-
fia entra em franco desenvolvi­
mento, tanto pelo Telégrafo Na­
cional, como pela Marinha de
Guerra.
Foram instaladas estações em
Fernando de Noronha, Olinda em
Pernambuco
Bahia.
A Marinha dotou todos os seus
navios de estações de rádio e,
também em diversas ilhas da Baía
de Guanabara.
Também o Loide Brasileiro ins­
talou o novo melhoramento em
todos os seus navios.
Em 1911 a Repartição Geral dos
Telégrafos concluiu as estações de
Cabo de São Tomé, Monte Serrat
e, no mesmo ano, por iniciativa do
Ministério do Interior foram mon­
tadas estações em Sena Madurei-
ra, Tarauacá, Rio Branco e Xapu­
ri, no Território do Acre.
Em 1912 entraram em serviço
as estações de Junção, no Rio
Grande do Sul e em Lagoa, perto
de Florianópolis.
Em 1913 surgem as primeiras
estações do Exército, nas forta­
lezas do Rio de Janeiro e em al­
guns departamentos militares.
Daí até o início da Primeira
Grande Guerra somente foram
construídas mais três estações,
em Ladário, Mato Grosso, em
Anhatomirim, Santa Catarina e na
Ilha do Governador, no Rio, todas
da Marinha.
Já depois de 1918, foram aber­
tas as estações de São Luiz do
Maranhão e de Natal e, em 1922,
foi concluída a estação do Arpoa-
dor no Rio de Janeiro.
Até bem pouco tempo estavam
em funcionamento as estações da
ECT e que agora estão sendo su­
bstituídas pelas novas estações
costeiras da EMBRATEL, as esta­
ções de Arpoador, Salinópolis,
Olinda e Junção que trabalhavam tribuirá o serviço radiotelegráfico
em ondas longas e curtas. As de internacional, do e para o Brasil,
Fortaleza, Amaralina, Vitória, San­ de modo que ao Governo caiba a
tos e Florianópolis operadas em respectiva íaxa terminal em vi-
ondas longas. As estações de São gor .
Luiz e Natal, também de ondas Isto se passava precisamente
longas, pela Marinha.
quando, em virtude do desenvol­
A LUTA PELO RÁDIO vimento do rádio, o telégrafo pelo
cabo submarino já no interessava
para novos investimentos, dado o
Depois da guerra de 1914, com
o desenvolvimento que então to­ seu alto custo inicial e a possi­
maram as comunicações radiote- bilidade de se realizar, por menor
legráficas, os países que entravam preço, as ligações pelo rádio.
em nova trégua — se trégua se Por feliz coincidência (!), já
pode chamar o interregno de 1918 possuía, a Western àquela época,
a 1939, durante o qual a prepa­ sua rede interior e internacional
ração para a guerra foi a preo­ de cabos submarinos no Brasil,
e Amaralina, na cupação absorvente das mais po­ com estações nas principais ci­
derosas nações — o rádio veio dades litorâneas, em funcionamen­
ocupar lugar destacado no campo
das telecomunicações. to havia muitos anos.
Em 10 de julho de 1917, isto é, O capital inicial, elevadíssimo,
ainda não terminada a primeira sem dúvida, já tivera diante de si,
guerra, foi baixado um decreto, o cerca de quarenta anos de amor­
de n.° 3 296 estabelecendo que o tização e depreciação. Por conse­
uso da radiotelegrafia no territó­ guinte, a lei de 1917 aparente­
mente assegurando ao Governo o
rio e nas águas territoriais brasi­
leiras era de exclusiva competên­ monopólio no serviço de rádio, na
cia do Governo Federal — com­ realidade apenas reforçou a posi­
preendido, no serviço radiotele- ção da Western: ante o elevado
gráfico, também o radiotelefônico custo do lançamento de novos
(Artigo 1.° parágrafo único do De­ cabos ao longo do litoral do Bra­
creto 3 296 de 1917). sil, para o serviço interior, nenhu­
Foi assim assegurado ao Te­ ma empresa se lançaria à aven­
tura para concorrer com os cabos
légrafo Nacional, o monopólio ofi­ já existentes da Western.
cial do serviço telegráfico e ra-
diotelegráflco interior no Brasil. Além disso, a taxa terminal pre­
Mas, na realidade, à Western vista no § 1.° do artigo 3.° do De­
creto 3 296 de 1917, veio tornar
pertencia o proveito desse mono­
pólio, pois só ela estava em con­ impossível a exploração do servi­
dições de preencher as deficiên­ ço radiotelegráfico internacional,
cias naturais do Telégrafo Nacio­ porque era proibitiva e impedia a
nal, bem como articular os servi­ concorrência comercial entre no­
ços deste com o exterior. vas empresas radiotelegráficas e a
já existente empresa de cabos
Foi além, o Decreto 3 296. Em submarinos — que estava isenta
seu artigo 3.° autorizou o Gover­ dessa taxa.
no a “ conceder permissões a ter­
ceiros, nacionais, sem privilégio Essa isenção, garantia ao cabo
algum, para instalar e trafegar uma submarino, ou melhor à Western
ou mais estações ultrapotentes em que já estava instalada, completa
tranqüilidade em relação à possí­
pontos apropriados do litoral, etc., vel concorrência do serviço radio­
com o fim exclusivo de estabele­ telegráfico internacional por ou­
cer comunicações inter-oceânicas tras empresas que teriam de pagar
e inter-territoriais, com estações taxa terminal onerosíssima.
congêneres em outros países.”
E o parágrafo 1.° desse artigo O PROGRESSO DO RÁDIO
estipulou:
Como se sabe, depois da pri­
“ Estas estações deverão ser liga­ meira guerra o impulso da comu­
das às do Telégrafo Nacional, por nicação radiotelegráfica foi ex­
cujo intermédio se coletará e dis- traordinário.