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Nada melhor organizado como guerrilha do que a FALN da Venezuela (Fuer-
zas Armadas de liberaciôn Nacional), que age no campo e na cidade (terror). Nada
conseguiu. São 4.000 combatentes tendo como Quartel-General a Universidade de
Caracas, uma espécie de Faculdade Nacional de Filosofia do Rio em ponto maior.
A sua técnica de ação é a mesma da Armée Secrète, que foi tão presente na
França durante a guerra argelina e que, mais de uma vez, tentou o assassínio de
De Gaulle. Pois a FALN não conseguiu impedir as eleições de outubro próximo pas
sado e, com elas,a continuação do mecanismo democrático na Venezuela. A FALN
é uma fôrça armada estudantil na sua maior fração.
Como referido, o mais bem sucedido caso de aplicação das duas táticas para
o mesmo fim é o de Cuba. O Movimento de 26 de Julho foi exclusivo de Castro du
rante alguns anos. Permanecia, mas era incapaz de qualquer ação militar impor
tante. De fato, Castro desembarcou em Cuba com 50 homens, em 1951, chegou a
ter 180 em abril de 1953, e, só em dezembro de 1958, 7 anos depois, quando o poder
foi tomado não por êle mas pela Frente Única, conseguiu aliciar 800 guerrilheiros,
que foi a tropa que entrou em Havana. Enquanto a figura de Castro crescia em le
genda, como um Robin Hood da Sierra Maestra, o Partido comunista de Cuba pros
seguiu se infiltrando no Govêrno de Batista, atolado até o pescoço em. corrupção
só comparável à que há presentemente no Brasil e de que o escândalo da Petrobrás
é pálida imagem.
Assim, a liderança estava com Castro mas o Poder se aproximava do Par
tido Comunista. A união dêsses elementos quase antagônicos só foi possível pelo
auxílio do Aparato Soviético, pelo esforço do Che Guevara.
Cumpre observar que o movimento da Sierra M aestra era revolucionário, mas
não comunista até 1957. Tornou-se comunista por conveniência da sobrevivência.
Guevara foi, como se disse, o traço de união e o técnico da fusão de interêsses.
A Embaixada Soviética possui olheiros para descobrir indivíduos não comu
nistas mas com qualidades de liderança sôbre a massa, que possam ser usados pelo
A parato no bom momento.
Indivíduos carismáticos como Goulart, Brizola e Arrais, regularmente igno
rantes dos bastidores do comunismo, são provàvelmente estudados e cobiçados pelo
A parato Soviético com mais interêsse do que o que possa despertar um “comunista
doente”, caso de Prestes. Hugo, Morena, e alguns outros. E’ mais importante para
a vitória comunista o esqwerdeiro, isto é, o sócio da esquerda comercial, como o cha
ma Guerreiro Ramos, do que o homem do Partido.
Voltemos ao caráter conspiratório e reduzido do Movimento Comunista. Os
técnicos de conflitos no Brasil, especialmente graduados na profissão, não ultrapas
sam 600 em número. Os mais bem preparados estudaram na Escola de Estudos La
tinos-Americanos de Praga, aberta em 1950 e que matricula 300 candidatos por ano,
entre latino-americanos e indivíduos da Cortina de Ferro.
Não tem sido fácil aliciar candidatos brasileiros, mas cêrca de 300 completa
ram estudos lá nos últimos 10 anos.
H avana tem lecionado tática revolucionária a cêrca de 1.300 latino-ameri
canos, dos quais mais de 300 brasileiros.
Tôda a massa conspiratória ativa em exercício no Brasil, de nível médio e
alto, não ultrapassa de trezentas pessoas mas já é o suficiente para criar o atual
desconforto, com o emprêgo das três técnicas descritas.
O Movimento Comunista pela agitação da massa operária, que é expendable,
isto é, usável e abusável, mera carne para canhão; e pela propaganda, procura apa
recer milhares de vêzes maior do que realmente é. O objetivo é ganhar o Poder
pela organização e no <<grito,,) como diz o carioca.
Cumpre observar que há dois grupos no Brasil pelo menos, que buscam, si
multâneamente, alcançar o Poder fora da Constituição. Seguem trilhas paralelas,
ajudam-se mútuamente mas guardam objetivos próprios: o Movimento Comunista
e o Movimento Continuísta.