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O  Movimento  Internacional  Comunista  é  policêntrico:  Moscou,  Pequim  e  Ha­


                       vana,  mas  a  orientação  é  de  Moscou,  embora  modificável  por  Pequim.  Todavia,  o


                       comunismo  sulamericano  nâo  é  totalmente  subserviente  à  direção  internacional.  Daí


                       a  sua  relativa  fraqueza  e  imperfeição.  O  personalismo  brasileiro,  por  exemplo,  tende


                       a  subdividir  a  tribo  comunista  que  acaba  com  muitos  tuchauas  e  com  poucos  índios.


                       O  mais  organizado  partido  comunista  da  América  do  Sul  é  o  Venezuelano.  Rcidy


                       chama  a  atenção  paia  uma  das  mais  importantes  características  do  comunismo  e


                       que  é  um  dos  seus  segredos  mais  escondidos:  o  comunismo  não  é  movimento  de


                       massa;  è  manobra  de  elite  revolucionária,  senhora  de  técnicas  de  conflitos.






                                         A  m assa  é  mero  recheio  da  manobra.  É  expendable,  isto  é,  destina-se  a  ser


                      usada  e  abusada,  desgastada  e  consumida.  As  perdas  da  massa  nos  movimentos  de


                      rua  são  altam ente  desejáveis  e  apreciadas  pela  elite  revolucionária  e  porque  contam


                      ponto  para  a  tom ada  do  Poder.




                                         O  que  interessa  ao  especialista  de  conflito  é  o  grupo-chave.  São  três  os


                      grupos-chaves  utilizados  na  América  Latina:  —  os  intelectuais  (professores,  escri­


                      tores,  artistas,  cientistas,  sociólogos,  jornalistas  e  políticos  egg-heads);  os  estudan­


                      tes  universitários  (UNE,  Faculdade  Nacional  de  Filosofia,  CACO  etc.)  e  os  sindica­


                      tos  (CGT,  PUA,  SINDEPBPRO,  Bancários,  Ferroviários,  Marítimos).






                                         Os  técnicos  de  conflito  infiltram-se  de  preferência  no  grupo  intelectual  e  no


                      estudantil  para  liderá-los  sub-repti ciam ente  a   propiciar-lhe  a  fórça  motora.  —  Ja­


                      mais  agem  ob-repticiamente.  A  função  do  sindicato  é  a  de  mera  alavanca  para  pa­


                      ralisar  a  atividade  social  pela  greve  política  principcUmente  no  setor  de  serviços


                      públicos.  Não  passa  de  m assa  de  desgaste.






                                         Mas  a  infiltração  mais  im portante  dos  técnicos  de  conflito  é  na  repartição-


                       chave,  com  especialidade  em  Brasília,  Rio,  Belo  Horizonte  e  Recife.  —  Entre  nós  a


                      tentativa  de  assalto  ao  Poder  começará  pelo  Rio,  cujo  Govêrno  deve  ser  inicialmcn-


                      te  deposto.  Daí  procurará  extender-se,  usando  a  alavanca  do  Sindipetro  de  outros

                      sindicatos.  —  Os  melhores  técnicos  de  conflito  no  Rio,  se  encontram  infiltrados,


                      sem  que  necessàriamente  pertençam   aos  seus  quadros,  na  Petrobrás,  Ministério  da



                      Fazenda,  Banco  do  Brasil  e  DCT.





                                         O  movimento  comunista  dos  campos,  entre  nós,  tem  importante  subalterna,  é


                      mera  manobra  digressiva.  O  ponto  focal  do  ataque  será  o  Rio,  que  é  o  Brasil  Po­


                      lítico  e  a  sede  do  Poder.










                                                                                      O  CARNAVAL  VERMELHO  DE  MARÇO






                                         Segundo  Reidy,  as  técnicas  comunistas  são  em  número  de  três  apenas:  a  frau­


                      de,  a  agitação  e  a  propaganda.





                                         Pelo  emprêgo  de  fraude,  o  comunista  "interfere  em  nome  da  não  interferên­


                      cia,  e  arrisca-se  à  guerra  em  nome  da  paz”.  O  que  o  comunista  afirm a  nada  tem  a


                      ver  com  o  que  êle  pretende  fazer:  —  essa  é  a  essência  técnica  da  fraude.  —  Não


                      cumpre  o  que  promete;  não  obedece  ao  que  contrata;  não  escreve  o  que  diz;  não


                       diz  o  que  escreve.  Mas,  em  qualquer  causa,  e  sempre  com  abundante  argumenta­


                       ção,  falseia  citações,  escolhe  excertos,  repete  intrigas  com  á  tenacidade  de  água


                      mole  em  pedra  dura.  Jamais  esquece,  mas  sabe  que  todo  o  mundo  esquece.






                                         O  objetivo  da  agitação  é  óbvio:  “instilar  confusão,  mêdo  e  sentimento  de


                      culpa  no  meio  do  povo  de  modo  a  criar  intolerável  ansiedade  coletiva  e  o  desejo  de


                      fugir  dela  a  qualquer  preço  'mesmo  ao  da  liberdade”.




                                         Também  serve  para  agravar  os  atritos  de  classes,  os  problemas  raciais  e


                      principalmente,  exacerbar  qualquer  justificada  insatisfação  popular.


                                         O  comunista,  pela  agitação,  coça  a  ferida  para  vê-la  sangrai*  impedindo



                      que  sare.





                                           A  mais  eficiente  aplicação  da  tática  de  agitação  é  a  criação  repetida,  na massa



                       empobrecida,  de  grandes  esperanças  enganosas  e  impossíveis,  de  modo  a  determinar


                       imensos  desapontamentos,  cóleras  coletivas,  sucessivas  e  súbitas.  A  fórça  desen­


                       cadeada  pela  cólera  é  encaminhada  para  a  deposição  da  autoridade.
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