Page 25 - Telebrasil - Abril/Maio de 1964
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Êste último encastela-se no próprio governo, que acredita que pode dominar
 o movimento paralelo, no momento azado e fruir, sozinho, a messe dos proventos.

         O grande público não distingue bem os dois objetivos. Por isso é que o Se­
nhor Bilac Pinto alertou o Governo de que pode ser apeado do Poder pelo seu colega
de conspiração, que é infinitam ente m ais bem organizado, ainda que reduzido em
núm ero.

          E stá acontecendo aqui no B rasil um pouco do que ocorreu em Cuba, em 1958.
E ’ a hora de surgir a presença “benéfica” do Aparato Soviético para fundir inte-
rêsses para tom ada do Poder no rumo que interessa à URSS.

                         O CONTINU1SMO PARASITA O COMUNISMO

         Ao planejam ento para a tom ada do Poder os comunistas denominam fórmula.
O princípio básico do pensamento comunista é identificar os grupos que podem
servir, ainda que rem otam ente, à causa dos objetivos da União Soviética; neles
infiltrar; dar-lhes a orientação conveniente e robustecê-los.

         O grupo do B rasil m ais poderoso é o do Executivo Federal — a Adminis
tração, adequadamente infiltrada de comunistas e orientada no rumo dos objetivos
soviéticos, embora numerosos elementos do Govêrno nisso não acreditem e nem se
dêem conta, imaginando que, com o auxílio da assessoria suspeita, possam alcançar
seus próprios objetivos e iludir os da União Soviética. Êsse arriscadíssimo jôgo é a
política conjuntural interna do Brasil.

         E n tre nós. os com unistas já firm aram , em amplos setores de opinião, o blo­
queio psicológico de boa p arte dos dirigentes. Êstes se convenceram que nada há
a fazer: ser já m uito tard e p a ra reagir, ser o comunismo fortíssim o e, ser afinal a
ideologia um tanto atraente.

         As táticas esquerdistas, efetivamente, impedem distinções entre nuanças. Só
exigem respostas em branco e préto; criam o médo em lugar da confiança no Oci­
dente; apresentam os comunistas como reformadores, quando, no fundo, são reacio­
nários; manipulam a duplicidade que lhes permeia toda a conduta.

         O que é brilhante no comunismo é a destreza e a habilidade da aplicação das
táticas operacionais. A d (ologia não tem a menor importância para os seus adeptos.
As operações psicológicas são eminentem ente am plificadoras do pequeno poder
político, por éle ora efetivam ente possuído.

         Por isso. o movimento comunista brasileiro detesta que se lhe reconheça a
essência, que a sua natureza seja eminentemente conspiratória assim como a enu­
meração das suas graves vulnerabilidades. São perigosos, mas não são poderosos.
Perigosos pela sua capacidade de fazer cristalizar em seu tôrno, a fauna continuista,
carreirista, esquerdista comercial e tóda a form a de aproveitadores do povo pelo
mecanismo do Estado recentemer.te crism adas pelo instrutor Darci Ribeiro sob o
nome de contemplados.

         Os contemplados do Executivo Federal são exatam ente o antipovo. Confun­
dem-se com os elementos do Govêrno de Ocupação, como os cham a o P rof. Gudin,
isto é, com os governantes sem qualquer ligação efetiva com o Brasil e com o bom
povo brasileiro, interessado apenas no meneio do Govêrno com fonte de renda pró­
pria não taxável. Só lhes interessa a segurança e a permanência da ocupação.

         Satisfeita essa condição, seus membros podem, livremente, tira r todo o p ar­
tido possível do Brasil e do povo brasileiro.

         Em resumo, há dois grupos próximos orientados para empolgar definitiva­
mente o Poder.

         De um lado, a m inoria organizada de cêrca de 600 conspiradores com unistas
profissionais em todo o Brasil, aplicando com inteligência as três táticas fundamen­
tais: a fraude; a propaganda p ara “vender” a fraude de iludir o povo sôbre a im-
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