Page 20 - Telebrasil - Abril/Maio de 1964
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d) Pobreza insanável de qualidades de liderança entre os latino-americanos
que torna difícil descobrir chefes mesmo entre os sim patizantes com unistas. —< Os
poucos descobertos têm manifestado imensurável tendência para promoverem o pró
prio bem m aterial, (a genius for promoting their ov>n w elfare) com prejuízo evi
dente para o fervor ideológico do movimento e seu êxito.
A recente acentuação da ação comunista na América Latina, na opinião de
Reidy, procura corrigir os erros do passado e leva em consideração êsses dois con
juntos de fatores e sinais contrários e mais os seguintes de natureza conjuntural
que favorecem a comunização:
a) Increm ento rapidíssimo da população (3,2% ao a n o );
b) Êxodo ru ral e invasão das cidades que crescem de população a razão de
6 e 7% ao ano, oferecendo o maior crescimento urbano do mundo;
c) F alta generalizada de serviços públicos, inclusive educacionais, irritando
a mocidade e ameaçando de desemprego.
Essa, desinformada da essência dos problemas, vai arquitetando esquemas sim
plistas de causas do mal estar social (influência estrangeira, crueldade dos afortu
nados, espoliação), tudo dando lugar a um movimento político de popiilismo radical,
hàbilmente conduzido pela demagogia carreirista como proveito político próprio.
d) Incrwel corrupção dos governantes que encobrem suas negociatas, inces-
santem ente atribuindo a terceiros os males da sociedade.
Do mesmo sopesamento dessas três categorias de fatores surgiu o Plano de
Ação de Moscou:
E xcitar a hipersensibilidade do sul-americano, principalmente da mocidade
estudantil para responsabilizar o estrangeiro (o americano) e o latifúndiário como
os causadores da situação.
Expulso um, e derrubado o outro, estará tudo resolvido. — Liquidado o poder
econômico o govêrno resolverá tudo.
Como a euforia econômica de 1945-1950 tivesse paralisado o movimento co
m unista nas Américas, parece a Moscou indispensável confundir a economia de hoje
com a desordem e a inflação, p ara que não se repita o que aconteceu há 15 anos
a trá s, fru stran d o então a vitória próxima do comunismo no Brasil e nas A m éricas.
A INCONFIDÊNCIA COMUNISTA
Continuamos neste artigo sob as luzes de Reidy em Strategy for the Américas.
— E nsina éle que o comunismo internacional é um movimento para a tom ada do
Poder baseado em organização exemplar e em boas táticas operacionais.
Funda-se na manipulação hábil das técnicas de conflito por revolucionários
profissionais, regularm ente treinados. Ê essencialmente um movimento de quadros
c jam ais um m ovimento de massa, contràriamente a que dêle se presume e o pró
prio comunismo procura inculcar.
O núm ero de comunistas, grande ou pequeno, não tem a m enor im portância.
A inda menor, o número de deputados que se dizem esquerdistas.
A tom ada do Poder resulta, essencialmente, de uma conspiração planejada
por revoluciotiários profissionais em número reduzido, jogando, pela propaganda in
teligente, com a fraude e a agitação e outras técnicas dc conflito lecionadas no Ins
titu to Lênine; as m assas de operários, de estudantes e de povo basbaque e, tam bém ,
altos ocupantes da Administração, deputados e senadores carreiristas.
O carioca diria qúe os comunistas pretendem tom ar o Poder “no g rito “ . Nada
há atrás do “grito”, senão aquilo que a confusão- e o mêdo cientificam ente prepa
rados são capazes dc criar.