Page 27 - Telebrasil - Abril/Maio de 1964
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O p lan o d e to m a d a do P o d e r te m com o o b je tiv o a fu sã o c o n stitu c io n a l, isto é,
a desfiguração da C arta M agna n a sua essencialidade, a se r obtida por incoercível
 coação calculada da associação sim biótica sôbre o povo brasileiro, utilizando as téc­
nicas de conflito e o poder adm inistrativo e m onetário.

          O povo, um a vez acuado, se decidirá por aceitar os princípios revolucionários
 im postos por u m a F rente Ünica e adotados pelo C ongresso quaisquer que éles sejam ,
contanto que se veja libertado da ansiedade coletiva em que a associação sim biótica
 o vem aprisionando nos últim os dois anos de crise in in terru p ta e concertada.

           A tática com unista da fraude consiste no caso em prom eter o m elhor dos m un­
dos desde que se instalem , por consentim ento do povo ou de seus representantes, os
 princípios novos que criarão um a república socialista no B rasil. A m udança se
ciaria assim pelo percurso do cam inho pacífico, com aquiescência, portanto, das
Forças A rm adas, porque não flagrantem ente inconstitucional.

          A agitação necessária à intim idação e coação será a dos sindicatos urbanos
de serviços públicos, principalm ente os do Rio, cu ja objetiva é criar um estado de
angústia para obrigar o povo a ceder e assim influir no restan te da população b ra­
sileira, de olhos voltados p a ra a G u an ab ara.

          A propaganda consiste em atrib u ir ao estrangeiro, ao proprietário urbano, ao
em presário rural, ao Congresso, aos líderes dem ocráticos todos os m ales sociais.
Êstes deverão desaparecer instantaneam ente com a fusão constitucional a ser im ­
p o sta pela F ren te Ünica.

          E ’ afcsolutam ente necessário p a ra a eficácia do plano que a aceitação das
profundas e cabais alterações constitucionais seja legal p ara que o E xército não ju l­
gue do seu dever intervir, o que faria p ara im pedir ilegalidade flag ra n te e violações
frontais à Constituição ju rad a.

          O golpe revolucionário acessório será m ero detalhe p a ra conseguir-se o sim
definitivo do povo. o seu consentim ento final p a ra que se proceda à alteração ca­
bal da nossa atual m aneira de viver. Poderá, o golpe revolucionário, consistir na
tom ada do Poder estadual no Rio. no assassin ato político ou no te rro r planejado, em
pequenas ações repetidas, ou aplicação de técnicas sem elhantes.

          A época da execução désse plano teoricam ente passou porque já perdida a
grande oportunidade do sítio m alogrado. P a ra as forças revolucionárias é indispen-
sáve1 um esforço derradeiro da associação sim biótica, cum pre o trabalho comum,
inteligente e árduo do parasito e do hospedeiro, an terio rm en te ao lançam ento oficial
das candidaturas presidenciais.

          Porque essas, um a vez lançadas, polarizarão a atenção do povo p ara os can­
didatos e os alentarão de esperanças novas, em intensidades capazes de re tira r in-
terêsses ao teatro da ação pretendida pelo grupo sim biótico com uno-continuísta.

          O prim eiro sem estre de 1964 c e rta m e n te re p re s e n ta a d e rra d e ira o p o rtu n id a d e
de tom ada pacifica do Poder por ésse grupo.

         Todavia, se o povo brasileiro com preender o plano, a te n ta r p a ra o reduzido
volume da conspiração tm enos de 1 000 com unistas e cérca de 2 a 3.000 co n tin u ístas
ativos) não se assu stará com a agitação, desprezará a propaganda am plificadora que
p ro cu rará m u ltip licar por 10 mil os n ú m ero s m o d esto s dos que in te g ra m a b e rn a rd a .

          Cum pre aird a que o povo perceba que a derrocada financeira que atinge o
povo brasileiro faz parte do plano revolucionário. O povo deve vencer êsses tem pos
difíceis, ganhar confiança em si m esm o, p a rtic ip a r m elhor da vida pública e da
prática, dem ocrática.

          Se assim fizerem ensejará condições de recuperação de um país form idável
com o o nosso, que. com a m a io r fa c ilid a d e te m “ se e rg u id o d a lona*’, o n d e p o r v ê z e s
cai para reviver e vencer tôdas as vêzes que o quis.

                               A F IN A L , O QLTE D E V E O P O V O F A Z E R ?

          E ssa é. de fato , a g ra n d e questão. — Q ue deve fa z e r o bom povo b ra sile iro
trabalhador, inteligente, alegre, sábio, leal, não revolucionário, p a ra co n tin u ar g a ­
nhando sua vida sem prejuízo da própria liberdade e da dignidade pessoal, am ea­
çadas por conspiradores de dois naipes e idêntico propósito?
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