Page 26 - Telebrasil - Abril/Maio de 1964
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portância do comunismo, apresentando-o falsam ente como m ovim ento d a m assa, e a
 agitação, destinada a instilar mêdo na alm a do povo para privá-lo de reação no ins­
 ta n te do golpe. A agitação objetiva o bloqueio ;psicológico da boa m a ssa b rasileira,
 já confusa pela propaganda.

          O Continuísmo é um movimento eminentem ente p arasita do com unism o. Sò-
 zinho nada conseguiria porque *carece organização. D escansa sôbre a cabeça de um
 homem e de seus assessores. Por isso, p arasita o comunismo p a ra beneficiar-se da
 organização dêsse movimento, ao mesmo tempo que o estim ula p a ra que sobreviva
 e possa ser parasitado.

          O objetivo do Continuísmo é a perm anência definitiva do G ovêm o de O cupa­
 ção, lavrando tranqüilo o espêsso canteiro de corrupção que se estende por tôda
 a m áquina o ficial. P erten cer hoje ao Executivo *é altam en te rem u n erad o r e lu crativ o .

          O objetivo de ambos os movimentos é a destruição da ordem dem ocrática e
 do princípio representativo. Estabelecido o regim e totalitário, o Continuísmo im a­
 gina estar em condições de destruir o comunismo e apresentar-se ao fim como sal­
 vador da P átria e da democracia.

          Mas se aí surgirem os elementos altam ente disciplinados do Partido p ara em­
 polgar o Poder (higly disciplined, well trained) o Continuísmo será destruído e p re­
 dominaria o comunismo.

          Assim, na hora do golpe, de que o Carnaval Vermelho de m arço espera ser
première, pode ocorrer luta entre o parasita e o hospedeiro, entre Fidel e Bias
 Rocas. P ara um instante dêsses é que cobre o Aparato Soviético, que prontam ente
 acenará com o líder para conjunção das correntes, o Che Guevara necessário (Leo­
nel Brizola, Miguelito A rrais ou Assis B rasil).

          Essa manobra é bem descrita em Strategy for the A m éricas. P ara evitar o
desenrolar eventual de m ovim entos dessa natureza, Kennedy, em 1961, acudiu com
um aviso prévio aos navegantes dêsse possível m ar vermelho. A firm a sim plesm ente
 “que não hesitará em fazer cum prir os seus deveres elem entares p ara com a segu­
rança dos Estados Unidos” .

          De outro lado, um bom continuísta nada tem a perder. Não se acha prêso ao
B rasil e ao seu povo por qualquer laço afetiv o . Sua fo rtu n a se encontra lá fora, /na
Union des Banques Suisses. N a eventualidade da derrota só tem que atrav essar a
fronteira e gosar a vida ao lado de Perón, de Jacob Arbenz, de B atista, de R ojas,
juntam ente com o séquito de fiéis a quem o Sr. Darci Ribeiro provàvelm ente cris­
 m ará de: Govêmo dos Contemplados no Exílio.

                                 A SIMBIOSE COMUNO-CONTINU1STA

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           %

          Anteriorm ente explicamos a associação simbiótica do continuísmo e do com u­
nismo no Brasil dos nossos dias. Nessa associação, o comunismo é o anim al hospe­
deiro e o continuísmo o parasito. A associação, o hospedeiro fornece os seguintes
elementos para o sucesso da vida em comum:

         a) organização e devotamento;
          b) técnicos de conflito;
         c) táticas de conquista do Poder;
         d) apoio externo no setor da guerra política e econômica;
         e) plano p ara a tom ada do Poder.

         O parasito, isto é, o grupo dos interêsses co n tin u ístas coopera p a ra a a s s o ­
ciação com os seguintes valiosos elementos:

         a) am pla base adm inistrativa com acesso e com autoridade aos últim os
rincões do País;

         b) comando m onetário e creditício capaz de desregular todo o funciona­
mento do sistem a de livre emprêsa;

       c) sistem a de comunicação;
         d) recursos financeiros e de favores pessoais infindáveis oriundos das com­

panhias do Estado, principalm ente da P etrobrás.
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