Page 5 - Telebrasil - Setembro/Outubro de 1963
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lhante intervenção de seus ilustres re­       J á tive. Me tom aram enquanto eu fui alí
presentantes, com a acumulada de azar         na te rra do G rah an Bell. Mas, oh depu­
                                              tado! se você quiser falar grosso, em pres­
daquele veto de Celso, que foi um chute       to a você um a tribuna, sólida como as co­
na cuia de leite. Teria telefones não fôra    lunas de Hércules. São Paulo, que é São
a bravura dos ardorosos vereadores da­        Paulo, que é um país, vai te r 300 mil
quele tempo: alguns novatos; outros vita-     telefones na Capital. Mandou ás favas o
licios. A charam desaforo que a Cia to ­
masse o empréstimo, diretam ente dos in ­     nacionalismo jacobino dos demagogos.
teressados. No en tan to , o vereador Leo­          Sistem a-auto financiam ento. Preço —
poldo G arcia Brandão vendeu o telefone
dèle por 500 contos. G erardo R enault        400 contos, o quanto valem hoje os trin ta
com prou o telefone da Ferrobel por 400       contos que teríam os pago, naquele tempo.
contos. Nilson Gontijo, que não comprou       E os interessados estão fazendo fila com
nem vendeu, votou contra o preço u n itá­     o dinheiro na mão para se tornarem acio­
rio de trin ta contos, porque a Cia. previa   nistas e receber o falante. A Cia. recebe
variação cambial. O Nilson pensou que         o dinheiro do candidato porque não tem
                                              condições de obter um financiam ento m a­
seria possível congelar a taxa de câmbio      ciço de bilhões.E qual o negócio que aguen­

internacional.                                ta juro bancário de 4% ao mês? Por isso,
     Foi nésse clima que se derrotou o auto-  Eugênio, m ande você tam bém às urtigas
                                              quanta “Bei” lhe anda enchendo a ca­
financiam ento, que já deu telefone a 200
                                              beça, que isso só serve p ara bagunça de
municípios do Brasil, enquanto vivemos        empreguismo e pelegada que só pensa em
aqui de chapéu na mão para um telefo­
nema de favor. A menos que se tope o          necessidade fisiológicas.
Joãozinho da Galeria Goiás e outros mais           Tome um rumo, Eugênio. Ou você é
que não põem o aparelho bem à mostra
e cobram dez mil réis na hora. A gente        logo pelo estatism o total, com foice, m a r­
fala e vai saindo sem os salam aleques
convencionais do “faz favor” e do “muito      telo e paredon, ou é pela livre emprêsa.
obrigado”.                                    Não h á solução in term ed iária e n tre os
                                              dois caminhos. Neutralismo, terceira for­
     Um parênteses. Eugênio. Não devo n a ­
da a Cia. Telefónica. Não tenho telefone.     ça, isto é fraqueza de panos quentes. Ideo­
                                              logicamente, o meio nao é a virtude — é

                                              covardia.

PRECISAMOS SABER PARA ONDE ESTAMOS CAM IN H AN D O (Nota 1)

     Em outros países do Mundo, é cha­        seria, certam ente, um grande passo n a ­
mado, muito adequadam ente, de socialis­      quela abominável direção o ato de cobrir
mo ou de comunismo o regime político          o país com corporações centralizadas e
no qual a propriedade, a operação dos ne­     controladas pelo Govêrno Federal, do tipo
gócios e o controle dos meios de produ­       da TVA, com poderes de su b stitu ir e eli­
ção e sua distribuição são atribuídos ao      m inar os direitos dos Estados da União
Govêrno.                                      (Nota 2).

     Aqui, neste país, tal condição é apeli­       A história revela e os economistas de
dada de regime de “em prêsa pública”, ou,     escol e os estudiosos das form as de Go­
ainda, de “organização estatal”. Os mais      vêrno sadio afirm am e provam que ne­
entusiasmados dos promotores dêsse sis­       nhum país pode m anter-se como Nação
tema econômico ficariam, todavia, ressen­
tidos se fossem cham ados de socialistas ou   livre se o sistem a da livre iniciativa fôr
com unistas.                                  solapado e destruído, quer no regim e do
                                              “pouco-a-^ouco”, ou violentam ente, por
     Neste país, o poder investido nas cor­   um a revolução.
porações governamentais de caráter in ­
dustrial ou de comércio, ou em monopó­              Nenhuma organização da livre em prê­
lios estatais, tem sido, geralm ente, usado   sa, que é regulada por leis e que paga
até agora com brandura e benevolência.        pesados impostos e tributos de tôda espé­
Todavia, êsse poder, quando arrebatado        cie, pode sobreviver tendo pela frente,
por uma máquina política egoista e agres­     competindo, corporações estatais que ex­
siva pode ser usado despoticamente.
                                              plorem o mesmo negócio, se tais corpora­
     As corporações do Govêrno e os mo­       ções não forem reguladas e pagarem ta ­
nopólios estatais foram os instrum entos      xas nas mesmas bases impostas à inicia­
empregados pela União Soviética para          tiva privada.
consolidar seu poder e para arregim en­
                                                    Nem as indústrias estatais, nem os ne­
ta r o povo e forçar suas idéias sôbre êle.    gócios operados pelo Estado, nem ta m ­
Se nós quiséssemos êsse tipo de Govêrno       pouco os cartéis criados pelo Govêrno po­
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