Page 3 - Telebrasil - Setembro/Outubro de 1963

TELEFONES, AINDA
Correio do Povo — Pórto Alegre — 29-8-63
Quase estaríamos desistindo de escre­
ver mais sóbre telefones. Para que fazê-lo?
Não chega a parecer algo como m asoquis­
mo, pois tanto se bate num a tecla de que,
por ora, as notas são sempre de decepção e
desencanto? O que se ouve de clam ores, de
irritações e de revolta contra o estado de
coisas observado em m atéria de com unica­
ções telefónicas é sempre igual, há dez
anos como ontem, há quinze anos como
anteontem , há cinco anos como há cinco
m inutos.
Para que, entretanto, não se fale so­
mente em decepções e aborrecimentos, ci­
tem -se alguns dados que, remotamente,
embora nos tragam algumas esperanças.
Se outros souberam resolver seus proble­
mas de telecomunicações por que nós h a ­
veremos de ser condenados a não resolver
os mesmos problemas?
Vejamos logo a Itália. Em 1962-63, a
Itália investiu 90 bilhões de liras em m e­
lhoram entos e ampliações telefónicas. Isto,
traduzido em cruzeiros as cotacões atuais,
an d a n a ordem dos Cr$ 120.000 000.000,00!
Viram bem? Três vézes o orçamento in ­
teiro do Estado do Rio G rande do S u l!.. .
Quantos telefones teremos, os gaú­
chos? Não o sabemos precisam ente. Mas
deve ser da ordem de 40.000 aparelhos.
Pois bem, a Itália instalou, em 1962,
308.000 novos aparelhos ! O Brasil deve
ter, hoje, algo como 1.100.000 aparelhos te ­
lefónicos. Se continuar o ritm o de cres­
cim ento observado em 1962, a Itália terá,
COMISSÃO PARA ESTUDAR ORGANIZAÇÃO DA (EMBRATEL)
O Diário Oficial, Seção I, Parte I, do
dia 4 de setembro do corrente ano, pu­
blica à página 7667 o seguinte decreto:
DECRETO N.° 52.444 de 3 de setembro
de 1963
Constitui comissão para estudar e
propor a criação e organização da
Emprêsa Brasileira de Telecomu­
nicações (EMBRATEL)
O Presidente da República, usando
da atribuição que lhe confere o art. 87,
item I, da Constituição, e tendo em ^is-
ta o que dispõe o art. 42 da Lei n.°
4.117, de 27 de agosto de 1962, decreta:
em quatro anos, instalado mais aparelhos
novos, que todos os existentes no Brasil !
Há várias entidades que tratam dos
problemavS telefônicos italianos, explora­
dos m ediante concessão. Não se conhe­
cem, entre nós, os princípios fundam en­
tais seguidos por essas organizações. Mas
seria im portante examiná-los. Porque,
afinal de contas, o povo tem o direito
de saber o que pretendem fazer das
suas necessidades, que rumos vão dar
aos seus problemas, que solução preten­
dem oferecer às suas angústias. Há m ilha­
res, dezenas de m ilhares de pessoas que
esperam seu telefone, que o reclamam,
que dèle têm urgência, no lar, no local de
trabalho, no hospital, no vilarejo do in te­
rior, na granja, onde quer que seja. Não
estão pedindo telefones a título gracioso.
Querem pagá-lo, naturalm ente. Mas não
h á form a. Os telefones não chegam . As
lutas se arrastam . Os demagogos prom e­
tem tudo para nada fazerem . Os que
combatem os demagogos, tam bém não
chegam a um resultado...
Mas seria muito difícil pedir a um
italiano que viesse ensinar aos gaúchos a
arte de resolver seus problemas telefô­
nicos?
NOTA DA REDAÇÃO — P asm em os
demagogos: — Na Itá lia , os 4.235.215 t e ­
lefones existentes no dia l.° de janeiro
de 1962 eram , e o são hoje, operados pela
iniciativa privada, sob tarifas adequadas.
Art. l.° — Fica constituída, junto à
Presidência da República e com o fim
de estudar e propor a criação e organi­
zação da entidade autônoma de que
trata o art. 42 da Lei n.° 4.117 de 27
de agosto de 1962, uma Comissão inte­
grada das pessoas a seguir indicadas:
Coronel A. Adhemar Scaffa de Aze­
vedo Falcão (Presidente)
Ten. Cel. José Antônio de Alencas-
tro e Silva
Ten. Cel. Dagoberto Rodrigues
Dr. Durval Vieira Calazans
Dr. Raymundo de Araújo Castro
Filho
o•A