Page 9 - Telebrasil - Abril/Maio 1962
P. 9

tencente a uma esfera superior de respon       xna empresa que construiu quatro quin­
Habilidade, c a política de telecomunica -     tas partes do que existe de serviço te­
                                               lefônico neste país. Um fato básico é
ções.                                          que não tem sentido desmembrar os ser
                                               viços de um Estado quando se trata e
       Essa política tem um objetivo e uma     de integrar e articular. Assim se dei^
filosofia e se harmoniza com todos os in­      montaria o que^ já foi organizado. A 2U
teresses legítimos porque está subordinada     de fevereiro dêste agitado ano de 1961, a
aos imperativos da segurança nacional. Es      CTB já tinha instalados mais de 800 mil-
ta reclama um sistema de telecomunica -        telefones, operando em quatro Estados
ções integrado, realmente nacional, porque     em que serve a mais de 400 municípios.
não pode consentir mais, nas presentes cir     Quase 1.700 localidades estão ligadas ao
cunstáncias, que este país continue sendo      sistema que atinge a mais 366 localida­
um arquipélago de regiões geo-econômicas       des via rádio. Isto sem falar nas comu
estanques e isoladas. • Tudo o que foi fei_    nicações para o exterior. Se cada Es­
to ou reivindicado fora desta concepção e      tado diretamente afetado intervém na sua
desta realidade, por mais brilhante e apa      área de concessão, teríamos necessidade
rentemente correta que seja a argumenta­       de uma reunião de emergencia de gover­
ção, nada tem a v e r com o legítimo, p er­    nadores com as injunçõea dos respectivos
manente e perene interesse nacional. E ,       localismos, regionalismos e eleitoralismos.
portanto, nos é lesivo como naçao, coleti -    P or que não partir logo do Conselho de
vamente, e como usuários, individualmente.     Segurança Nacional ?

       Muitos anos deverão passar até que o           Parece evidente que a intervenção f e
eixo das telecomunicações nacionais seja       deral, independentemente das boas rela -
deslocado do Rio para B rasília. D esse pon    ções político-partidárias ou não do gover
to-de-vista, podemos d izer que Brasília e     nador com o prim eiro-m inistro, contem^
a capital de jure, mas o Rio continuara        pia o problema na sua inteireza e aôre
sendo, e por longo tempo, a capital de fa­     o caminho para uma solução positiva pa_
to. No Brasil, ninguém fala com ninguém,       ra a Guanabara que ainda é e continua­
a nãn ser por intermédio do Rio de jHneí_      rá sendo o centro nacional de telecomu­
ro. Esta que se trava, agora, não pode         nicações."
ser, portanto, uma discussão entre o Go­
vernador Lacerda e o primeiro-ministro         AINDA A ENCAMPAÇÃO DA C .T .N .
Tancredo Neves. Não se trata, assim ,          PELO GOVÊRNO GAÚCHO
da autonomia de um dado Estado da União,
mas de todos os Estados e, em síntese,da             " A desapropriação dos bens da emprê
autonomia nacional. Arrastá-la para a es       sa que explorava o serviço telefônico no
treiteza lo calista é sair da *realidade, não  Rio Grande do Sul deu lugar a equívocos
chega a ser política porque se revela sim      que estão confundindo a opinião pública e
pies eleitoralismo.                            que por isso precisam de ser escla reci­
                                               dos.
       Ninguém nega a evidência do gritante
déficit nos serviços telefônicos. O impor­            O fato de o Governador do Estado te r
tante, agora, e saber como superá-lo de        competência constitucional ou legal para a
maneira tecnicamente viável, financeiramen     prática de determinado ato não quer dizer
te exequível e em perfeita adequação aos        que o ato praticado seja conveniente e o-
ditames da segurança nacional. A melhor         portuno.
fórm ula, será inaceitável se não se harmo
nizar com esta última condição e ela im ­              Da mesma form a, ha uma grande dis
plica num sistema integrado com base e          tancia entre a expedição do decreto que
centro no Rio. Assim sendo, a que vem           declara certos bens de necessidade ou uti
o arrazoado inesperadamente esquerdista do      lidade pública, para efeito de desapropria^
Governador Lacerda contra os acionistas         ção, e a transferência dêsses bens para a
norte-americanos e canadenses da C .T .B .e     posse da autoridade pública, sem o paga­
a dramati ca, tão dramática quão desneces­      mento ou deposito prévio da indenização,
sária, advertência de que o governo guana       justa e em dinheiro, correspondente ao va
barino não recebera ordens de uma com­           lô r dos referidos bens.
panhia colocada sob intervenção federal e,
ela assim, recebendo ordens de um b ri­                 A aludida desapropriação, se bem que
lhante oficial general do Exército B rasilei     ordenada por autoridade competente, foi in
 ro, sob um comando conectado diretamente        coveniente e inoportuna, como é fácil de­
 com o sistema constitucional da segurança       m onstrar.
 nacional ?
                                                         O Tesouro gaúcho, como ocorre com
        Ê_ conveniente lembrar, nesta altura,    os dos demais Estados da Federação, não
 que nao constitui crim e ser norte-am érica     dispõe dos recursos necessários para a-
 no ou canadense e muito menos m erece
 hostilidade quem investiu, sua poupança nu-
   4   5   6   7   8   9   10   11   12   13   14