Page 10 - Telebrasil - Abril/Maio 1962
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tender aos encargos corrente de sua admi­       ços públicos que poderiam continuar a^scr
    nistração e ao custeio das obras públicas       executados satisfatoriamente por empresas
    e outros melhoramentos reclamados pelo          privadas, se atendidas as justas pretensões
    seu desenvolvimento.                            de obtenção de um contrato-concessao com
                                                    as garantias mínimas indispensáveis a boa
          Os impostos e demais rendas auferi­       execução do serviço e sem embargo da
   das pelo Estado sao, em sua quase totali         mais severa fiscalização, o governador ga^
   dade, absorvidos pelo pagamento do funcio        úcho causou im duplo prejuizo aos seus
    nalismo e despesas improdutivas.                co-estaduanos.

          O saldo que resta da receita é irrisó^           Em primeiro lugar, vai ser obrigado
   rio para atender aos investimentos exigi­        a aplicar no pagamento da indenização e
   dos para que aquela unidade federativa pos       no custeio do serviço verbas que pode -
   sa acompanhar a luta em que a Nação es^          riam ser utilizadas na execução de algu­
   ta empenhada para vencer o subdesenvol­          mas das obras ou melhoramentos existen
   vimento.                                         tes para o progresso do Estado. Por ou
                                                    tro lado, sujeitará o povo a pagar por um
          P or isso, vão-se acumulando os défi­     mao serviço telefônico tarifa mais eleva­
   cits orçamentários e o Rio Grande do Sul         da do que aquela que bastaria para man­
   tem apelado fartamente para a ajuda fe­          ter um bom serviço executado por empre
   deral e de organismos internacionais, a          sa particular, provava que tem aido a In­
   fim de obter os financiamentos imprescin         capacidade da União dos Estados e dos Mu
   díveis à execução das obras públicas e           nicípios para gerir a grande maioria dos
   demais melhoramentos acima referidos.            serviços públicos."

          Aliás, o que se diz desse Estado apli     GOVÊRNO AINDA NAO SABE SE VAI SER
   ca-se, na atual conjuntura, a todo o Brasil,     ESTATAL O SISTEMA DE TELECOMUNI­
   mesmo nas regiões mais prósperas.                CAÇÕES

          Consequentemente, qualquer parcela que          " Com o decreto expedido ante-ontem,
   a Administração estadual desvie dos recur       estendendo a intervenção a quantas empre
   sos orçamentários ou de suas possíveis          sas concessionárias de serviços telefônicos
   fontes de financiamentos, para aplicar na       estejam na iminência de encampação na es
  desapropriação de serviços públicos, que         fera estadual, o Prim eiro-M inistro Tancre
   estão sendo executados por capitais priva­      do Neves deu apenas mais um passo — o
  dos, constitue um ato inconveniente e les^       segundo — no caminho que levará o Go­
  vo dos interesses do povo gaúcho.                verno da República a fixar e pôr em exe
                                                   cuçáo um plano nacional de telecomunica­
         Consequentemente, o Governo só deve­      ções, em cujo centro, alem de considera-
  ria in tervir na execução de serviços pú­
  blicos, custeados por capitais privados, se                                                                                                    *+
  nao houvesse outro meio de obter que di­
  tos serviços fôssem executados a conten­         çoes de ordem doutrinaria ou técnica, se
  to pela empresa concessionária.                  encontra e domina a preocupação da segu
                                                   rança.
         Ora, é notório que no caso dos servi
  ços telefônicos sulinos, o Estado, alem de               O Presidente do Conselho de Minis -
 não regularizar a concessão (pois nenhum          tros reafirmou, ontem, pouco antes de se
                                                   guir para Brasília, o proposito firm e de
 ra permissionaria em que vivia a empre            aproveitar a oportunidade aberta na Guana
 sa) de modo a possibilitar a ela a obten          bara para dar solução definitiva a um pro
 ção dos recursos para a ampliação dos             blema sério, que se aguçou com a mudan
 respectivos serviços, negava-se a atuali -        ça da Capital da Republica em 1960. Ob
 zar as tarifas, como se impunha para aten         serva êle que em determinadas circuns -
 der às consequências da inflação.                 tãncias, desde que se transferiu a Capital
                                                  para Brasília, governa efetivamente o País,
        Vai suceder agora, fatalmente, com o      para efeito estratégico, quem tiver nas
 serviço telefônico o mesmo que aconteceu         mãos o sistema de telecomunicações. Na
com o fornecimento de luz e energia elé­          Guanabara se fazem oitenta por cento das
trica. Ha algum tempo o Governador Bri            comunicações estaduais e cem por cento
zola desapropriou os bens da empresa con          das internacionais. O Govêrno partirá,
cessionária da eletricidade, sob idênticas        entretanto, daqui para a estrutura de um
alegações e pouco depois triplicou o cus­         sistema orgânico, abarcando tódas as em-
to do serviço.                                    prêsas concessionárias em outros Estados,
                                                  assim como suas subsidiárias.
       SÓ os ingênuos deixar-se-ão enganar
pelas consequências dessas desapropria -                 Partirá do marco zero, pois em m a-
ções demagógicas. Estatizando os servi­
                                                         0 qp j

                                                  teria de telecomunicações nada existia ate
                                                  aqui, que desse, da parte do poder públi­
                                                  co federal, um sinal de sua consciência
                                                  diante da gravidade do problema.
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