Page 11 - Telebrasil - Abril/Maio 1962
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O sr. Tancredo Nevea esclarece, flo­      o governo da Guanabara provavelmeijte te­
  rem, que não se trata de um plano de ea         ria tido razões para agir dessa forma. E
 tatização das telecomunicações, como se         xaminando, a seguir a intervenção na CTH,
 tem adiantado a propósito dos primeiros         decretada pelo Conselho de Ministros, o pre
 atos governamentais. Ate agora, o Gover         feito declarou acolher as razões de segu­
 no Federal nada fez alem de intervir, no        rança nacional e de ordem geral apresen
 momento preciso, para evitar que o Gover        tadas. "
 no da Guanabara entrasse na posse da C.
 T . B. carioca. A intervenção, estendida        CORÇÃO E SUAS "VARIAÇÕES EM TÔRNO
 em tese a outras empresas em todo o             DE UM T E M A " ~ TELEFONES
 País, nao modificou a natureza da compa­
 nhia concessionária nem o regim e dos seus                    Diz Gustavo Corção em "Estado
 serviços.                                       de São Paulo", edição de 12-4-1962:

        Submetida a intervenção a dúvidas de       " Dizem uns que o governador da Guana
 natureza constitucional, o Gabinete não re ­      bara foi compelido a encampar a CompiT
 cuará do seu plano e dos seus propósitos,         nhia Telefônica porque essa empresa ea~
 ainda que o Supremo Tribunal Federal.no           tava em negociações com o da União; di­
 que nao acredita o Prim eiro-M inistro, ve        zem outros que a Companhia Telefônica
nha a dar razao aos que suscitam essas             procura o regaço federal para se defen­
dúvidas. Nesta hipótese, o Governo F e ­          der das ameaças estaduais de encampa -
deral, acatando a decisão do Judiciário, -        ção; alegam alguns pessimistas que ago­
suspendera imediatamente a intervenção            ra o governo federal decretou a interven
mas, também imediatamente iniciara o pro          ção da Companhia para atender às negcT
cesso de desapropriação das empresas, to          ciatas escusas em que estão envolvidos
mando-as, então, dos concessionários es           parentes dos chefes do governo, enquanto
trangeiros e aos governos estaduais que           outros, menos pessimistas, interpretam a
as hajam encampado.                               intervenção como uma sábia medida de ae
                                                  gurança nacional. Não sei com rigorosa
       Tera sido dado, neste caso, o te rc e i­   exatidão qual e a verdadeira versão. Sei
ro passo, para a constituição de um s is ­        apenas, mas isto sei com robusta certe -
tema nacional unificado de telecomunica­          za, em que todas essas combinações, ar-
ções. Mas, ainda a3sim, não se tratará            ranjos e permutações, quem sai infalivel­
de um sistema estatal. T erá havido ape           mente prejudicado é o público, o público
nas duas coisas importantes: a nacionali­         que só em linguagem de c irco é conside
zação e a federalização do sistema. O             rado respeitado. Sim, amigo, somos noB,
Governo decidira depois se as empresas            nos assinantes atuais e potenciais, nós con
integrantes de tal sistema serão estatais,        tribuintes, nós usuários, as vítim as de tcP
de economia mista ou confiadas à inicia-          das as transcendentes manobras políticas
                                                  e econômicas em torno dos telefones.
        particular.
                                                         Enquanto as cúpulas se digladiam en
       Eis o esclarecimento ouvido ontem do       vocando razões políticas, civis e m ilita -
Primeiro-Ministro Tancredo Neves. "               res, ficam esquecidos os 200.000 telefô -
                                                  nes pedidos, fica esquecido o público, o
PRESTES MAIA E A IN T ERVENÇÃO NA                 P°vo-_ E gastam -se na compra por inde
COMPANHIA TELEFONICA 3R ASILEI RA                 nizaçao dos telefones que estão funcionan
                                                  do os dinheiros que deveriam s e r v ir pa~
           Publica a "Folha de São Paulo'; em     ra instalar os novos.
sua edição de 12 de abril último^ o se­
guinte:                                                  Sera bom abituarmo - nos a ideia de
                                                  que e d esp rezível e supérfluo o serviço
Nao se cogita de encampação dos te                telefônico. Quem sabe se não são êles
                                                  que tem razao, e nao este desalentado es
lefones em São Paulo, declarou ontem",            criba ? V ai v e r que o telefone, o gran
                                                  de invento de Graham B ell, já teve sua
na palestra que faz habitualmente às*             epoca e passou. F o i uma invenção pró­
                                                  pria da mentalidade burguesa da c iv iliz a ­
quartas-feiras, pela televisão, o prefeito        ção individualista. Querem a prova dis­
                                                  to ? Consideremos os convincentes alga­
Prestes Maia, esclarecendo que a d e fic i­       rism os : nos Estados Unidos, país bem re
                                                  presentativo do passado, há 44 telefones
ência dos serviços da CTB se deve ao              por cada cem habitantes, enquanto na Uni
                                                   ao Soviética, pais indiscutivelmente expres
fato de estar essa Companhia trabalhan             sivo do grande momento histórico apregõ
                                                   ado pelos profetas do Brave New VforkT
do sem contrato há muito tempo.  ~                 (em russo), há somente 1 e m eio a 2 te

       Referindo-se à encampação efetuada
na Guanabara, o prefeito tachou-a de pre
cipitada e inoportuna, considerando-se ha
ver ela sido feita às vésperas da via~
gem do presidente João Goulart aos Es
tados Unidos. Ressalvou, entretanto.quê
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