Page 14 - Telebrasil - Maio/Junho 2003
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U n b u n d l i n g








             repercute no modelo





            A denominação unbundling, bizarra, que significa desagregar, traduz um
            problema universal que surge ao trocar um monopólio pela competição. No
             Brasil, o tema começa a esquentar, num momento da prorrogação das
            concessões e do questionamento sobre a manutenção da concorrência no setor.


                   João Carlos Pinheiro da Fonseca


                    leitura do modelo brasileiro
            A       das  telecomunicações,  por

                    ocasião da privatização, foi
            apregoada  como  sendo  baseada  no
            regime  econômico  da  concorrência,
            que baixaria  o  preço  dos  serviços  e
            estimularia a inovação.
               Um óigão regulador, a Anatei, man­
            teria o modelo,  com atores praticando
            a concorrência e evitaria -  no que fosse
            possível, frente ao movimento mundial
            de fusões e aquisições -  o monopólio
            privado, a concorrência predatória e a
            concentração econômica.
               Nos  Serviços  Móvel  Pessoal  -
            SMP -  e Móvel Celular -  SMC -, o
            modelo da concorrência minou para
            ter até quatro operadoras por área. A
            dados  de  março  de  2003,  os grupos   a posição  das incumbents,  as  opera­  “tarifa  cobrada”  bastante  desigual
            Vivo, Telecom Américas e TIM domi­  doras que adquiriram os ativos do an­  entre os que utilizam as modalidades
            navam, respectivamente, 49%, 18%e   tigo  Sistema Telebrás.      da telefonia, pré-paga e fixa.
             15% ou 82% dos acessos móveis, se­  Na modalidade da telefonia local,   O fenômeno da supremacia das in­
            guidos pelo Opportunity (8%), Tele-   a GVT detém 4,1% dos acessos, fren­  cumbents, na modalidade da telefonia
            mar/Oi (4%), Bell/Safra (5%), Algar   te a Brasil Telecom e a Vésper (1,3%   local, não acontece somente aqui. Nos
            (0,9%), Sercomtel e Vésper.     e 2,5%), em relação a Telefônica e a   EUA, a penetração média das CLECs,
               No Serviço de Telefonia Fixa Co­  Telemar.  Na  modalidade  de  Longa   empresas novas que querem competir,
            mutado -  STFC -,  com quatro  con­  Distância,  a  Intelig  detém  cerca  de   com  as  ILECS,  as  que já estão  ins­
            cessões e  14 autorizações outorgadas   18% do mercado, frente à Embratel.  taladas, é de  12%.
            pela Anatei, o regime da concorrência   Há  o  argumento  que  a  telefonia   Na base do fenômeno mundial da
            não  alcançou tamanho  sucesso.  As   celular,  pré-paga,  seria  a verdadeira   unbundling,  reside  o  fato  que  as
            empresas-espelho  -   autorizadas  a   competidora da telefonia fixa. Outros   ILECS,  que  herdaram a  infra-estru­
            operar na mesma área de atuação das   desmentem tal  afirmação  por consi­  tura essencial -  em telecomunicações
            concessionárias -  sequer arranharam  derarem a relação “tempo de uso” e  esta é a rede de acesso ao cliente, clia-
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